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COOPERAÇÃO BRASIL-CHINA
Brasil e China celebram 50 anos de parceria fortalecendo a agricultura familiar e promovendo inovação tecnológica
Foto: Albino Oliveira - Ascom/MDA
Nesta quarta-feira (27/11), o ministro do Desenvolvimento Agrário e Agricultura Familiar (MDA), Paulo Teixeira, participou da cerimônia de lançamento das atividades do Centro Brasil-China de Pesquisa, Desenvolvimento e Promoção de Tecnologia e Mecanização para a Agricultura Familiar, realizada na Universidade de Brasília (UnB). O evento, que contou com a presença de representantes do governo brasileiro, do governo chinês, da academia e de movimentos sociais, marcou um importante passo na cooperação entre os dois países para fortalecer a agricultura familiar e promover soluções tecnológicas e sustentáveis para o campo.
Em sua fala, o ministro Paulo Teixeira destacou a relevância de 50 anos da parceria com a China, enfatizando os desafios compartilhados pelos dois países no campo agrícola. "A China, que também tem uma estrutura agrária baseada em pequenas propriedades, nos inspira em várias frentes. Nosso desafio é fortalecer os pilares da produção de alimentos saudáveis, da reforma agrária, das compras públicas e da assistência técnica. As trocas que estamos realizando com a China, especialmente no intercâmbio de tecnologia e mecanização, são fundamentais para transformar a agricultura familiar brasileira", afirmou.
O ministro pontuou que a mecanização agrícola é um dos principais gargalos da agricultura familiar no Brasil, com apenas 18% de mecanização no setor. "Nosso objetivo é chegar a 66% de mecanização até 2033. A China tem muito a nos ensinar, com sua diversidade de máquinas agrícolas. Essa parceria é uma oportunidade de atrair indústrias e tecnologias chinesas para o Brasil, gerando emprego e inovação no país", explicou.
Pesquisa para a agricultura e formação profissional
Para o ministro da Educação da China, Huai Jinpeng, hoje foi dia de celebrar o resultado de 50 anos de parceria e cooperação entre Brasil e China. “Trabalhamos juntos para um futuro mais justo e um planeta mais sustentável. Esses projetos vão ajudar a reduzir a pobreza, valorizar a educação científica e fomentar o crescimento e o desenvolvimento econômico dos dois países”, afirmou.
Ele destacou que esse é um passo importante para colocar em prática uma ação concreta que vai integrar a pesquisa científica ao desenvolvimento industrial e formar novos talentos, o que vai trazer mais resultados tecnológicos e novos modelos de cooperação entre os dois países. “Esperamos que esses projetos possam servir de integração entre a indústria, a pesquisa para a agricultura e a formação de profissionais qualificados para que continuemos a trabalhar juntos pelos próximos 50 anos”, concluiu.
Agroecologia e mecanização
O evento contou com a apresentação do Laboratório Vivo de Agroecologia Familiar Digital, um sistema baseado em Big Data para agricultura familiar. A iniciativa, fruto de uma parceria entre o MDA e a UnB, recebeu um investimento de R$ 175 mil e visa integrar soluções digitais no fortalecimento da agroecologia e da mecanização.
A reitora da UnB, Rozana Reigota Naves, ressaltou a importância da ciência como motor de transformação social. "É uma honra sediar o Centro Brasil-China, especialmente no ano em que celebramos 50 anos de relações diplomáticas entre os dois países. Essa parceria demonstra que a ciência é um patrimônio coletivo e um compromisso que transcende fronteiras, movido pela curiosidade e pela resiliência", disse a reitora.
Além do laboratório, o evento incluiu a visita a máquinas agrícolas chinesas e discussões no âmbito do Fórum Brasil-China para o Desenvolvimento Compartilhado.
Intercâmbio acadêmico e o fortalecimento de políticas públicas
Para João Pedro Stédile, representante do Movimento dos Trabalhadores Rurais Sem Terra (MST), a cooperação internacional é vital para enfrentar os desafios da agricultura familiar. "Superar a pobreza no campo, produzir alimentos e preservar a natureza exige a união de conhecimentos acumulados pela humanidade. Esse projeto é um exemplo do que podemos construir juntos" declarou.
Além de avanços tecnológicos, o Centro Brasil-China busca a promoção de intercâmbios acadêmicos e o fortalecimento de políticas públicas voltadas para o campo. A parceria inclui a Universidade Agrícola da China (CAU) e prevê programas de residência científica, intercâmbio de estudantes e pesquisadores, além do desenvolvimento de sistemas integrados de manejo agroecossistêmico.
Ao final, Paulo Teixeira enfatizou o papel transformador da tecnologia no enfrentamento dos desafios climáticos, econômicos e sociais. "Precisamos reter a juventude no campo com educação e tecnologia. Só assim enfrentaremos os extremos climáticos e promoveremos um desenvolvimento sustentável. Este convênio Brasil-China reforça nossa visão de assistência técnica moderna e comprometida com a transformação da agricultura familiar", concluiu.