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Avaliação de risco é chave para adaptação à mudança climática, diz líder de comitê independente do Reino Unido
O Ministério da Ciência, Tecnologia e Inovação (MCTI), o Comitê sobre Mudança do Clima do Reino Unido (CCC, na sigla em inglês) e a Embaixada do Reino Unido no Brasil promoveram nesta segunda-feira (26) um webinário sobre avaliação de riscos climáticos. A atividade integra a colaboração entre as três instituições, por meio do Programa UK PACT Skill-Share, em apoio ao desenvolvimento do Plano Nacional de Adaptação brasileiro no âmbito do Plano Clima.
A troca de experiências sobre metodologias e métodos relacionados à construção de políticas sobre adaptação à mudança do clima teve como foco a avaliação e priorização de riscos climáticos. A atividade também é mais uma medida preparatória para a realização de uma oficina presencial, prevista para março, com os ministérios envolvidos na construção dos planos setoriais do Plano Clima - Adaptação.
O CCC é um comitê independente de especialistas estabelecido por uma lei britânica sobre mudança do clima de 2008. O grupo assessora o governo britânico sobre metas para redução de emissões de gases de efeito estufa (GEE) e adaptação.
O líder de adaptação do CCC, Richard Millar, relatou que o Reino Unido dispõe de metas nacionais que são revisadas a cada cinco anos e que já produziu três avaliações de risco sobre mudança climática, em 2012, 2017 e 2021, sendo que os dois últimos foram elaborados pelo CCC. Atualmente, trabalha no quarto ciclo.
Em sua explanação, Millar destacou que a “avaliação de risco sobre mudança climática é chave para adaptação”. Para efetuar a análise mais recente, eles utilizam dados sobre as mudanças observadas no âmbito global e nacional e projeções, considerando cenários de 2oC e 4oC de aquecimento global até 2100, diferentes evidências científicas na literatura acadêmica e técnica, e métricas econômicas. Também avaliaram quais são os programas existentes, as políticas necessárias para lidar com os riscos. A avaliação permite atribuir uma priorização dos riscos indicando quais necessitam de ação imediata e quais são importantes, porém carecem de estudos. Como resultado, houve uma orientação para adaptação, como ancorar e integrar os serviços e as políticas, considerando a interdependências dos riscos. “A gente sempre leva em consideração os efeitos diretos sobre a população. Isso é importante para o nosso trabalho”, afirmou Millar sobre a produção de relatórios técnicos de modo acessível e briefing setoriais.
Na avaliação do especialista brasileiro de impactos, vulnerabilidade e adaptação, Diogo Santos, o intercâmbio de experiências com profissionais britânicos reforça que a agenda de adaptação é um grande desafio para todos os países. Para o Brasil, com dimensões continentais, seis biomas no território e históricos problemas de ordem social e econômica, há desafios adicionais.
Santos compartilhou o trabalho desenvolvido até o momento para elaborar o Plano Clima - Adaptação, que terá uma estratégia-geral e 15 planos setoriais. Segundo ele, o trabalho que tem como referência a abordagem utilizada pela Convenção do Clima e para a implementação do Objetivo Global de Adaptação (GGA, na sigla em inglês). “Essa aproximação permite olhar para os nossos processos e observar que estamos em um caminho [para a construção do Plano Clima] com abordagem coerente e que faz sentido do ponto de vista científico e técnico. Queremos melhorar o que estamos fazendo”, expressou Santos.
A diretora adjunta de clima da Embaixada Britânica no Brasil, Bruna Cerqueira, destacou que a cooperação entre Brasil e Reino Unido se estendeu a partir do ano passado com uma parceria firmada para o crescimento verde e inclusivo, e que agora pretendem “fortalecer o laço no tema de adaptação”.