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AdaptaBrasil é ferramenta de apoio às ações de adaptação à mudança do clima, afirma coordenador
A plataforma AdaptaBrasil MCTI foi apresentada nesta terça-feira (31) durante a 1ª oficina técnico-científica sobre mudanças climáticas, saúde e equidade promovida pelo Ministério da Saúde. A oficina reuniu, na sede da Organização Panamericana de Saúde (OPAS), em Brasília, pesquisadores e especialistas para discutir ações, indicadores e pesquisas que devem ser desenvolvidos para apoiar políticas públicas que possam minimizar os riscos em saúde. O evento integra os esforços de preparação para a elaboração do plano setorial saúde, que fará parte do Plano Clima - Adaptação.
O coordenador científico do AdaptaBrasil MCTI e pesquisador do Instituto Nacional de Pesquisas Espaciais (Inpe), Jean Ometto, destacou o potencial de contribuição da plataforma para o Plano Clima e para o desenvolvimento de planos de adaptação à mudança do clima. “A ferramenta foi construída para apoiar a tomada de decisão acerca do planejamento de adaptação à mudança do clima. A ciência é um dos elementos para a tomada de decisão”, explicou.
De acordo com Ometto, que é um dos maiores especialistas brasileiros em adaptação à mudança do clima, para apontar caminhos de solução é preciso anteriormente compreender os fatores que influenciam o problema, que são os riscos climáticos. O esforço do AdaptaBrasil envolve estabelecer indicadores para quantificar esse risco. A plataforma utiliza a metodologia chamada de ‘flor de risco’, recomendada pelo Painel Intergovernamental sobre Mudança do Clima (IPCC), que é composta de ameaça climática, exposição e vulnerabilidade (sensibilidade e capacidade adaptativa).
Atualmente, estão disponíveis informações sobre todos os municípios brasileiros para setores estratégicos de saúde, infraestrutura, segurança alimentar e energética, recursos hídricos.
Jean Ometto salientou que esta é uma plataforma que utiliza dados primários de bases públicas, com lastro científico e institucional, em coordenação com diferentes entidades e citou que, para o setor de saúde, conta com o apoio da Fiocruz. “É uma ferramenta que vem ganhando corpo e amplificando o debate para entender os elementos que podem ser melhorados, dialogando setorialmente. Assim que o Censo de 2022 ficar pronto, vamos atualizar uma série de indicadores”, afirmou.
Para a área de saúde, estão disponíveis dados sobre impactos envolvendo incidência de malária, leishmaniose tegumentar americana e leishmaniose visceral. Segundo o coordenador, em 2024, o setor será incrementado com dados sobre dengue, febre amarela e leptospirose, e estresse térmico com impactos para doenças cardiovasculares e respiratórias.
Durante o evento, a diretora do Departamento de Vigilância em Saúde Ambiental e Saúde do Trabalhador do Ministério da Saúde, Agnes Soares, apresentou dados sobre doenças infecciosas que podem ser agravadas pelos riscos climáticos. Segundo ela, o Brasil é o país com o maior deslocamento interno no continente americano. Para a diretora, a contribuição de especialistas e pesquisadores será importante para construir um plano embasado em evidências, que considere a realidade nacional e que aponte caminhos para as principais tarefas do setor para adaptá-lo à mudança do clima. “Qual o esforço que o setor saúde precisa fazer para se adaptar?”, indagou.
O pesquisador da Fiocruz e professor da Universidade Federal da Bahia, Maurício Barreto, falou sobre os impactos da mudança do clima para a saúde humana, com efeitos que podem ser diretos, indiretos, de curto, médio e longo prazos. Ele citou a importância da rede de Saúde da Família do Sistema Único de Saúde (SUS) na resposta às emergências climáticas, que é a primeira forma de contato para cerca de 140 milhões de brasileiros ou 70% da população do país.
Sobre o Plano Clima
Com vigência de 12 anos, o Plano Clima deve ser revisto a cada quatro anos. A perspectiva é que o plano setorial da área de saúde fique pronto até junho de 2024. A elaboração do Plano Clima é coordenada pelo Ministério do Meio Ambiente e Mudança do Clima e co-coordenada pelo Ministério da Ciência, Tecnologia e Inovação. Neste ano, foram realizadas oficinas sobre justiça climática e emergência climática.