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21ª SNCT
Extração de veneno de jararaca é destaque no estande do Instituto Butantan na 21ª SNCT
Uma serpente gigante cenográfica se tornou parada obrigatória para fotos, brincadeiras e interação entre os participantes da 21ª Semana Nacional de Ciência e Tecnologia (SNCT). Porém, a principal atração estava sob os cuidados da bióloga Adriana Chagas e outros pesquisadores, que traziam uma caixa especial no estande do Instituto Butantan. Dentro da caixa: dez cobras, como a coral-falsa, jiboia, corn-snake e píton, todas não-peçonhentas, que permitiam a interação dos visitantes com os répteis. Além disso, a grande estrela do espaço era a jararaca, que roubava a atenção em uma das atividades mais concorridas da feira: a extração do seu veneno para a produção do soro antiofídico.
Durante as apresentações diárias na SNCT, sempre com lotação máxima, cientistas do Butantan demonstraram o processo de extração do veneno das serpentes, fundamental para pesquisas, produção de soros e desenvolvimento de medicamentos.
Desde a década de 1930, o Brasil realiza a extração de veneno de cobras, um processo pioneiro desenvolvido por Vital Brazil, fundador do Instituto Butantan. A ciência envolvida no processo foi tão marcante que, quase cem anos depois, o procedimento se mantém similar: a serpente é anestesiada e imobilizada, e os cientistas pressionam as glândulas laterais, próximas às presas, para coletar o veneno. As jararacas, responsáveis por cerca de 90% dos acidentes ofídicos no país, representam o maior risco, com seu veneno amarelado liderando os casos de envenenamento no país.
Após a demonstração, uma sessão de curiosidades foi realizada, principalmente com as crianças. “Por que ela só tem um dente?”, perguntou um dos participantes. Acontece que as serpentes trocam de presas periodicamente, e a jararaca estava nesse processo. “Quantos anos elas vivem?”, perguntou outro, que descobriu que as cobras do Butantan podem viver mais de trinta anos em observação.
“Desenvolvemos este projeto educativo com as cobras há mais de 15 anos. Nosso principal público são estudantes, então é sempre interessante proporcionar esse tipo de atividade interativa. Assim, o Instituto Butantan aproxima as pessoas desses animais e incentiva a sua preservação”, explicou Adriana, que é supervisora educativa do projeto.
A bióloga do Instituto ainda acrescentou que o Brasil é referência internacional No atendimento de picadas de animais peçonhentos. “POr isso é importante ensinar os jovens sobre as cobras, sob a ótica do cuidado e da preservação”, destacou.
Ao longo de toda a programação da Semana, o estande do Butantan ofereceu diversas atividades. Além da oficina de extração de veneno, o “Museu na Rua” e os “Biojogos” contavam a história do Instituto e o seu processo de pesquisa. Dois jogos de tabuleiro também testavam o conhecimento do público sobre anfíbios e serpentes da Mata Atlântica. Um dos momentos mais aguardados, a “Hora da Cobra”, promovia interação entre as crianças e os répteis. Duas vezes ao dia, uma das quatro espécies não peçonhentas, de manejo educativo, era apresentada para observação e contato.
Você sabia?
O Instituto Butantan é o único produtor de soros antiofídicos para o veneno de animais peçonhentos em todo o Brasil. Esses soros são ao Sistema Único de Saúde (SUS) e não podem ser vendidos. Qualquer brasileiro que recebe picada de cobras ou qualquer outro animal peçonhento pode ser tratado pelo SUS gratuitamente.
Por Helena Prestes (estagiária da SNCT- com supervisão da Ascom do MCTI)