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AdaptaBrasil MCTI é o provedor de informações sobre risco climático para o país
Foto: Freepik
A plataforma AdaptaBrasil MCTI é apontada na Contribuição Nacionalmente Determinada (NDC, na sigla em inglês) do Brasil como provedor de informações sobre risco climático nacional. O documento submetido pelo governo brasileiro foi publicado na sexta-feira (03) no endereço eletrônico da Convenção-Quadro das Nações Unidas sobre Mudança do Clima (UNFCCC). A NDC informa ainda que as políticas de adaptação serão baseadas na melhor ciência disponível sobre mudança do clima e circunstâncias nacionais.
Os dados da plataforma AdaptaBrasil também estão contribuindo com as discussões em curso no âmbito do Grupo Técnico de Trabalho para a atualização do Plano Clima - Adaptação.
A plataforma AdaptaBrasil foi desenvolvida pelo Ministério da Ciência, Tecnologia e Inovação (MCTI) em conjunto com o Instituto Nacional de Pesquisas Espaciais (Inpe) e a Rede Nacional de Pesquisa (RNP) para consolidar e oferecer informações que apoiem a decisão sobre planejamento de medidas de adaptação.
De acordo com o diretor para o Clima e Sustentabilidade do MCTI, Osvaldo Moraes, o trabalho de construção da plataforma se iniciou há cerca de dez anos. A proposta inicial de disponibilizar informações sobre impactos da mudança do clima em diferentes setores foi ampliada de modo a prover orientações para subsidiar a tomada de decisão sobre políticas de adaptação. “Todas as informações estão baseadas na ciência mais avançada e disponível”, afirmou.
O trabalho de aprimoramento é contínuo, incluindo atualização de dados e incorporação de novos setores. Recentemente, a plataforma incorporou novos índices para o setor de saúde relacionados à ocorrência Leishmaniose Tegumentar Americana, Leishmaniose Visceral e Malária, e atualizou as avaliações de risco ocasionados pelas mudanças climáticas no setor energético.
Na avaliação do coordenador científico da plataforma AdaptaBrasil MCTI e pesquisador do Inpe, Jean Ometto, o fato de um documento brasileiro submetido a um organismo internacional mencionar a iniciativa é um importante reconhecimento do esforço do país e do MCTI para a agenda de adaptação. “É um reconhecimento da importância da ciência e da robustez das informações, para que as decisões possam ser tomadas”, avaliou.
Ometto destaca a forma colaborativa como a plataforma tem sido construída, com a participação de instituições de excelência nos seus campos de atuação, como Embrapa, Fiocruz, COPPE/URFJ. “Tem sido construída em rede com várias instituições colaborando, com especialistas de diferentes áreas analisando os indicadores”, acrescentou o coordenador.
A ferramenta apresenta dados com recorte até o nível municipal, ou seja, permite obter informações para todos os municípios brasileiros. Os dados disponíveis abrangem setores considerados chave, como recursos hídricos, seguranças alimentar e energética, saúde, infraestrutura (portos, ferrovias e rodovias), desastres geo-hidrológicos. Na plataforma é possível visualizar cenários futuros.
De acordo com os especialistas, a agenda de adaptação à mudança do clima ganhou força à medida que os esforços de mitigação já não se mostram suficientes para conter o aquecimento global. O último relatório do Painel Intergovernamental sobre Mudança do Clima destaca que, segundo as NDCs anunciadas até 2021 para redução das emissões de gases de efeito estufa, é provável que o aquecimento exceda 1.5°C durante o século 21 e torne mais difícil limitar o aquecimento abaixo de 2°C.
A adaptação é um processo que precisa considerar a realidade local e compreender os fatores compreender os riscos climáticos determinantes de pressão. O esforço do AdaptaBrasil envolve estabelecer indicadores para quantificar esse risco. A plataforma utiliza a metodologia chamada de ‘flor de risco’, recomendada pelo IPCC, que é composta de ameaça climática, exposição e vulnerabilidade (sensibilidade e capacidade adaptativa).
Correção da meta de emissões
A NDC também apresenta correção da meta de emissões de gases de efeito estufa (GEE). O Brasil se compromete a ter limite de emissões de 1,32 GtCO2e - consistente com uma redução de 48,4% até 2025, e de 1,20GtCO2e - consistente com uma redução de 53,1% até 2030, comparado ao ano de 2005. Os dados consideram como parâmetro o último inventário nacional submetido à UNFCCC. A decisão de corrigir a meta brasileira foi tomada pelo Comitê Interministerial de Mudança do Clima (CIM), composto por 18 ministérios, em setembro (14). Uma resolução do grupo determinou que o Ministério de Relações Exteriores comunicasse a correção à UNFCCC.
A segunda NDC brasileira deverá ser submetida em 2025.