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Como popularizar a ciência e a tecnologia no Brasil? Pesquisadores apontam desafios e soluções
Foto: Luis Nova (ASCOM/MCTI)
Na 5ª Conferência Nacional de Ciência, Tecnologia e Inovação, realizada no Centro de Convenções Brasil 21, em Brasília, um dos painéis do segundo dia do evento focou na popularização da ciência e tecnologia. Especialistas discutiram maneiras de tornar essas áreas mais atraentes e compreensíveis para o público.
O professor Ildeu de Castro Moreira, físico e titular do programa de pós-graduação em História das Ciências, da UFRJ, destacou a China como um exemplo a ser seguido, mencionando seu investimento massivo em popularização científica. "Em 1997, a China tinha um PIB semelhante ao do Brasil e investia em ciência e tecnologia de forma parecida. Hoje, eles têm um orçamento gigantesco para ciência e tecnologia, investindo 2,4 bilhões de dólares apenas na popularização da ciência", afirmou Moreira. Ele enfatizou que a China implementou políticas nacionais há mais de 20 anos, cumprindo rigorosamente seus planos de educação e inovação.
O professor Antônio Carlos Pavão, do Departamento de Química Fundamental da UFPE, também contribuiu para a discussão ao ressaltar a importância dos museus na divulgação científica. "O museu é um poderoso instrumento de divulgação científica, se não for o maior porque engloba diversas formas de comunicação. Mas não é no museu que se produz. Nós precisamos avançar na questão do museu e trazer o visitante para onde se faz pesquisa. Os laboratórios precisam virar museus", propôs Pavão, sugerindo uma maior integração entre espaços de pesquisa e o público para fomentar o interesse científico.
Complementando essa perspectiva, Juana Nunes, diretora de Popularização da Ciência, Tecnologia e Educação Científica do MCTI, sublinhou a relevância da ciência no ambiente escolar. “A escola pública brasileira produz ciência. O que nós vemos nas feiras de ciência também é produção de ciência de alta qualidade. Precisamos estar mais perto da ciência básica desde os pequenos no ensino fundamental até o ensino médio. Só assim vamos conseguir entender e no que melhorar. Nós não vamos conseguir fazer essa revolução se as crianças não acessarem os pesquisadores e seus espaços”, ressaltou. Para ela, o contato direto com as práticas científicas pode inspirar e engajar os estudantes desde cedo.
Roseli de Deus Lopes, professora de Engenharia Elétrica da Escola Politécnica da USP e uma das organizadoras da FEBRACE, também participou do painel destacando a importância da educação científica desde a infância. "Não vamos conseguir nunca ter ciência, tecnologia e inovação se não começarmos no berçário, estimulando a curiosidade e a criatividade", declarou Lopes. Ela apontou a necessidade de uma opinião pública esclarecida para garantir investimentos adequados em ciência e tecnologia.
A professora Lopes ainda observou que muitos cursos de engenharia no Brasil, por exemplo, estão defasados em relação ao contexto global. "Estamos uns 30 anos atrasados em relação aos cursos de engenharia nos países asiáticos e nos Estados Unidos. Precisamos de muita engenharia para conseguir chegar nos produtos e ser competitivos", explicou. Lopes defendeu que a popularização da ciência é crucial para atrair jovens talentos comprometidos com o interesse público e a justiça social.
O painel reiterou a importância de integrar programas nacionais, estaduais e municipais para promover a ciência e a tecnologia de maneira mais eficaz. "É fundamental que a ciência reverta na melhoria das condições de vida das pessoas. Ciência é para dar lucro, mas também para melhorar a vida das pessoas", concluiu Moreira.
A 5ª Conferência Nacional de Ciência, Tecnologia e Inovação continua com diversas atividades e painéis, reunindo especialistas de todo o país para discutir os rumos da ciência e tecnologia no Brasil. Assista à íntegra do painel no canal do MCTI no YouTube.
A 5ª Conferência conta com o patrocínio Master do Banco do Brasil e da Financiadora de Estudos e Projetos (FINEP), patrocínio Ouro da Positivo, patrocínio Prata da Caixa Econômica Federal e Serviço Federal de Processamento de Dados (Serpro).