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ASSISTÊNCIA TÉCNICA E EXTENSÃO RURAL
2º Encontro Nacional de ATER: Construindo pontes para o futuro da agricultura familiar
Foto: Carlos Lopes/ASCOM MDA
O 2º Encontro Nacional sobre Formação de Extensionistas e Agentes de Assistência Técnica e Extensão Rural (ATER), realizado nos dias 7 e 8 de agosto, em Brasília, encerrou com um sentimento coletivo de missão cumprida e de expectativas renovadas. Promovido pelo Ministério do Desenvolvimento Agrário e Agricultura Familiar (MDA), o evento reuniu lideranças de todo o Brasil para discutir diretrizes que vão definir o futuro da assistência técnica e extensão rural para a agricultura familiar.
Compromisso com a qualidade da ATER
Durante dois dias, o encontro serviu como um espaço para o intercâmbio de experiências e o debate acerca de um Marco de Referência e de um Plano Nacional de Formação de Extensionistas e Agentes de ATER. Regilane Fernandes, coordenadora-Geral de Formação, Construção do Conhecimento e Fomento à Ater do MDA, destacou a qualidade dos debates realizados no evento: “Foram dois dias muito intensos. Estávamos aqui cumprindo uma agenda que é uma prioridade do ministro Paulo Teixeira. A qualidade da assistência técnica e da extensão rural depende, fundamentalmente, do preparo e da qualidade da formação dos extensionistas e agentes que atuam diretamente com os agricultores familiares", afirmou.
Regilane enfatizou que a participação ativa de diversas instituições, como as universidades, a Embrapa, a Anater, organismos internacionais como a Deutsche Gesellschaft für Internationale Zusammenarbeit (GIZ), outros Ministérios e representantes de movimentos sociais, foi crucial para a construção de uma inteligência coletiva que irá fortalecer a ATER no Brasil. “Tivemos uma inteligência coletiva muito apurada, contribuindo para pensar estratégias que garantam processos de formação de extensionistas, de desenvolvimento de tecnologias sociais e de construção de saberes agroecológicos junto à agricultura familiar”, completou.
Ela também falou sobre o avanço significativo desde o primeiro encontro, que se concentrou no intercâmbio de experiências, até este segundo, que já esboçou um percurso metodológico claro para a construção do Marco de Referência e do Plano Nacional de Formação em ATER. “Saio daqui com a sensação de que fizemos uma construção extremamente importante. Aqui vimos o engajamento e o reconhecimento do papel de atores estratégicos como a Anater, a Embrapa, a Rede Asbraer, a Faser, as universidades e movimentos/organizações sociais, que junto com o governo federal e os governos estaduais podem gerar impactos para uma agricultura familiar fortalecida, capaz de produzir mais alimentos saudáveis e promover segurança e soberania alimentar para o povo brasileiro. A expectativa é que haja um desdobramento de diálogos estaduais, regionais e outros eventos nacionais, onde possamos consolidar essas entregas”, afirmou Regilane, reforçando o compromisso do MDA em seguir apoiando as redes de ofertantes e os movimentos sociais para a ampliação do acesso da agricultura familiar às políticas de ATER.
Esperança na nova geração
O evento também foi um reconhecimento do papel das universidades na qualificação dos serviços de ATER. Vinícius Pessindo Albianco, representante da Universidade Federal do Pampa (Unipampa), destacou a importância da participação acadêmica na construção de políticas públicas mais inclusivas e eficazes. “Uma novidade dos últimos anos é a maior participação das universidades nesse processo. Este evento, que reuniu prestadores de extensão rural, governo e universidades, mostra essa pluralidade de forças na construção das propostas”, comentou Vinícius.
Ele ressaltou que, além de gerar conhecimento e inovação, as universidades têm a responsabilidade de colaborar na formação de agentes de extensão rural preparados para enfrentar desafios complexos, como segurança alimentar, mudanças climáticas e preservação ambiental. “A formação de agentes de extensão rural que possam colaborar com esses desafios foi um dos focos deste encontro. Não queremos um serviço de extensão rural que apenas difunda tecnologia. Queremos um serviço público de extensão rural que promova o conhecimento em conjunto com os agricultores”, enfatizou.
Entre os participantes, a presença da juventude foi marcante, trazendo novas perspectivas e energias para o futuro da ATER. Maria Beatriz Pereira, estudante de Engenharia Florestal da Universidade Federal de Pernambuco (UFPE), representou essa nova geração de profissionais comprometidos com o campo. “O que me interessou nessa área é que a ATER dialoga bastante com a agroecologia, um tema que eu gosto muito. Além disso, envolve o rural, que é algo que também me interessa bastante”, disse Maria Beatriz.
Ela destacou a importância de integrar tecnologia e conhecimento acadêmico ao saber popular dos agricultores, garantindo que a juventude se sinta motivada a permanecer e prosperar no campo. “Isso possibilita manter as pessoas no campo, facilitando o trabalho delas e ajudando a juventude a se fixar no campo. É algo crucial para garantir que elas permaneçam em suas comunidades”, afirmou, ressaltando a importância das políticas públicas voltadas para a juventude rural e o fortalecimento das mulheres no campo.
Legado e os próximos passos
O 2º Encontro Nacional sobre Formação de Extensionistas e Agentes de ATER faz convergência com a construção de um Sistema Unificado de Assistência Técnica e Extensão Rural (SUATER), que vai integrar universidades, instituições de pesquisa, movimentos sociais e governo em uma colaboração contínua e eficaz. A partir deste evento, o MDA espera não apenas publicar o Marco de Referência e o Plano Nacional de Formação de Extensionistas até 2025, mas implementar ações e processos que consolidem essas diretrizes em todo o território nacional.
“Estamos construindo um futuro onde o conhecimento é compartilhado e o saber popular é valorizado. Uma ATER que não apenas difunde tecnologia, mas que promove o conhecimento em conjunto com os agricultores”, concluiu Vinícius Albianco, resumindo o espírito colaborativo que permeou todo o encontro.
O evento celebrou as conquistas até aqui e traçou um caminho promissor para o fortalecimento da agricultura familiar no Brasil, com a certeza de que a formação qualificada, a inovação tecnológica e o protagonismo da juventude serão os pilares de um campo mais justo, produtivo e sustentável.