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PROJETO BARAÚNAS DOS SERTÕES
Projeto Baraúnas dos Sertões: Inovação e inclusão na assistência técnica e extensão rural
Ana Paula Ferreira - coordenadora de campo do Projeto Foto: Ayana Carneiro
Assim como a resistente árvore Baraúna, símbolo da força e adaptabilidade do semiárido brasileiro, o Projeto Baraúnas dos Sertões carrega a marca da resiliência e da relevância regional. Com o apoio do Ministério do Desenvolvimento Agrário e Agricultura Familiar (MDA) e em parceria com a Universidade Federal Rural de Pernambuco (UFRPE) e a Rede ATER Nordeste, o projeto surge como resposta inovadora às necessidades específicas da região.
Com abordagem inclusiva e transformadora, dialogando com a assistência técnica e extensão rural no país, o Projeto pretende capacitar mulheres e jovens em temas cruciais, que vão além do extensionismo rural e assistência técnica, como o feminismo, agroecologia e antirracismo.
Ana Paula Ferreira, coordenadora de campo do Projeto Baraúnas dos Sertões, explica o propósito transformador da iniciativa: “Queremos revolucionar a forma como a assistência técnica e extensão rural é oferecida, desafiando práticas convencionais que muitas vezes excluem mulheres e jovens, além de lidarem com questões de racismo. Nosso objetivo é construir uma ‘outra terra’, mais inclusiva e igualitária.”
Maria Beatriz Barbosa Pereira, estudante de Engenharia Florestal e bolsista do projeto, compartilha sua experiência com entusiasmo: “Sou pernambucana do Sertão de Moxotó e minha conexão com o rural vem da minha identidade e formação acadêmica. O Projeto Baraúnas é muito significativo para mim, pois trabalha com agroecologia e diversificação, áreas que amo profundamente, especialmente por minha ligação com o Sertão.”
Reunindo mulheres das águas, do campo e das florestas, o Projeto Baraúnas dos Sertões não só busca transformar a assistência técnica no semiárido, como pretende servir de modelo inspirador para outras regiões e iniciativas, promovendo inclusão e equidade no campo.
Ângela Souza Santos, bolsista territorial do projeto, destaca o impacto positivo em sua comunidade. “Sou da comunidade tradicional de Fundo de Pasto, Jatobá Beira Rio, e minha trajetória é marcada por minha participação ativa em movimentos sociais e minha experiência em agricultura e pesca. O Baraúnas trouxe novas perspectivas para nossa comunidade, fortalecendo a assistência técnica e ampliando nossas oportunidades de crescimento.”
O projeto é uma inovação recente, fruto de um Termo de Execução Descentralizada (TED) entre o MDA, por meio do Departamento de Assistência Técnica e Extensão Rural (DATER) e a Universidade Federal Rural de Pernambuco (UFRPE).
"O Projeto Baraúnas faz parte da estratégia da MDA de incidir na formação de extensionistas e agentes de ATER para que tenhamos o salto necessário na qualidade dos serviços que chegam até os agricultores e agricultoras familiares. Esta parceria entre o MDA e UFRPE em torno do Baraúnas tem proporcionado a construção de conhecimentos, o intercâmbio de saberes e práticas, a produção de metodologias, a oferta de curso de especialização e extensão, tudo isto com abordagens contextualizadas no semiárido brasileiro para uma ATER agroecológica e que faça enfrentamento a todas as formas de opressão, discriminação e violências nos territórios", explica Regilane Fernandes, Coordenadora-Geral de Formação, Construção do Conhecimento e Fomento à ATER, do Departamento de Assistência Técnica e Extensão Rural.
O curso
O Projeto Baraúnas oferece dois cursos principais: um de especialização para graduados e outro de extensão para aqueles sem graduação. Com uma meta ambiciosa de formar 300 pessoas em cada etapa, os cursos serão híbridos, combinando aulas presenciais e online, para assegurar a acessibilidade. O público-alvo inclui agricultores familiares, povos e comunidades tradicionais, técnicos e técnicas, com aproximadamente 80% das vagas destinadas a mulheres e 60% a jovens.
Aula inaugural
A aula inaugural do curso “Especialização e Extensão Baraúnas dos Sertões” aconteceu no último dia 13/9, na UFRPE, em Recife, e marca um momento histórico, com o início de um novo capítulo para a assistência técnica e extensão rural no Brasil, pois é a primeira vez que agricultoras participam como alunas na instituição.
O evento contou com a presença de professores, representantes do MDA, da EMATER-RN e outras entidades e destacou a importância da assistência técnica e extensão rural para a convivência com o semiárido.
O curso faz parte do Projeto Baraúnas, que envolve mais de 2.000 pessoas dos nove estados do Nordeste, reunindo uma organização de inclusão de agricultores, agricultoras e jovens na formação acadêmica.