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INFORME Nº 17 – REDE COVID-19 HUMANIDADES MCTI
A Rede Vírus MCTI comunica que a Rede Covid-19 Humanidades MCTI, liderada pelo Programa de Pós-Graduação em Antropologia Social da Universidade Federal do Rio Grande do Sul, em colaboração com a Fiocruz, o InCT Brasil Plural - UFSC, a UnB, a Unicamp, a FGV, a UFRN e a UNIPAMPA, tem desenvolvido pesquisas qualitativas sobre os impactos sociais da pandemia de Covid-19 no Brasil.
A Rede Covid-19 Humanidades MCTI tem desenvolvido um estudo etnográfico sobre as experiências de estudantes do ensino superior durante a pandemia, concentrado nas percepções, sentidos e significados sobre o ensino remoto.
Uma das questões iniciais da pesquisa se volta para o questionamento dos limites de um entendimento sobre inovação que se reduz à aquisição de tecnologia - computadores, licenças de softwares, plataformas digitais, sistemas informacionais, digitalização de processos - nos espaços educacionais. De início, no desenvolvimento da pesquisa, chamou a atenção o estranhamento quase generalizado frente às tecnologias digitais por parte dos docentes, mesmo que diversas plataformas já estivessem integradas como ambientes institucionais desde muito antes da pandemia. Esse estranhamento já era conhecido, mas em 2020 passou a ser verbalizado e reconhecido com ênfases sem precedentes, evidenciando um significativo desequilíbrio no corpo docente relativo às “competências” e “habilidades” preexistentes para o “uso” das tecnologias digitais.
A precariedade de acesso estável e contínua à internet entre estudantes de baixa renda também tem sido amplamente notado na pesquisa, sobretudo nos períodos em que universidades se mantiveram privadas de atividades presenciais em razão dos altos índices de contaminação com a Covid-19. À despeito das tentativas de aulas remotas de forma síncrona, os relatos de estudantes apontam para a prevalente necessidade de gravação das aulas e disponibilização dos arquivos para consultas assíncronas. Para muitos, o único acesso à internet era feito por meio de redes de dados de telefones celulares, que eram rapidamente consumidos em aulas síncronas. Neste caso, a participação nas aulas era prejudicada e o acesso às gravações e demais arquivos das aulas eram feitos apenas periodicamente, quando existida a possibilidade de acessar rede wifi para “baixar” os arquivos das aulas. Em parte dos casos, o acesso à rede wifi só era possível em ambientes diversos à universidade e à residência, como padarias, restaurantes, praças de alimentação de shoppings, etc.
Outro tópico de interesse desta frente de pesquisa é produzir subsídios para fazer convergir o ensino presencial com a participação das tecnologias digitais nos processos e fazeres educacionais. Em outros termos, tem-se como horizonte a transformação dos desafios e das dificuldades colocadas pela pandemia para instituições, gestores, docentes e estudantes em possibilidades de contribuição para com as políticas de ensino, pesquisa e extensão na atualidade, considerando-se a ubiquidade e pervasividade das tecnologias digitais na vida contemporânea.
Os resultados parciais das pesquisas conduzidas pela Rede Covid-19 Humanidades MCTI têm sido publicadas em artigos de periódicos nacionais e internacionais, capítulos de livro e em notas técnicas. Todas as publicações estão reunidas no website www.ufrgs.br/redecovid19humanidades e podem ser acessadas abertamente.