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ATER
Seminário traz desafios e proposições para a produção de alimentos saudáveis
Foto: Divulgação/MDA
Em vez de uma carta aberta, uma poesia camponesa encerrou o Seminário Nacional de Assistência Técnica e Extensão Rural, que ocorreu nos dias 7 e 8 de maio, na sede da Confederação Nacional dos Trabalhadores na Agricultura (Contag), em Brasília, com o lema “Fortalecendo a Agroecologia no Brasil”. O professor de Extensão Rural da Universidade Federal do Piauí (UFPI) Caio Menezes escreveu versos enquanto escutava os debates e sintetizou o sentimento geral: “O maior seminário se encerra, que possamos voltar para a nossa terra com a certeza de que entramos para a história”.
O seminário mostrou que os desafios da Assistência Técnica e Extensão Rural (Ater) são diferentes daqueles de 20 anos atrás. O desafio de produzir alimentos saudáveis, que cheguem no prato da população, permanece. Mas esse desafio ficou maior em um contexto de emergência climática. “Hoje precisamos pensar na redução da emissão de carbono, na produção sustentável, na transição agroecológica, na agricultura regenerativa, em mudar nossos sistemas produtivos. E isso só pode ser feito com os profissionais de Ater”, lembrou a secretária-executiva do Ministério do Desenvolvimento Agrário e Agricultura Familiar (MDA), Fernanda Machiaveli.
Fernanda comparou os profissionais de Ater aos profissionais de saúde que estiveram na linha de frente do combate à Covid-19. “São os profissionais de Ater que vão enfrentar a emergência climática e pensar em como garantir a produção de alimentos nesse contexto”, afirmou. Para ela, a transformação do sistema produtivo só vai acontecer com uma Ater fortalecida, equipada, valorizada e que possa trabalhar c
om apoio e infraestrutura. “Vocês são parte essencial da transformação dos sistemas agroalimentares que precisamos realizar”, concluiu.
DIÁLOGO
Os desafios para que isso aconteça são muitos. É preciso mecanizar a agricultura familiar, levar a tecnologia para quem está produzindo, levar as pequenas máquinas para o campo e trabalhar com máquinas adaptadas aos diferentes biomas, para se produzir mais e melhor em cada um deles. “Vocês são as pessoas que podem nos pautar sobre os passos e os caminhamos que precisamos trilhar”, ressaltou Fernanda.
Representando a Secretaria Nacional de Agricultura Familiar e Agroecologia (SAF), Wanderley Zigger afirmou que o encontro se encerra, mas o diálogo, as proposições e o avanço da agenda vão continuar. Para ele, as quatro mensagens mais importantes trazidas pelo Seminário foram as de que todos querem uma Ater diversa, plural e participativa; que o sistema de Ater é diverso, mas tem em comum as pessoas que, dia após dia, na resistência, na falta de estrutura necessária, trabalham pelo coletivo; que o nosso País é grande, mas é importante olhar para os territórios; e que é preciso colocar a Ater no centro das políticas públicas.
“Nós saímos daqui com sementes que trouxemos para partilhar e levamos outras sementes para continuar semeando onde a gente for. Porque só faz sentido estarmos aqui se nós levarmos para casa sementes que frutifiquem na nossa semeadura”, justificou Wanderley.
Cláudio Fidelis, da Federação Nacional dos Trabalhadores e Trabalhadoras da Assistência Técnica, Extensão Rural e da Pesquisa (Faser), defendeu a Ater como instituição de Estado, inclusiva, cidadã e que leve a transformação a todos que precisam do campo. “É preciso alinhar com os governos federal, estadual e municipal uma Ater pública, de competência estatal, direcionada para a produção de alimentos saudáveis, para as urgências climáticas e que enfrente as desigualdades. Queremos transformar o campo com agroecologia, gente feliz e, principalmente, com mulher empoderada e jovem emancipado”.
RECONHECIMENTO
O encerramento do Seminário também foi momento de homenagear as pessoas que construíram uma trajetória de trabalho e luta pela Assistência Técnica e Extensão Rural no Brasil. A secretária-executiva do MDA, Fernanda Machiaveli, junto com José Henrique da Silva e Wanderley Zigger, representando a SAF, prestaram o reconhecimento do MDA aos representantes das organizações sociais, populares, da agricultura familiar, da Ater pública, das redes de Emater e da Anater.
Foram homenageados Loroana Santana, representando a Agência Nacional de Assistência Técnica e Extensão Rural (Anater); Natalino Avance, presidente da Associação Brasileira das Entidades de Assistência Técnica e Extensão Rural, Pesquisa Agropecuária e Regularização Fundiária (Asbraer); Cláudio Fidelis, da Federação Nacional dos Trabalhadores e Trabalhadoras da Assistência Técnica, Extensão Rural e da Pesquisa (Faser); Verônica Santana, da Articulação Nacional de Agroecologia (ANA); Neila dos Santos, da Rede Ater Nordeste de Agroecologia; Cecília Tayse Teixeira, do Fórum de professores de Extensão Rural; e Cláudia Cascais, do Conselho Nacional de Desenvolvimento Rural Sustentável (Condraf).