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INFORME Nº 14 – REDE COVID-19 HUMANIDADES MCTI
A Rede Vírus MCTI comunica que a Rede Covid-19 Humanidades MCTI, liderada pelo Programa de Pós-Graduação em Antropologia Social da Universidade Federal do Rio Grande do Sul, em colaboração com a Fiocruz, o InCT Brasil Plural - UFSC, a UnB, a Unicamp, a FGV, a UFRN e a UNIPAMPA, tem desenvolvido pesquisas qualitativas sobre os impactos sociais da pandemia de Covid-19 no Brasil.
A hesitação vacinal no contexto da pandemia de Covid-19 a partir das experiências dos trabalhadores da Estratégia Saúde da Família no município do Rio de Janeiro compõe uma das frentes de pesquisa da Rede Covid-19 Humanidades MCTI. A Atenção Básica (AB) possui um papel relevante no enfrentamento à pandemia como ordenadora da linha de cuidado do SUS e como porta de entrada dos usuários ao sistema de saúde. No entanto, pesquisas evidenciam a ausência de um papel estratégico da AB na resposta à pandemia bem como um processo de desgaste dos trabalhadores deste nível de atenção. Identificam-se problemas como, por exemplo a sobrecarga de trabalho das equipes, dificuldades de acesso aos equipamentos de proteção individual (EPIs), obstáculos para a efetivação dos direitos trabalhistas, como licenças remuneradas e afastamentos, dificuldade na reorganização do espaço físico das unidades para o acolhimento e manejo dos casos de Covid-19, dentre outros elementos (ver Informe 1).
Nesta frente de pesquisa, a identificação e a análise das repercussões da pandemia de Covid-19 nas condições e relações de trabalho tem contribuído não somente com a produção de conhecimento para o enfrentamento da COVID-19 na Atenção Primária à Saúde (APS), mas também com a produção de conhecimento para subsidiar ações e políticas de saúde nos municípios. Da mesma forma, a percepção dos trabalhadores de saúde sobre o processo de vacinação da Covid-19 e suas implicações à hesitação vacinal têm potencial de contribuição para a discussão da política de vacinas no Brasil. Ademais, a hesitação vacinal não se trata de uma pauta estritamente sanitária pois as campanhas de vacinação geralmente são permeadas por interesses geopolíticos e econômicos que influenciam na coordenação de ações dos entes federativos da gestão do SUS.
Além disso, a investigação acerca do nível de hesitação vacinal tem proporcionado uma maior compreensão do processo de vacinação, identificando os motivos e os elementos subjetivos que compõem a confiança ou o comportamento hesitante à vacinação e o impacto desta pandemia nos comportamentos, atitudes e práticas em torno da vacinação sobre outras doenças. O estudo tem evidenciado que o posicionamento político individual sobre as vacinas da Covid-19 e a grande circulação de desinformação recebida através das redes sociais atuaram de forma complementar para o aumento da hesitação vacinal.
A vacinação não é apenas uma questão de saúde pública e, portanto, no debate sobre hesitação vacinal, é essencial fomentar a interlocução entre diferentes áreas de estudos, bem como integração social ampla para criar estratégias de resposta. A falta de confiança nas vacinas pode se tornar um obstáculo para o desenvolvimento de políticas adequadas para a prevenção e mitigação de doenças, inclusive aquelas historicamente controladas. Entender a hesitação vacinal é fundamental para implementar estratégias de vacinação mais eficazes e para o enfrentamento adequado de emergências sanitárias
Os resultados parciais das pesquisas conduzidas pela Rede Covid-19 Humanidades MCTI têm sido publicadas em artigos de periódicos nacionais e internacionais, capítulos de livro e em notas técnicas. Todas as publicações estão reunidas no website www.ufrgs.br/redecovid19humanidades e podem ser acessadas abertamente.