Transição agroecológica é tema do segundo dia de debates do Seminário Nacional de ATER

A estruturação da Política Nacional de Assistência Técnica e Extensão Rural para a Agricultura Familiar e Reforma Agrária (PNATER) foi um dos temas centrais do segundo dia do Seminário Nacional de Assistência Técnica e Extensão Rural (ATER). A proposta foi apresentada pelo diretor do Departamento de Assistência Técnica e Extensão Rural (DATER), Marenilson Batista, e prevê a formação de novos agentes para a transição agroecológica, visando a mudança dos manejos no sistema de produção para a prática da agricultura com princípios e tecnologias de base ecológica.

Segundo Marenilson Batista, atualmente a principal barreira para essa mudança está na dificuldade do repasse de conhecimento. "Precisamos que as tecnologias e os conhecimentos reunidos com a execução de cada projeto sejam sistematizados, pois dessa forma teremos a condição de capacitar agentes em transição agroecológica. Somente com esse repasse de conhecimento e tecnologias iremos conseguir fazer essa transição agroecológica", explicou o diretor do DATER.

A agroecologia busca a sustentabilidade agrícola, com base nos princípios ecológicos fundamentais, e engloba estudos e manejo de ecossistemas produtivos e conservacionistas. Integrando questões ambientais, sociais e econômicas, o modelo cria sistemas agrícolas socialmente justos e economicamente viáveis.

Dentre as mudanças propostas para a reestruturação da PNATER, destacam-se a realização de atividades de formação de agentes para acesso às linhas do Programa Nacional de Fortalecimento da Agricultura Familiar (PRONAF), o atendimento mínimo de 30% de famílias cadastradas, além da sistematização de tecnologias sociais e de conhecimento agroecológicos. A previsão é de que cada projeto tenha um investimento de até R$ 250 mil reais, que serão empregados aos beneficiários do edital.

O SEMINÁRIO

Realizado pelo Ministério do Desenvolvimento Agrário e Agricultura Familiar (MDA), o Seminário Nacional de Ater reuniu, nos dias 7 e 8 de maio, em Brasília, representantes de órgãos governamentais, movimentos sociais, representantes da Rede de Ater pública e privada e organizações da sociedade civil. O evento promoveu o debate sobre atualizações de manejo agrário e agricultura familiar, com a finalidade de atualizar as leis que regulamentam o setor no Brasil.

Representando o Programa de Aplicação de Tecnologia Apropriada às Comunidades (PATAC) e a Articulação do Semiárido Paraibano (ASA Paraíba), Maria da Glória Batista falou sobre a importância de políticas públicas voltadas para a captação de água da chuva para o semiárido.

Entre os participantes também estava o representante do povo indígena Pataxó Hã-Hã-Hãe, do sul da Bahia, Edimar Souza – nome indígena Itohã, que falou sobre a importância de incluir as comunidades tradicionais indígenas no debate sobre a agricultura familiar, em especial a agroecologia.

"Ser escolhido como um representante nesse movimento é um grande desafio por que nós até temos uma experiência de base no manejo da agricultura, mas é importante estar alinhado com as demandas de outros povos e das organizações sociais e, ao mesmo tempo, manter viva as tradições e cultura do nosso povo", afirmou o indígena.

O apicultor Andrea Giuseppe Mabrito é italiano e mora no Brasil há 20 anos. Sua produção está localizada na cidade do Gama-DF

O apicultor Andrea Giuseppe Mabrito é italiano e mora no Brasil há 20 anos. Sua produção está localizada na cidade do Gama-DF.

Para o apicultor Andrea Giuseppe Mabrito, membro da Associação Apícola de Brasília, o trabalho realizado por entidades como a Embrapa e a Empresa de Assistência Técnica e Extensão Rural - Emater foi importantíssimo para a sua produção. "É fundamental ter esse espaço para que nós, agricultores familiares, possamos ter voz e dizer o que precisamos. As políticas, no geral, são voltadas para o todo, mas nem sempre são a realidade para nós", afirmou o apicultor.

Durante o Seminário foram debatidos os aprendizados a partir das experiências de ATER em Agroecologia. O evento contou com uma roda de conversa onde os participantes falaram sobre suas experiências em agroecologia.