Notícias
INFORME Nº 5 – REDE COVID-19 HUMANIDADES MCTI
A Rede Vírus MCTI comunica que a Rede Covid-19 Humanidades MCTI, liderada pelo Programa de Pós-Graduação em Antropologia Social da Universidade Federal do Rio Grande do Sul, em colaboração com a Fiocruz, o InCT Brasil Plural - UFSC, a UnB, a Unicamp, a UNIDAVI e a UFRN, tem desenvolvido pesquisas qualitativas e quantitativas sobre os impactos sociais da pandemia entre profissionais de saúde e população em isolamento.
O eixo sobre os profissionais de saúde desenvolve pesquisa quantitativa e qualitativa sobre a temática. A primeira pesquisa, de âmbito nacional, se dá por meio de questionário online com profissionais de saúde pública de todo o Brasil. Objetivou-se compreender a percepção dos profissionais de saúde pública sobre os impactos da crise causada pela pandemia em seu trabalho, bem-estar e modo de agir cotidianamente. E como falar de profissionais de saúde é também falar sobre a atuação das mulheres neste campo (já que aproximadamente 70% da força de trabalho no Brasil é feminina), também se analisou os dados sob uma perspectiva de gênero. Desta forma, os principais resultados das pesquisas estão sintetizados a seguir:
a) Com relação ao recebimento de EPI, em julho de 2020 metade dos profissionais de saúde da pesquisa quantitativa, em média, afirmaram ter recebido EPI em algum momento. Em novembro de 2020 5,4% afirmaram não ter recebido em nenhum momento, 30,7% afirmaram ter recebido uma ou poucas vezes e 63,9% receberam de forma contínua. Em abril de 2021 o percentual dos que não receberam EPI em nenhum momento aumentou para 6,2% e o percentual dos que receberam uma ou poucas vezes aumentou para 49,4%, enquanto os que receberam de forma contínua caiu para apenas 44,5%;
b) Sobre o treinamento, em julho de 2020, 68,8% dos respondentes da pesquisa quantitativa afirmaram não terem sido treinados para trabalhar no contexto da pandemia, o que diminuiu em novembro de 2020 para 52,2% e aumentou para 72,6% em abril de 2021;
c) Em relação à vacinação, em abril de 2021, 86,8% dos respondentes da pesquisa quantitativa disseram já ter recebido pelo menos a primeira dose da vacina;
d) Desde o início da pandemia até os meses mais recentes há relatos de profissionais de saúde mulheres sobre assédio por parte da chefia relacionados a uma falta de apoio e compreensão para lidar com a sobrecarga de trabalho doméstico e as dificuldades de cuidado com familiares durante a pandemia. Os dados de abril de 2021 apontam que a maioria dos homens profissionais de saúde (61%) dedica de 0 a 14 horas por semana às atividades domésticas, enquanto a maioria das mulheres (51%) respondeu dedicar mais de 14 horas por semana a essas atividades;
e) Em novembro de 2020, os dados sobre a sensação de preparo não expõe uma diferença clara de gênero, embora homens brancos tenham apresentado melhores indicadores - 66,5% afirmam se sentir preparados - e mulheres negras se mantêm no extremo oposto, em que apenas 41,3% dizem estar preparadas para o trabalho durante a pandemia. No geral, os homens se sentem mais preparados do que as mulheres, independente da raça (homens 38,83% e mulheres 27,76%). Vale ressaltar que, de novembro de 2020 para abril de 2021, a sensação de preparo caiu para todas as categorias de gênero e raça para todos os profissionais de saúde;
f) Em relação ao impacto da pandemia em suas vidas pessoais, em ambas as pesquisas destaca-se o medo de contaminação e de transmissão da doença para seus familiares. Em julho de 2020 85,5% dos respondentes da pesquisa reportaram sensação de medo da Covid-19. Já em novembro de 2020 esse sentimento diminuiu para 79% dos profissionais de saúde; que voltou a aumentar para 87,6% em abril de 2021. Em julho de 2020, 80% dos profissionais de saúde conheciam algum companheiro de trabalho com suspeita ou diagnosticado com Covid-19. Esse percentual se ampliou em novembro de 2020 para 94,5% dos respondentes e aumentou ainda mais para 96,6% em abril de 2021, quando, além disso, 31,2% afirmaram já ter tido a doença;
g) Em julho de 2020 78,2% dos respondentes sentiram que sua saúde mental foi afetada negativamente com a pandemia. Em abril de 2021 o percentual chegou a 80,2%, ou seja, oito em cada dez profissionais de saúde pública relatam exaustão emocional após um ano de pandemia. Há uma significativa diferença de gênero em relação a esta questão. Em novembro de 2020 69% dos homens negros e brancos afirmaram que tiveram sua saúde mental negativamente impactada pela pandemia, em comparação a 83% das mulheres negras e brancas. Em abril de 2021 essa diferença se manteve, 67,3% dos homens e 83,7% das mulheres afirmaram sentir que sua saúde mental foi negativamente impactada;
Os resultados parciais das pesquisas conduzidas pela Rede Covid-19 Humanidades MCTI têm sido publicadas em artigos de periódicos nacionais e internacionais, capítulos de livro e em notas técnicas. Todas as publicações estão reunidas no website www.ufrgs.br/redecovid19humanidades e podem ser acessadas abertamente.
Rede Covid-19 Humanidades MCTI