Notícias
Pioneirismo e quebra de paradigmas na direção do CTI Renato Archer
CTI Renato Archer
Pela primeira vez na história dos 42 anos do Centro de Tecnologia da Informação Renato Archer, uma mulher está à frente da gestão da unidade de pesquisa que é vinculada ao Ministério da Ciência, Tecnologia e Inovação. No mês de março deste ano, a ministra titular do MCTI, Luciana Santos, indicou Juliana Daguano para assumir a diretoria do Centro, antes ocupada por Jorge Vicente Lopes da Silva*. A cerimônia de posse foi realizada nesta sexta-feira (14), em Campinas-SP, com a presença da ministra Luciana Santos.
Graduada em Engenharia Bioquímica (2006) pela Escola de Engenharia de Lorena da Universidade de São Paulo, Juliana Daguana concluiu, em 2011, Doutorado Direto em Ciências de Materiais na mesma instituição de ensino. Natural de São Paulo-SP, a nova responsável pela unidade de pesquisa tem 40 anos, é casada e tem dois filhos. Para saber sobre a expectativa da gestão no CTI Renato Archer, o MCTI conversou com a nova diretora da instituição.
Como a senhora se sente sendo a primeira mulher a assumir a direção do CTI Renato Archer?
“Eu fico muito honrada com a missão e com a escolha da ministra. Eu sei que não é uma missão fácil, mas desde sempre, desde a minha formação, a gente tem que conviver com isso, com a dificuldade da mulher se colocar nas áreas exatas. São poucas mulheres. E agora, estando no CTI, quero trazer essa pauta das mulheres, trazer mais empatia e isso está presente no meu plano de gestão. Um olhar mais feminino”.
A senhora já era pesquisadora do CTI Renato Archer. Como essa experiência vai contribuir para a sua gestão?
“A nossa finalidade é desenvolver pesquisa, eu acho que trazer essa vivência é fundamental. A gente consegue priorizar as áreas que podem ter um maior impacto na sociedade. Então, é muito importante ter à frente de uma unidade de pesquisa, um pesquisador e até ali no Comitê de Busca é colocado isso, você precisa ser um pesquisador numa atuação alinhada à missão da sua unidade de pesquisa para que você seja uns pré-requisitos para o Comitê de Busca poder selecionar. Então, a minha atuação sempre foi na área da saúde e eu acho que a saúde avançada é uma das rotas de atuação CTI, então eu espero poder contribuir com essa minha vivência.”
Quais são as principais metas e prioridades para o CTI Renato Archer nos próximos quatro anos?
“A primeira questão, que coloco como meta para o meu primeiro ano de gestão, é a comunicação. Não só a comunicação externa com Campinas, que é um polo tecnológico, mas também a parte da comunicação interna também. Dar publicidade e transparência para a forma que a gestão está sendo feita. Então, para o primeiro ano, a comunicação é a base de tudo. Para o segundo ano, a inovação. Estamos reformulando nosso regimento interno e criando uma coordenação geral de inovação tecnológica. E ali, como os modelos que a gente tem dentro das universidades, de agência de inovação, queremos criar uma estrutura dentro do CTI que possa fazer esse papel, tanto de prospecção de projetos, interação com empresas, como criar um fluxo mais dinâmico.
Somos uma das mais novas Unidades Embrapii. Com isso, estamos colocando o Parque Tecnológico, o CTEQ, esforço este semeado na gestão do Jorge e o que precisamos fazer é fortalecer essas ações e olhar para a nossa comunidade entusiasmada. Vamos receber 50 novos servidores agora e com esse reforço, vamos desenvolver vários projetos. Vale ressaltar que o Jorge pavimentou os caminhos para que a nova gestão possa colher os frutos e fazer novas iniciativas.”
Como a senhora enxerga o papel do CTI no desenvolvimento da ciência e tecnologia no Brasil?
“Temos quatro rotas tecnológicas: a Indústria 4.0, a Saúde avançada, Tecnologias habilitadoras e a parte de Governo Digital. É importante falar isso, porque fica mais fácil de entender o nosso papel. O nosso foco é justamente a inovação. Somos uma unidade de pesquisa focada em inovação, transferência de tecnologia, aplicação de políticas públicas para transferência de tecnologias”.
Qual legado gostaria de deixar ao final da missão frente à gestão do CTI Renato Archer?
Eu espero poder dar continuidade a um trabalho que foi iniciado na gestão do Jorge, trazendo grandes projetos, projetos estruturantes para o CTI, onde a gente possa ter uma atuação interdisciplinar, trazer também, como eu já disse no início, a empatia e a atenção aos servidores. Quero deixar o Jorge orgulhoso, eu fazia parte da gestão dele, né? Então, foi ele quem abriu as portas para eu poder estar aqui hoje. Então, que eu possa também dar oportunidade para outras e a gente criar sucessoras. Eu não quero ser a única mulher no quadro da Galeria de Diretores. Eu quero que outras mulheres ocupem essa cadeira também”.
CTI Renato Archer
O CTI atua em parceria com agentes do setor privado, da academia e do governo, para promover um ambiente propício à geração de inovações em processos e produtos, visando o fortalecimento da indústria nacional e o bem estar da população.
*Jorge Vicente Lopes da Silva esteve à frente da unidade de pesquisa do ministério entre 2019 e o início de 2024. O ex-diretor era graduado e mestre em Engenharia Elétrica e doutor em Engenharia Química. Pesquisador sênior do CTI-Renato Archer desde 1988. Publicou mais de 130 artigos em revistas científicas internacionais e foi membro do corpo editorial e revisor de dezenas de revistas científicas. Publicou mais de 50 capítulos de livros com autores de centros mundiais. Participou frequentemente, como convidado, de importantes conferências nacionais e internacionais. Fundou, em 1997, a área de tecnologias 3D do CTI Renato Archer com visão pioneira e inovadora no Brasil criando programas associados à essas tecnologias nas áreas médica, industrial e científica. Coordenou vários projetos e consultorias com empresas, governo e agências de fomento nacionais e internacionais.