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Debate preparatório para a 5ª CNCTI aborda desafios para uma Amazônia sustentável
Rodrigo Diniz ( ASCOM/MCTI)
As ações necessárias para que o Brasil alcance uma Amazônia Sustentável foram tema de mais uma mesa de debates preparatórios para a 5ª Conferência Nacional de Ciência, Tecnologia e Inovação (CNCTI). O painel da 75ª reunião da Sociedade Brasileira para o Progresso da Ciência (SBPC), realizado nesta quinta-feira (27), contou com representantes de duas unidades de pesquisa do MCTI: o Museu Paraense Emílio Goeldi e o Instituto Nacional de Pesquisas da Amazônia (INPA).
Ima Célia Vieira, pesquisadora do Museu Goeldi, explicou as políticas empreendidas para conservar a floresta. Entre eles estão a política de desmatamento zero até 2030; fortalecer as cadeias produtivas, o pagamento de serviços ambientais, produção de conhecimento e capacitação. Para o sucesso dessas iniciativas é necessária a participação das instituições de pesquisa da região.
“Na Amazônia há uma série de instituições que estão em todos os Estados. Institutos, campis, universidades precisam de apoio para colocar todo o seu potencial de trabalhar na região com ciência, tecnologia e inovação”.
Vice-presidente da SBPC, Paulo Artaxo, afirmou que o modelo atual de exploração da Amazônia é predatório e insustentável, baseado em atividades ilegais e alta desigualdade. Segundo ele, as mudanças climáticas já atingem a Amazônia, mas ações de preservação colocam o país em vantagens estratégicas no campo internacional.
“Uma vantagem estratégica nos dados de desmatamento no Brasil é a remoção de CO2 pelas florestas naturais. Nenhum país consegue sequestrar 600 milhões de toneladas de CO2 por ano por causa da existência da floresta preservada”.
Adalberto Val, do Instituto Nacional de Pesquisas da Amazônia, reforçou que a principal riqueza da região é o que ainda está escondido e pode ser usado pela ciência para solução de problemas. Ele também considera baixos os valores investidos em pesquisa na região tendo em vista o tamanho e relevância da área para o país
“A diversidade da Amazônia não é só dos peixes, frutos ou insetos, mas o que está escondido no genoma desses organismos. O pirarucu, por exemplo, cresce 15 quilos no primeiro ano de vida. Isso tem um potencial imenso para resolver a questão da segurança alimentar, e a gente pode caminhar explorando essas características que a gente tem”.
Já Rita Mesquita, secretária de Biodiversidade, Florestas e Direitos Animais do Ministério do Meio Ambiente e Mudança do Clima, destacou o papel das políticas de combate ao desmatamento; o diálogo entre os pesquisadores e conhecimentos dos povos tradicionais e a gestão sobre a destinação de territórios na Amazônia.
“Essa gestão integrada de paisagens é essencial para uma Amazônia sustentável. As unidades de conservação e terras indígenas têm sido um freio para o avanço do desmatamento. Isso precisa fazer parte de uma estratégia, e a gente precisa se afastar dessa noção de que áreas protegidas estão comprometendo o desenvolvimento”.