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Com apoio do MCTI, diretor de museu é eleito para integrar conselho da UNESCO
Foto: Estácio Jr./Governo do Estado do Ceará
O diretor do Museu de Paleontologia Plácido Cidade Nuvens, em Santana do Cariri (CE), Allysson Pontes Pinheiro, foi eleito para integrar o Conselho de Geoparques Mundiais da Organização das Nações Unidas para a Educação, a Ciência e a Cultura (UNESCO). O mandato começa em setembro deste ano e se estende até o mesmo mês de 2028, com a possibilidade de uma renovação. A indicação do pesquisador ao cargo teve apoio da ministra da Ciência, Tecnologia e Inovação, Luciana Santos.
Segundo a UNESCO, o Programa de Geoparques Mundiais visa o desenvolvimento territorial sustentável e a promoção do desenvolvimento em bases sustentáveis através de seus patrimônios materiais e imateriais. O conselho que Allysson agora integra é responsável por reconhecer, acompanhar e avaliar os territórios que são reconhecidos pela UNESCO como especiais e merecedores do selo da organização. Atualmente, 213 locais em 48 países têm o selo, sendo seis no Brasil.
Allysson Pontes Pinheiro é graduado em Ciências Biológicas pela Universidade Federal do Rio Grande do Norte (UFRN), mestre em Ciências Biológicas (Zoologia) pela Universidade Estadual Paulista Júlio de Mesquita Filho (Unesp) e doutor em Ecologia e Recursos Naturais pela Universidade Federal de São Carlos (UFSCar).
O professor também é diretor científico do Araripe Geopark Mundial da UNESCO (Araripe UGG), o primeiro geoparque brasileiro a receber o título pela organização. Antes de se tornar membro do conselho, o professor já era avaliador da UNESCO para territórios Geoparques (IGGP-UNESCO).
Confira a conversa do MCTI com Allysson Pinheiro:
Ministério da Ciência, Tecnologia e Inovação: Como funciona o conselho?
Allyson Pinheiro: O conselho é um órgão assessor do Programa de Geoparques Mundiais da UNESCO, que dá os pareceres técnicos, avalia e acompanha os territórios para garantir que eles estejam atuando conforme os preceitos do programa para garantir o desenvolvimento regional sustentável daqueles locais entendidos como especiais e que recebem o selo.
MCTI: Como o senhor acredita que pode agregar ao conselho?
AP: Acredito que a partir da experiência acumulada no Geoparque Araripe e como avaliador de territórios do programa, eu posso somar ao trazer a visão que temos a partir da nossa vivência no Brasil e na rede brasileira de geoparques. No grupo, eu vou tentar levar essa perspectiva para ajudar outros lugares no mundo a se desenvolver em bases sustentáveis, garantindo a qualidade socioeconômica para a população e preservando as suas características tanto culturais como ambientais.
MCTI: O que sua nomeação representa em termos de avanços na implementação dos geoparques no Brasil?
AP: Acredito que essa nomeação para o conselho possa contribuir para que o programa evolua ainda mais no Brasil. Hoje nós já temos seis geoparques em território nacional. Araripe foi o primeiro, sendo o desbravador há 18 anos na rede. E, finalmente, o Brasil está conseguindo expandir o número de territórios reconhecidos pela UNESCO. Acredito que essa nomeação possa acumular conhecimentos necessários para que outros locais também especiais e dignos de receber o selo possam também integrar a rede brasileira de geoparques mundiais.
MCTI: Qual a importância científica e cultural dos geoparques?
AP: Eu considero o programa extremamente inovador e o vejo como uma vanguarda em estratégia para desenvolvimento sustentável no mundo. Isso porque o Programa Geoparques Mundiais conseguiu integrar o ser humano, o meio ambiente e as suas interações em uma estratégia única. Então, o programa pretende preservar as características ambientais do território a partir da educação e promoção desse território pelas pessoas do lugar. Ele pretende que as pessoas do lugar entendam por que ali é especial, entendendo que elas podem ser as grandes defensoras e serem elas também as que se beneficiam diretamente pela manutenção e promoção desse local, especialmente para estratégias de turistas.
MCTI: Como o MCTI contribuiu para sua nomeação?
AP: A participação do MCTI foi fundamental para que essa nomeação se concretizasse. O processo é uma chamada pública, onde todas as pessoas poderiam concorrer a essa vaga, especialmente aquelas vinculadas ao programa.
A recomendação do Ministério de Ciência e Tecnologia do Brasil dizendo que eu teria as condições necessárias para ocupar esse cargo certamente foi decisiva para que isso se efetivasse. As indicações do Brasil, do Ministério de Ciência e Tecnologia, da própria ministra Luciana Santos, a quem eu agradeço demais a confiança, e do Ministério das Relações Exteriores.
Então, esse cargo vai ser uma grande oportunidade para o Brasil, para o programa no Brasil, e eu espero estar à altura de corresponder às expectativas.
MCTI: Como o MCTI tem participado dos avanços nas pesquisas em paleontologia no Brasil?
AP: Como o programa Geoparques Mundiais foca muito em geodiversidade, que inclui a paleodiversidade, a paleontologia está muito contemplada dentro do programa e dos territórios ao redor do mundo. No Brasil, a paleontologia está passando por um momento muito especial, onde nós temos vivenciado grandes ganhos para a sociedade brasileira e a sociedade científica em paleontologia, como as repatriações de importantes peças e fósseis que estavam em outras nações e por atuação das instituições brasileiras.
Isso coloca a paleontologia em destaque. Fornece as bases para que ela possa avançar tendo como objeto de estudo as melhores peças brasileiras disponíveis para a formação de suas pessoas. Então, a próxima geração de paleontólogos brasileiros poderá desfrutar do direito de ser formada, de ser moldada, a partir dos patrimônios nacionais presentes no território nacional.
Geoparques
Segundo a UNESCO, geoparques são áreas geográficas únicas onde sítios e paisagens de importância geológica internacional são administradas por um conceito holístico de proteção, educação e desenvolvimento sustentável, combinado a atuação de comunidades locais.