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COP28: Trajetórias sobre o futuro da Amazônia ainda são incertas, afirma pesquisador
A importância da maior floresta tropical do mundo como regulador do clima global é indiscutível. Contudo, os impactos e os efeitos da mudança do clima sobre os serviços ecossistêmicos que a Amazônia presta ainda não incertos. Uma das questões mais importantes sobre a região envolve a resiliência da floresta ao aumento da concentração de dióxido de carbono na atmosfera.
“Os estudos anteriores permitiram compreender o papel da Amazônia na situação global e regional. A pergunta é qual o impacto da mudança do clima sobre a Amazônia. Aqui mudamos a perspectiva com o projeto AmazonFACE”, afirmou o diretor do Departamento para o Clima e Sustentabilidade do Ministério da Ciência, Tecnologia e Inovação (MCTI), Osvaldo Moraes.
De acordo com os pesquisadores, esse é um dos projetos mais importantes da atualidade sobre clima no mundo. O experimento vai testar em campo, e de maneira inédita em uma floresta tropical, a hipótese sobre o que ocorre com a floresta.
“O AmazonFACE é desenhado especificamente para resolver uma das maiores incertezas da ciência do clima hoje: o que vai acontecer com Amazônia”, explicou o coordenador científico do programa e pesquisador do Instituto Nacional de Pesquisas da Amazônia (INPA), Carlos Alberto Quesada. “A principal importância de apresentar o nosso projeto aqui na COP28 é levar o olhar das pessoas para as questões de resiliência da Amazônia, sobre qual a trajetória da Amazônia vai tomar no futuro”, complementou.
Os pesquisadores querem compreender como a maior floresta tropical do mundo reagirá, daqui a 30 ou 50 anos, ao aumento de CO2 na atmosfera. O teste avaliará se o chamado ‘efeito de fertilização por CO2’ existe e quão duradouro é, ou seja, o experimento quer entender se o CO2 extra que estará na atmosfera futuramente vai funcionar como um fertilizante para as plantas, tornando-as mais resistentes para lidar com um futuro mais quente e seco, ou se haverá uma adaptação da vegetação. Os pesquisadores monitorarão as respostas em folhas, raízes, solo, ciclo da água e dos nutrientes da floresta.
A expectativa é ter resultados do experimento em campo prontos para serem apresentados na COP30, que será realizada em Belém (PA). “Esperamos estar influenciando o discurso político em torno das trajetórias da Amazônia”, afirmou Quesada.
O programa científico instituído pelo MCTI em 2014 teve a etapa de construção da infraestrutura de campo anunciada na COP26 e chega à COP28 em uma nova fase, com a finalização dos primeiros anéis do experimento. O projeto é financiado pelos governos brasileiro e britânico, sendo o principal projeto de cooperação científica entre os dois países.
“Esse é um experimento de ruptura para mostrar o que é possível quando unimos ciência e uma ‘máquina do tempo’ no meio da Amazônia para entender o potencial em relação ao futuro da mudança climática”, declarou o diretor de pesquisa climática do Foreign and Commonwealth Development Office (FCDO), Stephen Mooney
Assista ao painel sobre o programa científico AmazonFACE neste link (a partir de 1h40) e sobre o painel dos impactos sobre a Amazônia neste link (a partir de 1h50).