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Brasil e Reino Unido fortalecem cooperação em ciência climática e planejam próximas etapas do programa que estuda como será a Floresta Amazônica no futuro
Foto: Luara Baggi (ASCOM/MCTI)
O Ministério da Ciência, Tecnologia e Inovação (MCTI), por meio da Secretaria de Políticas e Programas Estratégicos, reuniu-se na segunda-feira (14) com representantes do Reino Unido para avaliar o potencial de ampliar a cooperação em ciência e tecnologia a partir do programa AmazonFACE – maior e primeiro experimento utilizando a tecnologia FACE (
Free-Air CO2 Enrichment
) em florestas tropicais. Quando estiver em pleno funcionamento, o experimento deverá gerar dados científicos por mais de uma década.
“Para responder as questões que estão na fronteira do conhecimento, precisamos nos preparar. Temos que mensurar o impacto das mudanças climáticas no futuro”, afirmou a secretária da Seppe, Marcia Barbosa.
O AmazonFACE é um programa científico do MCTI, coordenado pelo Instituto Nacional de Pesquisas da Amazônia (Inpa) e Universidade Estadual de Campinas (Unicamp), em cooperação internacional com o governo britânico, por meio do Met Office. “É uma grande infraestrutura de pesquisa para entender como a Amazônia vai responder no futuro às mudanças climáticas. Por ser tão grande e importante no contexto global, a Amazônia acaba influenciando o clima da Amazônia, da América do Sul e do planeta inteiro”, explica o pesquisador do Inpa e um dos coordenadores científicos do programa, Carlos Alberto Quesada.
De acordo com o pesquisador, a atmosfera será manipulada para simular como poderá ser daqui 30 ou 50 anos e dessa forma estudar como o aumento de dióxido de carbono (CO2) na atmosfera vai interferir no comportamento da floresta. Uma das hipóteses é que em um clima mais quente e seco, a floresta poderá deixar de ter as características que apresenta hoje e, talvez, possa adotar características semelhantes ao Cerrado. Mas há hipóteses, que serão testadas com o experimento, que indicam que com mais carbono na atmosfera, as plantas conseguirão utilizar a água de modo mais eficiente, terão mais força para suportar a mudança climática.
“Temos que saber em qual trajetória a Amazônia vai: se para a resiliência ou se vai se deteriorar. O AmazonFACE é nossa janela para o futuro, como uma previsão do que pode acontecer no futuro e todos os impactos que isso pode ter”, afirma Quesada.
Programa estratégico em cooperação científica climática
– De acordo com a vice-embaixadora do Reino Unido no Brasil, Melanie Hopkins, o histórico de cooperação entre Brasil e Reino Unido na área científica climática remonta aos anos 1960, quando os cientistas britânicos do Met Office começaram a trabalhar junto com os homólogos brasileiros. Hopkins afirma que, para os britânicos, o AmazonFACE é um programa estratégico pelo potencial que tem de gerar informações com aplicação global.
“O interessante do AmazonFACE é que será útil para a criação de políticas para tantas áreas importantes. Para nós, AmazonFACE é verdadeiramente um programa estratégico porque tenta dar uma resposta à pergunta: como a mudança climática impactará a floresta amazônica, a biodiversidade e todo o ecossistema que oferece a humanidade inteira. O uso do AmazonFACE será importante para os cientistas e para os formuladores de políticas brasileiros, mas também terá uma aplicação global”, explicou a vice-embaixadora.
Participaram da reunião a conselheira de Clima, Natureza e Agricultura do
Foreign, Commonwealth & Development Office
(FCDO), Clare Lewis, o chefe de Ciência e Inovação da Embaixada do Reino Unido no Brasil, David Lloyd-Davies, e a gerente do programa AmazonFACE pela embaixada, Adriana Alcântara.
Investimentos
- O programa recebeu financiamento de 2,25 milhões de libras (cerca de R$ 17 milhões) do governo britânico, administrados pelo Met Office, o Serviço Nacional de Meteorologia do Reino Unido. O governo brasileiro, por meio do MCTI, está investindo R$ 32 milhões no AmazonFACE. Os recursos são de Ação Transversal do Fundo Nacional de Desenvolvimento Científico e Tecnológico (FNDCT). O valor será suficiente para a construção da infraestrutura de pesquisa que quando estiver completa terá seis anéis compostos por 16 torres de alumínio cada, com 30 metros de diâmetro. Serão três anéis enriquecidos com gás carbônico e três anéis controle com ar ambiente. Em breve, os dois primeiros anéis do experimento estarão prontos.
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