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Cientistas utilizam o Sirius para pesquisa sobre o cimento
Todo semestre o Centro Nacional de Pesquisa em Energia e Materiais (CNPEM), organização supervisionada pelo Ministério de Ciência, Tecnologia e Inovação (MCTI), abre uma chamada para pesquisadores que desejam utilizar as instalações do Sirius (fonte de luz síncrotron brasileira), em seus projetos de estudos. Localizado em Campinas, no interior de São Paulo, o Sirius é o maior e mais complexo sistema de infraestrutura científica já construído no País.
Entre os últimos selecionados na última chamada estão o professor da Universidade do Estado de Santa Catarina, Paulo Ricardo de Mato, orientador da pesquisa de José da Silva Andrade Neto, professor da Universidade do Estado de Santa Catarina e doutorando da Universidade Federal do Rio Grande do Sul. Eles passaram 48 horas usando uma das seis linhas em operação no Sirius.
A Linha Ema, utilizada no projeto dos pesquisadores, permite a investigação de materiais submetidos a condições extremas de temperatura, pressão ou campo magnético. Paulo Ricardo e José usam esta fonte de luz síncroton para investigar informações sobre o cimento. “Estamos avaliando o que tem dentro de um cimento. Este é o material mais produzido do planeta. São mais de 4 bilhões de toneladas por ano”, disse Paulo Ricardo.
O objetivo do projeto deles é encontrar uma maneira para aprimorar a fabricação deste material. “A minha pesquisa quer entender como otimizar o processo de fabricação do cimento. Ele é usado há aproximadamente 200 anos e pode ser visto como um vilão pela grande emissão de CO2 (dióxido de carbono) cerca de 8% no mundo todo”, contou José. “Qualquer coisa que a gente avance neste sentido é muito impactante em termos ambientais, mas também em termos socioeconômicos se produzirmos cimentos mais baratos”, completou o orientador.
O Sirius - Para o processo químico na fabricação do cimento é necessária uma temperatura aproximada de 1.450°C e a Linha Ema é um importante instrumento para chegar nesta temperatura. “Aqui a gente consegue fazer as análises em condições extremas colocando maiores pressões e temperaturas nas amostras”, explicou José da Silva Neto.
De acordo com Paulo Ricardo, o estudo no Sirius é fundamental para a precisão e agilidade no estudo realizado por eles. “Esta é uma das instalações mais avançadas do mundo de fonte de luz síncroton e a gente tem acesso a medidas de muita qualidade e precisão. E também conseguimos aplicar o que acontece em um forno de cimento em tempo real com uma qualidade não atingível em outra instalação”, disse.
José Neto conclui que a pesquisa que está realizando pode contribuir de uma forma muito abrangente para a sociedade. “Cada cimenteira utiliza materiais diferentes para a produção do cimento. Então a nossa pesquisa também quer caracterizar o cimento de todas as regiões do país: norte, nordeste, centro-oeste, sul e sudoeste. E entender como as especificidades de cada lugar interfere na qualidade do cimento”, falou. “Assim a gente pode partir para planos estratégicos de como melhorar a produção do cimento em um caminho mais sustentável diminuindo a temperatura e também otimizando o cimento para aplicação”, finalizou.