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1974-2024
Brasil e China, 50 anos de relações diplomáticas: Seminário destaca o CBERS como modelo de cooperação sino-brasileira
Foto: Luara Baggi (ASCOM/MCTI)
No Palácio do Itamaraty, a ministra da Ciência, Tecnologia e Inovação, Luciana Santos, participou do seminário “Brasil e China: 50 anos de amizade e cooperação rumo ao desenvolvimento inclusivo e sustentável”. O encontro faz parte de uma série de eventos que celebra, nesta quinta-feira, 15 de agosto, meio século de relações diplomáticas entre os países.
Fizeram parte do painel junto com a ministra, a embaixadora Tatiana Rosito, o presidente do BNDES, Aloizio Mercante, o presidente da Agência Brasileira de Promoção de Exportações e Investimentos (Apex), Jorge Viana, e a secretária de Comércio Exterior do Ministério do Desenvolvimento, Indústria, Comércio e Serviços (MDIC), Tatiane Prazeres.
A ministra Luciana Santos enfatizou a importância estratégica das relações entre os países, principalmente nas áreas de ciência, tecnologia e inovação.
“Na cooperação sino-brasileira em ciência, tecnologia e inovação, o que posso testemunhar é que os parceiros chineses são hoje os que mais estão dispostos a codesenvolver produtos e serviços de tecnologia avançada e a compartilhar os altos riscos envolvidos nesses empreendimentos. Posso citar como exemplo a exitosa colaboração que temos com a China desde a década de 1980 na área espacial”, disse Santos.
Uma das principais cooperações entre os países é o Programa de Satélites Sino-Brasileiros de Recursos Terrestres, CBERS, que é considerado por muitos como o primeiro projeto de cooperação de alta tecnologia sul-sul da história.
O CBERS é um programa tecnológico entre China e Brasil para a produção de uma série de satélites de observação da Terra. Ao todo, já foram desenvolvidos seis satélites conjuntamente, que tiveram aplicações decisivas no monitoramento do território nacional e biomas. A constelação de satélites é fundamental para o monitoramento e no combate ao desflorestamento, no ordenamento territorial, na produção agropecuária, no abastecimento hídrico, na educação e na gestão de desastres e eventos climáticos extremos.
A ministra Luciana Santos lembrou que o projeto do CBERS vai ser ampliado. “No ano passado, durante a visita oficial do presidente Luiz Inácio Lula da Silva à China, assinamos o acordo para o desenvolvimento do CBERS-6, um satélite com uma nova tecnologia de monitoramento por radar, que revolucionará a forma como monitoramos os nossos biomas, conseguindo dados capazes de ‘ver’ entre as nuvens. Esse será um projeto de investimentos de R$ 500 milhões de reais divididos igualmente pelos nossos países”, ressaltou.
Está prevista ainda para o final deste ano, a assinatura do acordo de desenvolvimento do CBERS-5. Esse será o primeiro satélite geoestacionário desenvolvido pelo Brasil. “Por meio do qual entraremos num seletíssimo grupo de menos de dez países que detém tal tecnologia. Ele será um satélite meteorológico, que dará autonomia para nossas previsões do tempo e previsão de curtíssimo prazo para eventos atmosféricos iminentes, incluindo os eventos extremos, como secas, enchentes e deslizamentos que tiram vidas e destroem cidades inteiras”, disse Luciana.
A estimativa é que o projeto custe quase R$ 10 bilhões. Ele também deve ser compartilhado entre os dois países.
O presidente do BNDES, Aloizio Mercadante, que também já foi ministro da pasta de Ciência, Tecnologia e Inovação, reforçou a importância de se aprender com os chineses. “Eles têm muitas coisas a nos ensinar”, falou.
“Nós não queremos os produtos prontos da China, nós queremos desenvolver junto com eles. Aprender o que eles estão fazendo e desenvolver novas tecnologias e fazer a transferência de tecnologias, ser um parceiro de qualidade”, frisou Mercadante.
Cerimônia de abertura
A ministra substituta das Relações Exteriores, Maria Laura da Rocha, e o ministro do Desenvolvimento, Indústria, Comércio e Serviços, o vice-presidente, Geraldo Alckmin, participaram da cerimônia de abertura do seminário e das comemorações entre os países. Ambos também ressaltaram a importância do CBERS para o estreitamento da relação bilateral sino-brasileira.
“O CBERS é tido como modelo de cooperação em alta tecnologia que ao longo desses 50 anos sempre produziu frutos no setor tecnológico e estratégico para os países”, disse a ministra Maria Laura. De acordo com a embaixadora, o CBERS representa um esforço pioneiro de união. “Para derrubar as barreiras que impedem o desenvolvimento e a transferência de tecnologias sensíveis”, acrescentou.
O vice-presidente Geraldo Alckmin completou a importância desta parceria na área aeroespacial para a promoção do desenvolvimento do país. “O programa CBERS, iniciado em 1988, é o exemplo do nosso potencial de ambição e cooperação”, ressaltou.
Sessão Solene do Congresso
À tarde, a ministra Luciana Santos também participou da sessão do Congresso Nacional que celebrou o cinquentenário das relações diplomáticas entre Brasil e China. Convocada por requerimento do senador Nelsinho Trad (PSD/MS) e dos deputados Fausto Pinato (PP/SP) e Daniel Almeida (PCdoB/BA), a homenagem reforçou eventos como o início da relação bilateral em 1974, a terceira visita do presidente Lula à China em abril de 2023 e a visita do presidente Xi Jinping ao Brasil prevista para novembro.
Com participação do embaixador da China no Brasil, Zhu Qingqiao, e do embaixador brasileiro no país asiático, Marcos Bezerra Galvão, a cerimônia contou com o lançamento de uma medalha e de um selo comemorativos. Em sua fala, a ministra pediu apoio dos parlamentares para ratificarem os acordos assinados em 2023 com a China na área espacial.
“A cooperação Brasil-China em ciência e tecnologia é longeva, vem desde 1980. O CBERS é a maior constelação de satélites brasileiros, e vamos assinar ainda esse ano, certamente, o acordo para o primeiro satélite geoestacionário com domínio brasileiro partilhando custos. Serão R$ 10 bilhões em 10 anos para o geoestacionário, além do CBERS 5 de imageamento através das nuvens para fazer o monitoramento da Amazônia e que terá papel meteorológico”, pontuou a ministra Luciana Santos.