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Atualização de dados permite ao Brasil obter panorama mais fidedigno de emissões de gases de efeito estufa geradas por veículos
As atualizações na curva de sucateamento de veículos e no rendimento energético de motocicletas e caminhões permitiram renovar os parâmetros da frota nacional circulante e, com isso, elaborar um panorama de emissões do transporte rodoviário nacional mais fidedigno à realidade brasileira. Os estudos subsidiaram os cálculos de emissões deste modal que integra o Setor Energia, um dos cinco setores que compõem o Inventário Nacional de gases de efeito estufa (GEE), e responsável por contabilizar, principalmente, as atividades de queima de combustíveis fósseis.
O Inventário Nacional de GEE é um dos componentes da Comunicação Nacional do Brasil à Convenção-Quadro das Nações Unidas sobre Mudança do Clima (UNFCCC, na sigla em inglês), documento oficial do governo brasileiro coordenado pelo Ministério da Ciência, Tecnologia e Inovações (MCTI), e que relata à comunidade internacional os esforços do país para implementar a Convenção do Clima.
O uso da base de dados brasileira de seguros de Danos Pessoais Causados por Veículos Automotores de Via Terrestre, o DPVAT, possibilitou aos pesquisadores construir uma modelagem mais apurada sobre a curva de sucateamento dos veículos que saem de circulação. A informação sobre a quantidade de veículos adimplentes e inadimplentes com o DPVAT, cedida pela Superintendência de Seguros Privados (SUSEP), aumentou a consistência da informação para realizar o ajuste metodológico na base de dados utilizada para calcular as emissões geradas por veículos. O estudo passou por discussões com especialistas do setor que buscam aplicar o conceito de sustentabilidade no uso de energia para os transportes.
“Resultados mais realistas ajudam a entender melhor a dimensão do problema e encaminhar as políticas públicas de forma mais precisa”, avalia Márcio de Almeida D’Agosto, professor e coordenador do Programa de Engenharia de Transportes e do Laboratório de Transporte de Carga da COPPE/UFRJ, responsável pelos estudos da categoria de transporte rodoviário do Inventário Nacional.
De acordo com dados dos pesquisadores, a frota circulante brasileira ajustada atingiu 62 milhões de veículos em 2016, sendo, aproximadamente, 40 milhões de automóveis, 5,5 milhões de comerciais leves, 14 milhões de motocicletas, 1,9 milhão de caminhões e 393 mil ônibus.
O coordenador explica que se a estimativa da frota circulante é imprecisa, tanto o quantitativo de tamanho da frota por classe de veículo quanto outros parâmetros do modelo, como a intensidade de uso (distância média percorrida anualmente) e a utilização dos veículos (para carga ou passageiros), tende a apresentar valores irreais de emissões.
Também foram ajustados os rendimentos energéticos das motocicletas e dos caminhões, que são parâmetros anuais referentes à quantidade de quilômetros percorridos a partir do consumo de determinado combustível, em litros.
Parâmetros mais refinados e condizentes com a realidade brasileira produzem estimativas mais precisas. “Se podemos reduzir a imprecisão e incerteza por meio do refinamento dos parâmetros, conseguimos estimativas de emissões melhores e mais aderentes à realidade brasileira”, analisa D’Agosto.
Além dessas inovações, no Inventário Nacional foi possível estimar as emissões oriundas de veículos automotores convertidos para o uso de Gás Natural Veicular (GNV) e automóveis híbridos gasolina-elétrico, além de desagregar os resultados dos caminhões em cinco categorias (semileves, leves, médios, semipesados e pesados) e dos ônibus em três categorias (micro-ônibus, urbanos e rodoviários).
Os resultados das revisões metodológicas e de dados primários, além das recomendações para futuros aprimoramentos de estudos do setor, foram compiladas e publicadas no estudo “Transportes no Brasil – Panorama e Cenários Prospectivos para atendimento da Contribuição Nacionalmente Determinada”.
Entenda o Inventário Nacional – O Setor Energia é um dos cinco setores que compõem o Inventário Nacional de Emissões e Remoções Antrópicas de Gases de Efeito Estufa. Neste setor são inventariadas as atividades de exploração de fontes de energia primária, conversão de fontes de energia, transmissão e distribuição de combustíveis, uso de combustíveis com fins energéticos em instalações e equipamentos. As emissões resultam dessas atividades, seja por combustão, ou como emissões fugitivas, que são emitidas durante mineração e manejo do carvão mineral, além da exploração, processamento e transporte do petróleo e do gás natural.
Todas as categorias que contabilizam emissões de GEE foram avaliadas por meio dos níveis metodológicos mais avançados, envolvendo Tiers 2 e 3, que requerem fatores nacionais e minuciosa desagregação de dados. O setor utiliza como fontes de dados o Balanço Energético Nacional (BEN) e o Balanço de Energia Útil (BEU), ambos publicados pelo Ministério de Minas e Energia (MME), entre outros.
Acesse aqui material ilustrativo sobre o setor Energia do Inventário Nacional:
Saiba mais sobre a Comunicação Nacional : O envio das Comunicações Nacionais à UNFCCC é um compromisso assumido pelo governo brasileiro em 1998, ao promulgar a adesão do país à Convenção do Clima. O envio dos dados atualizados ocorre a cada quatro anos conforme determina as regras do acordo internacional para países não integrantes do Anexo I da Convenção. O projeto executado pelo MCTI, por meio da Coordenação-Geral de Ciência do Clima e Sustentabilidade, conta com financiamento do Fundo Global para o Meio Ambiente (GEF, na sigla em inglês), e tem o Programa de Desenvolvimento das Nações Unidas (PNUD) como agência implementadora.
Acesse o documento da Quarta Comunicação Nacional do Brasil à UNFCCC:
https://sirene.mctic.gov.br/portal/export/sites/sirene/backend/galeria/arquivos/2020/12/2020_12_22_4CN_v5_PORT_publicada.pdf
ou
https://issuu.com/mctic/docs/quarta_comunicacao_nacional_brasil_unfccc
Conheça mais sobre a Comunicação Nacional:
https://antigo.mctic.gov.br/mctic/opencms/ciencia/SEPED/clima/Comunicacao_Nacional/Comunicacao_Nacional.html