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Encontro: MDH defende união contra a intolerância religiosa
A defesa do Estado laico, a garantia do direito à liberdade de culto e o enfrentamento à intolerância religiosa são elementos centrais no Estado democrático de Direito. Esses foram temas centrais da reunião que aconteceu durante toda a tarde de terça-feira (23), no auditório da Legião da Boa Vontade (LBV), onde representantes de várias matizes religiosas colocaram suas preocupações nesse momento de intolerância pelo qual atravessa o país.
A reunião deu-se também por ocasião do Dia Distrital de Combate à Intolerância Religiosa, comemorado em 25 de outubro, e aconteceu por meio da Assessoria de Direitos Humanos e Diversidade Religiosa da Secretaria Nacional de Cidadania (SNC) do Ministério dos Direitos Humanos (MDH), em parceria com o Templo da Boa Vontade, a Iniciativa das Religiões Unbidads (URI) e o Comitê Distrital de Diversidade religiosa (CDDR).
Representando o ministro Gustavo Rocha, o secretário Nacional de Cidadania do MDH, Herbert Barros, avaliou que o encontro acontece também no marco de datas importantes como os 70 anos da Declaração Universal dos Direitos Humanos, que é fruto do esforço de vários países após a 2ª Guerra Mundial e que defende o respeito à peculiaridade dos povos. Também marca os 30 anos da Constituição Federal e a Agenda 2030 para o Desenvolvimento Sustentável, da ONU, que busca fortalecer a paz universal com mais liberdade.
“Ninguém deve ser deixado para trás. O papel do estado é no sentido de que todas as religiões possam se desenvolver, garantindo a todas o direito de realizarem seus cultos e rituais. O estado deve criar um ambiente seguro para evitar ações de intolerância e de violência, algo quer já deveríamos ter superado. Dados do Disque Direitos Humanos demonstram um número significativo de registros de intolerância, de forma destacada contra as religiões de matriz africana. Ao constatarmos esses fatos e verificarmos um contexto de polarização e tensionamentos no Brasil e fora dele, entendo que é o momento de darmos as mãos para superar violência, contando com relevante parceria das organizações e lideranças religiosas”, disse o secretário.
GT - No “Encontro Intergeracional pelo Respeito à Diversidade Religiosa”, foi criado um Grupo de Trabalho para a capacitação de agentes públicos para fazer visitas em escolas, aldeias indígenas igrejas e escolas. A Diretora de Promoção e Educação em Direitos Humanos, Juciara Rodrigues, defendeu a criação do colegiado e citou a religião no seu sentido pleno, “como religação entre as pessoas”.
Alertas - Vera Orphão, da Comunhão Espírita, alertou que naquele mesmo dia atendera dois jovens na Comunhão, um deles pensando em suicídio e outro pensando em matar alguém. “Estamos vivendo um momento de tensão, precisamos de mecanismos para a proteção dessas pessoas. Nos preocupa a laicidade do Estado”, disse.
Medo - Adna Santos de Araújo, conhecida como Mãe Baiana, lidera um centro de candomblé entre o Lago Norte e o Paranoá e relatou o medo das pessoas em se exporem neste momento de intolerância. Contou que Brasília tem 330 terreiros por eles mapeados, só no seu miolo. “Mas o medo faz com que eles não tenham placa. Cem deles preferem nem ter nomes nas listas de telefones pelo receio da violência”, relatou.
O chefe de gabinete da Secretaria de Promoção da Igualdade Racial do MDH, Diego Moreno, lembrou a importância da educação para o ensino do respeito à diversidade. “Todos querem ser respeitados, não tolerados”, disse. Segundo dados do MDH, são as religiões de matriz africana as que sofrem maior discriminação.
Campanha - Também presente à reunião, Glaucia Cristina da Silva, delegada da Delegacia Especializada de Repressão aos Crimes por Discriminação Racial, Religiosa ou por Orientação Sexual ou Contra a Pessoa Idosa ou com Deficiência (Decrin), disse que existem poucas notificações de ocorrências nas delegacias diante de tantas discriminações . “É preciso campanha para incentivar os registros”, sugeriu.
Participaram da reunião no auditório da LBV representantes das seguintes entidades, além das já citadas: Grupo de Estudos de Religiões Afro-brasileira (UNB) – Centro Cultural Oré (Cecoré/UFU); Comunidade Bahá í; liderança indígena; Comitê Nacional de Respeito à Diversidade Religiosa (CNRDR);Santo Daime; Associação dos Ateus do DF; Embaixada dos Estados Unidos; Comitê Distrital de Diversidade Religiosa (CDDR);Fundação Cultural Palmares; Matriz Africana; Religião de Deus; Comissão Especial de Psicologia e religiosidade (CEPR); Casa de Oxumaré; Iniciativa das Religiões Unidas (URI); Assembleia de Deus Aliança de Negras e negros Evangélicos do brasil (ANNEB); Instituto Oca do sol; Conselho do Ensino religioso (DF); Brahma Kumaris; Centro Eclético da Fluente Luz Universal.