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Museu Goeldi e indígenas se unem para mitigar degradação florestal
Foto: Reprodução/MPEG
Em meio ao aumento da degradação florestal da Amazônia, o Museu Paraense Emílio Goeldi (MPEG), unidade de pesquisa do Ministério de Ciência, Tecnologia e Inovação (MCTI), se uniu a comunidades indígenas e universidades federais para elaborar maneiras para proteger e restaurar o bioma.
O projeto “Recuperação de áreas degradadas por incêndios florestais em comunidades/aldeias indígenas no oeste do Pará” analisou o efeito de incêndio frequentes nas florestas e a percepção das comunidades indígenas sobre a degradação com o objetivo de propor uma metodologia de restauração com articulação de conhecimentos científicos e tradicionais.
Segundo o Instituto Nacional de Pesquisas Espaciais (INPE), em agosto, 38.266 focos de queimadas foram registrados na região, cerca de 120% a mais do que o relatado no mesmo período do ano passado.
“O projeto visa recuperar e restaurar áreas que foram incendiadas na reserva Tapajós-Arapiuns. Então, foram feitos treinamentos, capacitações, coleta de sementes e plantio. Ainda fizemos o manejo de regeneração natural da floresta em áreas com potencial de se recuperarem sozinhas e o plantio de espécies de interesse das comunidades”, explica a doutora em Ecologia e pesquisadora do Museu Goeldi, Ima Célia Vieira.
O projeto foi elaborado através de uma parceria entre o Museu Paraense Emílio Goeldi, a Universidade Federal do Oeste do Pará (Ufopa), a Universidade Federal de Pernambuco (UFPE) e indígenas de quatro comunidades Tupinambá no Oeste do Pará, na Reserva Estrativista (Resex) Tapajós-Arapiuns. De acordo com o estudo “Os motores e impactos da degradação da floresta amazônica”, publicado na revista Science, a degradação ameaça 38% das florestas remanescentes na Amazônia.
O estudo
Segundo a pesquisa, nas áreas estudadas, a biomassa acima do solo diminuiu 44% nas florestas queimadas e 71% nas afetadas duas vezes, com perdas de biodiversidade que variam de 37% a 51%.
“Florestas queimadas tornam-se mais vulneráveis a novos incêndios, criando uma espiral de degradação e vulnerabilidade social, com potenciais efeitos devastadores para territórios, comunidades e serviços ecossistêmicos oferecidos pela floresta”, explica a pesquisadora do museu e coordenadora do projeto, Ima Célia Vieira.
Segundo a unidade de pesquisa, os povos tradicionais da Amazônia precisam de mais atenção pela vulnerabilidade aos impactos de degradação. O MapBiomas afirma que, entre 1985 e 2023, as Terras Indígenas (TIs) foram as áreas mais preservadas do país, com perda de 1% de sua vegetação nativa, enquanto em áreas privadas a redução foi de 28%.