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INFORME Nº 8 – REDE COVID-19 HUMANIDADES MCTI
A Rede Vírus MCTI comunica que a Rede Covid-19 Humanidades MCTI, liderada pelo Programa de Pós-Graduação em Antropologia Social da Universidade Federal do Rio Grande do Sul, em colaboração com a Fiocruz, o InCT Brasil Plural - UFSC, a UnB, a Unicamp, a UNIDAVI e a UFRN, tem desenvolvido pesquisas qualitativas e quantitativas sobre os impactos sociais da pandemia entre profissionais de saúde e população em isolamento.
O eixo de atuação sobre população em isolamento desenvolve pesquisas entre diferentes populações, entre elas, mulheres em situação de vulnerabilidade. Os dados foram obtidos por meio de pesquisa qualitativa, a partir de entrevistas em profundidade nos seguintes territórios: (1) aglomerados urbanos: Cabana do Pai Tomás (que inclui bairros da região oeste Belo Horizonte, MG) e Sapopemba (distrito que inclui bairros da região leste de São Paulo, SP); (2) comunidades quilombolas do Vale do Jequitinhonha: Córrego do Rocha (Chapada do Norte, MG) e Córrego do Narciso (Araçuaí, MG).
Os dados obtidos foram apresentados, a princípio, um relatório intitulado “Insegurança alimentar de mulheres e suas famílias no contexto da pandemia no Brasil” que apontam:
a) A maioria (61%) das mulheres entrevistadas relatou que o acesso aos alimentos foi prejudicado pela pandemia. A diminuição da renda e o aumento dos preços dos alimentos foram apontados como as principais causas desse problema. Além disso, muitas entrevistadas relataram que tiveram que adotar estratégias de redução da quantidade ou qualidade dos alimentos.
b) Em áreas rurais, a falta de água, que dificulta ou impossibilita o tradicional plantio de alimentos para consumo próprio e para geração de renda, é um agravante da insegurança alimentar. O trabalho remoto foi utilizado por empregadores para justificar a retirada de auxílio alimentação, sem levar em consideração a alimentação dentro de casa, muitas vezes maior do que em ambiente externo.
c) O auxílio emergencial foi recebido por 42,5% das mulheres entrevistadas e 39% disseram que alguém do mesmo domicílio recebeu (além delas ou quando não receberam). Muitas mulheres relatam que o auxílio emergencial tem sido insuficiente para suprir todas as necessidades alimentares.
d) O recebimento de doações de alimentos importante no contexto da pandemia, e 72% das entrevistadas que foram perguntadas sobre este assunto disseram ter recebido doações. Entretanto, houve relatos de que as doações não foram suficientes para atender a todos das comunidades e que houve morosidade na entrega, o que fez com que alguns alimentos já estivessem com o prazo de validade vencidos quando chegaram aos beneficiários da doação.
e) A insuficiência de iniciativas de todas as esferas e poderes governamentais em relação ao tema da insegurança alimentar ponto de crítica. Apesar do reconhecimento das algumas ações de atuação do poder público, existe a crítica sobre a insuficiência para mitigação dos problemas. Nesse contexto da complementariedade, diversas redes de solidariedade têm sido fortalecidas e criadas nas comunidades, sendo muitas lideradas por mulheres. Dentre as entrevistadas, 85% disseram ter participado de doação de alimentos, seja compartilhando seus próprios alimentos, ou conseguindo doações por meio de parcerias, contribuindo com a logística das entregas e na identificação das famílias que mais precisam de doações dentro de seus territórios.
Os resultados parciais das pesquisas conduzidas pela Rede Covid-19 Humanidades MCTI têm sido publicadas em artigos de periódicos nacionais e internacionais, capítulos de livro e em notas técnicas. Todas as publicações estão reunidas no website www.ufrgs.br/redecovid19humanidades e podem ser acessadas abertamente.
Rede Covid-19 Humanidades MCTI