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O futuro das universidades públicas no Brasil: especialistas recomendam ações para garantir qualidade no ensino superior
Foto: Diego Galba (ASCOM/MCTI)
O painel de abertura do último dia da 5ª Conferência Nacional de Ciência, Tecnologia e Inovação, intitulado "As universidades públicas no Brasil: presente e futuro", reuniu importantes vozes do cenário acadêmico e estudantil para discutir os desafios e as perspectivas das instituições de ensino superior no país. Entre os palestrantes, destacaram-se a presidente da Coordenação de Aperfeiçoamento de Pessoal de Nível Superior (Capes), Denise Pires de Carvalho; a presidente da União Nacional dos Estudantes (UNE), Manuela Mirella; e o presidente da Sociedade Brasileira de Física (SBF) e membro da Academia Brasileira de Ciências (ABC), Rodrigo Capaz.
A difícil trajetória de reconstrução do Fórum Nacional de Educação, desde 2023, foi um dos temas centrais abordados. A presidente da Capes trouxe à tona essa questão, ressaltando a importância de se discutir o Plano Nacional de Educação no parlamento. "Assumimos em 2023 e o Fórum Nacional de Educação havia sido descontinuado. O ano de 2023 foi a retomada do fórum e de todas as discussões nos diversos níveis federais. Foi um processo muito difícil porque faz parte dessa reconstrução", afirmou.
Além disso, ela destacou o aumento de 65% na verba destinada à assistência estudantil, medida essencial para combater a evasão nas universidades federais. "Não é possível que tenhamos um sistema federal de educação superior que exija uma mobilidade estudantil como é hoje. Muitos têm dificuldades financeiras e isso faz com que haja evasão. Então, precisamos mudar isso", completou.
O compromisso dos estudantes com a construção de uma universidade pública forte e alinhada às necessidades do país foi enfatizado pela presidente da UNE. "Nós, estudantes, estamos comprometidos com este projeto de um Brasil forte e soberano. A universidade brasileira é o nosso bem mais precioso. Queremos construir não só a universidade dos nossos sonhos, mas precisamos construir a universidade que o Brasil precisa", disse Mirella.
A importância de valorizar o ensino superior público no Brasil foi destacada pelo presidente da SBF, que sugeriu um modelo inspirado na Califórnia para diversificar as instituições públicas de ensino. "Apesar de toda a necessidade e importância de valorizar o ensino médio, é fundamental aumentar a nossa base no ensino superior. A qualidade está associada ao setor público, salvo algumas instituições privadas de excelência", ressaltou Capaz.
Ele observou que 22% dos estudantes brasileiros estavam matriculados em universidades públicas em 2022, contra 78% em instituições privadas, e sugeriu que a diversificação das instituições públicas de ensino é o caminho para melhorar o sistema educacional. "No modelo da Califórnia, são as community colleges, depois a universidade estadual e, no topo da pirâmide, a Universidade da Califórnia", lembrou.
Além disso, Capaz alertou para a necessidade de recuperar a infraestrutura e combater a evasão nas universidades federais, adaptando-as às demandas dos estudantes brasileiros. "As faculdades públicas precisam atender à demanda dos estudantes brasileiros que, basicamente, necessitam de maior flexibilização de horários, mais aulas online, entre outros atributos", recomendou.
O painel encerrou com um consenso entre os palestrantes sobre a importância de um esforço conjunto para fortalecer e diversificar o ensino superior público no Brasil, garantindo que possa atender às necessidades atuais e futuras do país.
Confira a íntegra do painel no canal do MCTI no YouTube.
A 5ª Conferência conta com o patrocínio Master do Banco do Brasil e da Financiadora de Estudos e Projetos (FINEP), patrocínio Ouro da Positivo e patrocínio Prata da Caixa Econômica Federal e Serviço Federal de Processamento de Dados (Serpro).