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Plano Plurianual fortalece atuação do MCTI e Inpe na agenda climática
Foto: Freepik
O Ministério da Ciência, Tecnologia e Inovação (MCTI) e o Instituto Nacional de Pesquisas Espaciais (Inpe) serão responsáveis por ampliar o número de instrumentos de informações, previsões e modelos de mudanças climáticas. As metas estão estabelecidas no programa de emergência climática do Plano Plurianual (PPA) apresentado nesta quarta-feira (30), em Brasília. De acordo com o documento, que estabelece as prioridades do governo federal para o período de 2024 a 2027, as instituições também contribuirão com o fornecimento de informações técnico-científicas para a adoção de medidas de mitigação e adaptação.
O Plano estabelece as emissões de gases de efeito estufa como um dos seis indicadores-chave. As metas calculadas consideraram a 6a edição das Estimativas Anuais de Gases de Efeito Estufa, publicada em 2022, tendo como ano-base 2020.
“O MCTI tem usado da melhor ciência para elaborar o inventário nacional de emissões de gases de efeito estufa. A robustez desse trabalho dá respaldo às negociações do Brasil perante a Convenção do Clima. Além disso, permite que o governo use como um dos indicadores estratégicos para o próximo ciclo de PPA, pois as metodologias do ‘estado da arte da ciência’ são adotadas na quantificação das emissões”, avaliou o diretor do Departamento para o Clima e Sustentabilidade do MCTI, Osvaldo Moraes.
O combate ao desmatamento e o enfrentamento da emergência climática estão entre os programas prioritários do PPA, que restabeleceu a capacidade de planejamento do Estado brasileiro.
O programa de emergência climática, que será conduzido pelo Ministério do Meio Ambiente e Mudança do Clima, propõe fortalecer a ação nacional frente à mudança do clima, enfrentando os desafios dos impactos causados pelo aumento das emissões de gases de efeito estufa na atmosfera pela atividade humana. O programa também atua na promoção de resiliência aos eventos climáticos extremos, viabilizando de forma transversal as oportunidades da transição para a economia de baixo carbono.
A contribuição do MCTI e do Inpe se pautará na produção, sistematização e disponibilização de informações, previsões e modelos sobre mudança do clima. As iniciativas contemplam os aspectos de mitigação, adaptação e aumento da resiliência a eventos climáticos extremos.
As metas estão direcionadas para aperfeiçoar os sistemas existentes, por meio da geração de novas informações que apoiem a tomada de decisão em uma interface entre ciência e políticas públicas. O Sistema de Registro Nacional de Emissões (SIRENE), que será utilizado para o acompanhamento das metas de redução de emissões de gases de efeito estufa, deverá receber um novo módulo para receber os inventários de empresas. A medida amplia a capacidade de mensurar as emissões sob metodologias internacionalmente aceitas.
Em relação à plataforma AdaptaBrasil MCTI, que disponibiliza informações sobre riscos e impactos climáticos para apoiar o planejamento de ações em adaptação, está prevista a ampliação do escopo de informações disponibilizadas. O planejamento envolve adicionar dados aos setores estratégicos existentes, como em saúde - inserindo informações sobre a incidência de doenças vetoriais no território, e no setor de infraestrutura expandindo para os modais rodoviário e ferroviário. Novos indicadores devem ser acrescentados para a área econômica, quantificando os impactos das mudanças climáticas nas atividades produtivas e o custo da inação climática.
O Simulador Nacional de Políticas Setoriais e Emissões (Sinapse) será aperfeiçoado para uma versão 2.0. A ferramenta permite projetar cenários de reduções de emissões, considerando políticas setoriais de mitigação.
Supercomputador e modelagem climática
O PPA também menciona o desenvolvimento de novos instrumentos. Entre eles está a renovação do sistema de supercomputação do Inpe, que revigorará a capacidade da instituição na área de modelagem climática, e o desenvolvimento de um modelo climático comunitário que permitirá produzir com mais precisão projeções de cenários futuros e, com isso permitir gerar informações que possam ser utilizadas em ações de prevenção em relação aos eventos extremos.
De acordo com o coordenador-geral de Ciências da Terra do Inpe, Gilvan Sampaio, prever com precisão e antecedência de meses o clima e, principalmente, o tempo em escalas de horas e dias é um dos maiores desafios técnico-científicos atuais. “Temos que ter informações confiáveis em tempo real das condições atmosféricas presentes e futuras, principalmente sobre eventos extremos. A importância se qualifica principalmente pela preservação da vida de pessoas e mitigação de prejuízos, mas também para o planejamento estratégico de setores importantes do país como o de energia, agricultura e recursos hídricos”, explica.
O Inpe está trabalhando no MONAN (Model for Ocean-Land-Atmosphere Prediction), modelo climático que está sendo desenvolvido com a participação da comunidade científica nacional e é adaptado para as condições tropicais e subtropicais da América do Sul. Além disso, o Inpe está expandindo o monitoramento para todos os biomas brasileiros. Para tanto o projeto TerraClass, fruto da parceria entre o Inpe, Embrapa e IBGE, permitirá qualificar o desflorestamento e com isso fornecer subsídios importantes para o melhor entendimento das formas de uso e cobertura da terra dos biomas brasileiros.