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Ministros assinam Acordo de Cooperação Técnica visando à proteção de mulheres em situação de violência
“Infelizmente os números ainda são assustadores. Mas nós estamos trabalhando, é objetivo desse governo combater a violência contra a mulher”, afirma a ministra.
Para a titular do MMFDH, é inaceitável o alto índice de feminicídios, a exemplo dos dados referentes aos dois primeiros meses deste ano. “Todos os dias os noticiários estão recheados de casos que ilustram famílias destroçadas por companheiros que não entendem o fim de um relacionamento, ou que abusam da certeza da impunidade. Basta. Isso tem que mudar”.
Durante o evento, a ministra ressaltou, ainda, a importância da transversalidade das ações a serem implementadas. “Não adianta termos as tornozeleiras se o serviço de atendimento e acolhimento à mulher não está funcionando. Nós vamos ter que rever e fortalecer a rede de proteção à mulher”, completa.
Vínculos
Na solenidade, Damares enfatizou que a política de proteção à mulher vai envolver ações voltadas aos pais, filhos, irmãos e também ao companheiro que agride.
“Mais de 50% das mulheres reatam com o agressor, e quando elas não reatam, ele vai constituir outra família e repetir o ciclo de violência. Nós vamos ter um olhar para ele também, para além da punição”, disse a ministra.
Desafio
Ao fim da solenidade, a gestora lançou um desafio para todos os segmentos que compõem a nossa sociedade, especialmente as lideranças religiosas.
“Sejam os principais agentes de proteção. Ajudem a vítima, acolham, aconselhem. Abram as portas das igrejas. Eu também falo para os sacerdotes, já chega de a mulher chegar na igreja com o olho roxo, e o líder espiritual apenas orar por ela e mandá-la perdoar o agressor e voltar para casa. As igrejas terão que ser agentes nessa luta”, convida.
Justiça
Na ocasião, o ministro Moro destacou que um Plano de Trabalho será desenvolvido no âmbito do Acordo. Ele ressaltou, ainda, que dispositivos eletrônicos – como a tornozeleira eletrônica e o botão do pânico – devem ser usados para coibir a violência doméstica.
“Também disseminar a utilização do chamado botão do pânico, seja através de aplicativo celular ou dispositivo eletrônico, para que a mulher também possa ser avisada da proximidade do agressor à sua residência ou lugar onde se encontre, e poder comunicar as forças de segurança”, afirmou.
Propostas
O Acordo tem o objetivo de mobilizar as unidades, agentes e serviços de ambos os ministérios em ações de atendimento e proteção. A medida visa, ainda, fomentar o tratamento dos agressores que estejam no sistema prisional, monitorados eletronicamente (por tornozeleiras eletrônicas) ou em cumprimento de penas alternativas.
Ações
Sobre as políticas públicas desenvolvidas, a ministra Damares Alves ressalta que o órgão possui em sua estrutura a Secretaria Nacional de Políticas para Mulheres (SNPM) e o Ligue 180 (Central de Atendimento à Mulher).
“É absurdo o número de mulheres que enfrentam violências, maus-tratos, torturas psicológicas e físicas, entre outras desumanidades. Por isso o Ligue 180 é tão importante. Por meio de ligação gratuita ou do aplicativo Proteja Brasil, as denúncias podem ser realizadas e encaminhadas aos órgãos competentes”, explica.
Cronograma
Os ministérios terão 30 dias para assinar o Plano de Trabalho que detalhará as metas, cronograma e atribuições de responsabilidade de cada órgão e instituições parceiras. O início da coleta de dados pelo Ministério da Justiça e Segurança Pública deverá ocorrer no prazo de até 15 dias, a contar da publicação do documento. O Acordo de Cooperação Técnica terá duração de 24 meses.
Números
Canal de denúncias oferecido pelo Ministério da Mulher, da Família e dos Direitos Humanos (MMFDH), o Ligue 180 (Central de Atendimento à Mulher) recebeu 17.836 denúncias até o último dia 26, um aumento de cerca de 36,85% em relação ao mesmo período do ano anterior. Os números – referentes a janeiro e fevereiro – são alusivos a casos como cárcere privado, feminicídio, trabalho escravo, tráfico de mulheres e violências física, moral, obstétrica e sexual.
“O Ligue 180 representa o compromisso do Governo Federal com as políticas públicas de combate à violência contra a mulher. No que tange às ações específicas, o ministério também está empenhado em mudar realidades. Nesta gestão, todas nós temos voz e seremos ouvidas”, afirma a ministra Damares Alves.
O canal gratuito funciona 24 horas por dia, todos os dias da semana, no Brasil e em outros 16 países: Argentina, Bélgica, Espanha, EUA (São Francisco e Boston), França, Guiana Francesa, Holanda, Inglaterra, Itália, Luxemburgo, Noruega, Paraguai, Portugal, Suíça, Uruguai e Venezuela.
O serviço também pode ser acionado por meio do aplicativo Proteja Brasil. Além de registrar denúncias de violações contra mulheres, encaminhá-las aos órgãos competentes e realizar seu monitoramento, o Ligue 180 também dissemina informações sobre direitos da mulher, amparo legal e a rede de atendimento e acolhimento.
Campanha
Durante a cerimônia de assinatura do Acordo, em Brasília, também foi lançada a campanha #SalveUmaMulher. Com o objetivo de enfrentar a violência contra o público feminino, as ações visam conscientizar para a responsabilidade de todos na promoção dos direitos, em especial os profissionais que lidam com mulheres todos os dias, como os do campo da beleza.
“A campanha contará com profissionais da área da beleza, que poderão orientar suas clientes, considerando essa relação que muitas vezes é de confiança. Todos os casos de agressões devem ser denunciados. Por isso precisamos estar unidos nesse objetivo”, afirmou a ministra Damares Alves.
A ação é inspirada no projeto "Mãos Empenhadas Contra a Violência", implantado no Mato Grosso do Sul.