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INFORME Nº 9 – REDE COVID-19 HUMANIDADES MCTI
A Rede Vírus MCTI comunica que a Rede Covid-19 Humanidades MCTI, liderada pelo Programa de Pós-Graduação em Antropologia Social da Universidade Federal do Rio Grande do Sul, em colaboração com a Fiocruz, o InCT Brasil Plural - UFSC, a UnB, a Unicamp, a UNIDAVI e a UFRN, tem desenvolvido pesquisas qualitativas sobre os impactos sociais da pandemia entre profissionais de saúde e população em isolamento.
O eixo de atuação sobre população em isolamento desenvolve pesquisas entre diferentes populações, entre as quais, a de artistas - um tópico conduzido por pesquisadores da UFRGS. Neste informe, nos concentraremos nos resultados obtidos a partir de entrevistas e de coletas de narrativas de artistas não consagrados (músicos de boteco ou de Disc-jockey), com foco na adequação de suas atividades convencionais para o formato online.
Uma das principais questões suscitadas nas entrevistas, que impactou a quase totalidade dos interlocutores da pesquisa, foi a dificuldade de adequação das performances às infraestruturas remotas. Em que pese o trabalho remoto tenha se tornado rotina com a pandemia, com estratégias mais ou menos bem-sucedidas, há certas especificidades próprias ao mundo artístico que precisam ser consideradas para se compreender as razões pelas quais, nesta escala, a transposição do formato convencional para o remoto enfrentou múltiplas resistências, tais como:
- O cenário no qual a performance é realizada e que faz parte do espetáculo, pois contribui na mobilização dos artistas e do público, é um elemento difícil de se transpor para atividades online. E se constitui, inclusive, em uma das razões pelas quais os espectadores são levados a procurar por espetáculos ao vivo;
- Há que se considerar, ainda, que se for o caso de escolher uma gravação, a internet e as plataformas de streamings já dispõem de quantidade e variedade de produções qualificadas, que desencorajam, de saída, as iniciativas de artistas não consagrados;
- DJs, músicos e artistas em geral necessitam equipamentos e instrumentos que não estão à disposição em suas casas. Neste sentido, houve a necessidade investimentos para a aquisição de equipamentos adequados às performances online ou tempo para o aprendizado de conhecimentos sobre como manipular áudio e vídeo em ambientes digitais;
- Muitos artistas também tiveram complicações com as atividades docentes (aulas de instrumentos, teatro infantil, expressão corporal, etc.) usadas como complementação de renda. O delay, as dificuldades com a infraestrutura tecnológica e com a comunicação direta dificultaram e mesmo desestimularam a realização de muitas atividades, com o cancelamento de aulas particulares e acrescentaram mais desafios à já instável condição financeira dos artistas.
- Em linhas gerais, a oferta de bens artísticos já se encontra consolidada nos meios digitais, de modo que os neófitos que se aventuram nesse empreendimento enfrentaram uma concorrência estabelecida. Na maior parte dos casos, houve investimento financeiros na recomposição das infraestruturas necessárias, de tempo para o aprendizado de como manipular novos objetos e aplicativos para garantir a qualidade estética dos bens ofertados.
Os resultados parciais das pesquisas conduzidas pela Rede Covid-19 Humanidades MCTI têm sido publicadas em artigos de periódicos nacionais e internacionais, capítulos de livro e em notas técnicas. Todas as publicações estão reunidas no website www.ufrgs.br/redecovid19humanidades e podem ser acessadas abertamente.
Rede Covid-19 Humanidades MCTI