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Dados dos inventários de emissões já são considerados na competitividade, apontam empresas
A relevância estratégica dos inventários de emissões de gases de efeito estufa (GEE) das empresas foi debatida nesta quinta-feira (25), durante evento promovido em São Paulo (SP) pelo Ministério da Ciência, Tecnologia e Inovação (MCTI), Confederação Nacional da Indústria (CNI), com apoio da Federação das Indústrias do Estado de São Paulo (FIESP). A discussão foi motivada pela capacitação em torno da utilização da plataforma SIRENE Organizacionais, desenvolvida pelo governo federal.
A plataforma vai receber, a partir deste ano, os inventários das organizações e ampliar o sistema de Mensuração, Relato e Verificação (MRV) nacional. Os inventários de emissões de GEE permitem identificar o perfil de emissões de cada organização, o que possibilita avaliar e desenvolver estratégias para a redução das emissões.
O coordenador-geral de Ciência do Clima do MCTI, Márcio Rojas, destacou a relevância das iniciativas de transparência para fortalecer a ação climática e como a plataforma contribui com o processo. “Entendemos transparência como mais ambição climática. Se não houver transparência, isso acaba se traduzindo em custos e barreiras”, afirmou. “Contribuir com o SIRENE Organizacionais é contribuir com o Inventário Nacional”, complementou Rojas sobre a expectativa de que as informações consolidadas na plataforma possam auxiliar com dados mais precisos para o país.
Segundo a gerente de Clima e Energia da CNI, Juliana Falcão, a instituição entende que os inventários de emissões são uma questão de competitividade e que a plataforma SIRENE Organizacionais acrescenta transparência ao processo. “A gente espera também que a ferramenta nos apoie em outras questões e regulamentações relacionadas à questão climática, a exemplo do mercado de carbono, entendendo que é um pontapé inicial e muito importante para ter um sistema robusto de MRV nacional”, disse.
Para o diretor titular adjunto do Departamento de Desenvolvimento Sustentável da FIESP, Mauro Hirose, as emissões da indústria no total de emissões nacionais estão em torno de 7%, mas o tema evoca também questões comerciais internacionais. “Tem tudo a ver com reputação, imagem”, disse no encerramento ao mencionar proteções e barreiras comerciais.
Diferencial competitivo – Indústrias e associações setoriais apresentaram suas experiências na elaboração de inventários, as boas práticas, os desafios e as oportunidades que o processo apresenta.
O diretor de Meio Ambiente e Sustentabilidade do Sindicato Nacional de Indústrias de Cimento (SNIC), Gonzalo Visedo, relatou que o setor soube entender o caráter estratégico dos inventários. “A gente não gerencia aquilo que não mede”, afirmou Visedo ao destacar a importância de uma base sólida e comparável de informações. Os dados permitiram, por exemplo, verificar que o carbono associado do cimento brasileiro é inferior ao produzido em outros países.
Gerdau, Braskem, Engie, Bozel e Natura, empresas que relatam as emissões indiretas, ou seja, as emissões da cadeia de fornecedores, conhecidas tecnicamente como Escopo 3, apresentaram os desafios e os benefícios envolvidos. Entre os destaques estão a proximidade com toda a cadeia de valor para promover o engajamento e o suporte com capacitação aos fornecedores. “Hoje o cliente é um dos maiores demandantes. Somos Escopo 3 de alguém que vai nos demandar e vai escolher nosso produto pelas características de sustentabilidade”, afirmou Cenira Nunes, diretora de Meio Ambiente da Gerdau.
O próximo encontro de capacitação do SIRENE Organizacionais está previsto para maio, em Belém (PA).
Assista à íntegra do evento neste link.