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5CNCTI
Representantes e pesquisadores de povos indígenas analisam a situação de vulnerabilidade das comunidades
Foto: Diego Galba (ASCOM/MCTI)
Representantes e pesquisadores dos povos originários do Brasil se reuniram no segundo dia da 5º Conferência Nacional de Ciência, Tecnologia e Inovação (5CNCTI) para os debates promovidos no painel Eixo IV - Diálogo de saberes: sistema ancestral / povos originários. Os participantes avaliaram os principais desafios das comunidades indígenas nacionais e as perspectivas de futuro para essas comunidades.
A secretária de Promoção da Igualdade Racial e Comunidades Tradicionais da Bahia (Sepromi/BA), Ângela Guimarães, explicou que o órgão estadual desenvolve políticas públicas voltadas para a geração de oportunidades; o combate à discriminação; e garantias de direitos de grupos étnicos-raciais vulnerabilizados. Ela detalha que as iniciativas são direcionadas à busca de um diálogo permanente, por meio de projetos e programas baseados em processos de escuta e diálogos contínuos com os povos indígenas.
A secretária ainda destacou que “as iniciativas são concebidas e executadas em colaboração estreita com os grupos, respeitando e valorizando suas práticas ancestrais”. Guimarães denuncia que “os saberes dos povos e comunidades tradicionais foram historicamente desvalorizados e marginalizados por meio de um epistemicídio”. Para a política e pesquisadora, o conceito de epistemicídio corresponde a toda prática de apagamento intencional dos conhecimentos e da cultura tradicional indígenas, como uma forma de extermínio cultural. Em seguida, ela cita três representantes dos povos originários que fazem resistência ativa na sua luta social constante para manter viva as tradições dessas comunidades: Nêgo Bispo, Ailton Krenak e Katiuscia Ribeiro.
A professora da Universidade Federal do Sul da Bahia (UFSB), Rosângela Pereira de Tugny, executou um trabalho acadêmico de tradução de cantos com anciões e jovens do povo Tikmu’un originários da mata atlântica. Para ela, o pior perigo de extinção dessas populações reside na injustiça institucional perpetrada pelo Estado. Segundo ela, um prognóstico exato do que poderá acontecer com os indígenas da Amazônia pode ser obtido por meio da observação dos acontecimentos históricos que atingiram as comunidades dos Tikmu’un.
A mesa foi coordenada por Danilo Tupinikim, secretário-executivo da Articulação dos Povos Indígenas do Brasil (Apib). Ele e Katiuscia Ribeiro, coordenadora-geral do Laboratório de Africologia e Estudos Ameríndios Geru Maã da UFRJ e fundadora e CEO do Instituto Ajeum Filosófico, debateram com a mesa e o público presente na plateia temas importantes como: medicinas tradicionais, práticas agroecológicas sustentáveis e o papel da ancestralidade como forma de manter viva a história e as práticas cotidianas dos povos originários. A conclusão foi a de que, para se combater um racismo que se moderniza, o futuro precisa ser ancestral, no sentido da manutenção das tradições das comunidades vulneráveis.
O Eixo IV - Diálogo de saberes: sistema ancestral / povos originários teve relatoria de Damiana Bregalda. Confira a íntegra do painel no canal do MCTI no YouTube.
A 5ª Conferência conta com o patrocínio Master do Banco do Brasil e da Financiadora de Estudos e Projetos (FINEP), patrocínio Ouro da Positivo, patrocínio Prata da Caixa Econômica Federal e Serviço Federal de Processamento de Dados (Serpro).