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20ª SNCT: Ao completar 25 anos, programa científico LBA incorpora diretrizes para desenvolvimento sustentável da Amazônia
Bruce Forsberg - Coordenador científico do LBA Foto: Rodrigo Cabral
Ao completar 25 anos de existência, o Programa de Grande Escala da Biosfera-Atmosfera da Amazônia (LBA), conduzido pelo Instituto Nacional de Pesquisas da Amazônia (Inpa), incorporou novas diretrizes ao plano científico, buscando o desenvolvimento sustentável. A motivação é oriunda dos riscos e impactos das mudanças climáticas sobre a maior floresta tropical do planeta. As conquistas e os novos desafios do programa estão em consonância com a 20ª Semana Nacional de Ciência e Tecnologia, cujo tema é “Ciências Básicas para o Desenvolvimento Sustentável" está alinhado aos 17 Objetivos de Desenvolvimento Sustentável estipulados pela Organização das Nações Unidas (ONU).
“Nossa ideia é fazer tudo o que pudermos para manter a floresta em pé, evitar essa mudança climática de maior impacto que é prevista, aproveitando melhor as áreas que foram desmatadas em prol de uma bioeconomia de baixo impacto de carbono. Queremos também continuar estudando a floresta e o impacto sobre o clima, monitorando as mudanças do uso da terra para garantir a floresta em pé”, explica o coordenador científico do LBA, Bruce Forsberg.
Entre as iniciativas que Forsberg pretende articular está a recuperação de áreas degradadas por meio de reflorestamento e de produção de baixo impacto de carbono, como a exploração da piscicultura. Segundo ele, estudos iniciais realizados no Acre demonstraram que a produção de peixe emite 30 vezes menos gases de efeito estufa por quilo comparada à produção de gado em pasto extensivo. Também estão em avaliação a cooperação com países amazônicos para estudos de solo e a inclusão de iniciativas de ciência cidadã, com a participação das comunidades ribeirinhas, tradicionais e indígenas.
Colaboração internacional e formação de recursos humanos
O LBA é considerado um dos maiores projetos de cooperação científica internacional. Segundo informações do programa, foram registradas 62 colaborações internacionais com nove países. No Brasil, o programa reuniu 49 instituições de 13 estados. As ações empreendidas contribuíram com a criação e o fortalecimento de um programa de doutorado, quatro cursos de mestrado e dois cursos de bacharelado e licenciatura. Mais de 5 mil pessoas foram capacitadas.
O programa que se iniciou em 1998, em um momento de discussão global sobre as mudanças climáticas, foi liderado pelo Brasil em cooperação com os Estados Unidos, por meio da Agência Nacional de Aeronáutica e Espaço (Nasa), União Europeia e países amazônicos em torno de sistemas de observação da Terra. Inicialmente, era coordenado pelo Instituto Nacional de Pesquisas Espaciais (Inpe) e, a partir de 2003, ficou sob a responsabilidade do Inpa. Em 2010, o LBA foi instituído como um programa do Ministério da Ciência, Tecnologia e Inovação (MCTI).
O programa mantém uma rede ativa de torres de baixa altitude, composta atualmente por 16 infraestruturas que permitem continuar a compreender a Floresta Amazônica e seu o papel na regulação do clima, em escala regional e global.
Além das milhares de publicações científicas resultantes das pesquisas, o papel central do programa está na formação das novas gerações de pesquisadores sobre a região amazônica. Dados compilados pelo programa revelam que mais de 850 mestres e doutores concluíram estudos nos programas do Inpa e de instituições parceiras em duas décadas e meia do programa.
“Na área de estudos de clima, meio ambiente com relação à clima, ciclos biogeoquímicos e hidrológicos, [o LBA] foi a principal força no país para a formação dessas pessoas. São brasileiros, pessoas que vão fazer todo o trabalho voltado para o desenvolvimento regional e nacional”, relata o coordenador científico do programa.
Hoje, esses profissionais atuam liderando projetos de pesquisa e avançando na fronteira do conhecimento. É o caso da professora da Universidade Federal do Oeste do Pará, Daniela Pauletto, que atualmente trabalha no Instituto de Biodiversidade e Florestas. Ela destaca que o LBA proporcionou a realização do curso de mestrado no Inpa e que obteve apoio para realizar coletas de campo no Mato Grosso e, posteriormente, participar do projeto do LBA em São Gabriel da Cachoeira (AM).
“As coletas que fizemos foram inseridas em banco de dados que têm resultado em várias publicações em rede de pesquisadores. Os treinamentos e oportunidades de participação em eventos científicos foram fundamentais para minha formação e acesso ao mercado de trabalho”, afirma Daniela, que faz doutoramento na Rede Bionorte pelo programa de pós-graduação em biotecnologia e biodiversidade.
20ª SNCT
A 20ª Semana Nacional de Ciência e Tecnologia será realizada por todo o Brasil com ações em universidades, instituições de pesquisa, escolas públicas e privadas, centros e museus, fundações de apoio à pesquisa, parques ambientais, secretarias estaduais de ciência e tecnologia, empresas e parques tecnológicos. Em Brasília (DF), a SNCT será realizada de 14 a 20 de outubro, no Centro de Convenções Ulysses Guimarães. Os eventos serão gratuitos e abertos à comunidade.