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No Senado, MCTI defende educação para ampliar a percepção social sobre a ciência
Foto: Edilson Rodrigues/Agência Senado
A secretária de Políticas e Programas Estratégicos do Ministério da Ciência, Tecnologia e Inovação (MCTI), Marcia Barbosa, defendeu a educação inclusiva e cativante como mecanismo para assegurar que as futuras gerações possam perceber a ciência como uma autoridade do conhecimento. Ela participou da audiência pública por videoconferência realizada pela Comissão de Ciência e Tecnologia do Senado Federal nesta quarta-feira (28) que debateu a percepção social sobre ciência.
“O filósofo alemão Max Weber dizia que as pessoas só reconhecem três tipos de autoridade: a autoridade anciã, a autoridade legislativa e autoridade carismática. E a ciência nunca esteve em nenhum desses grupos”, explicou.
Para a secretária, uma das ações para que a ciência obtenha reconhecimento público como autoridade é trabalhar na difusão do método científico e na modernização na educação para cativar as novas gerações. Ela acredita que essas medidas possam surtir efeito no futuro, para que a sociedade esteja mais habituada a lidar com evidências e, portanto, tenha condições de levar essa mensagem para as esferas decisórias, pois é dessa sociedade que emergem as lideranças para todos os setores, como político, público e empresarial.
“Precisamos criar na população um reconhecimento à ciência. Isso só ocorre por meio da educação. Esse é um debate que precisa ser público, nascer no âmbito educacional e tem que estar associado à diversidade”, afirmou Barbosa. Ela defendeu a inclusão de diferentes grupos sociais nesse processo para que a ciência possa pemear todas a sociedade.
A diretora da Sociedade Brasileira para o Progresso da Ciência (SBPC), Laila Salmen Espíndola, enfatizou a importância da diversidade para a produção do conhecimento, pois é preciso “todos os tipos de inteligência” e lembrou que a divulgação científica deve ser a palavra ordem contra a indústria de fake news. Espíndola, que é coordenadora do programa de pós-graduação de medicina da Universidade de Brasília, lembrou que as campanhas de desinformação cresceram durante a pandemia. “Investir na disseminação do cohecimento científico signica investir na redução de gastos com saúde, significa investimento na economia”, exemplificou.
A presidente da Academia Brasileria de Ciências (ABC), Helena Nader, lembrou que a negação da ciência não é algo novo. “Quem não conhece o caso de Galileu Galilei que teve que provar as teorias que a Terra gira? Isso está voltando. Ela destacou que o negacionismo é um movimento mundial, que está exacerbado e que o Brasil integra esse contexto. “A quem interessa isso?”, perguntou associando o aumento da circulação da desinformação às redes sociais.
Pesquisas
O professor da Universidade Federal de Minas Gerais e pesquisador e Instituto Nacional de Ciência e Tecnologia em Comunicação Pública da Ciência e Tecnologia, Yurij Castelfranchi, apresentou dados sobre pesquisa conduzida pelo Centro de Gestão e Estudos Estratégicos (CGEE), unidade vinculada ao MCTI, que aponta a limitação de acesso ao conhecimento científico no país. Enquanto 62% da população brasileira declara algum nível de interesse no assunto, 93,2% dos entrevistados não souberam apontar o nome de algum cientista e 88% não se lembrava de nenhuma instituição de ciência. Mesmo assim os dados revelam que, comparado à média mundial, os brasileiros estão mais interessados em ciência.
A íntegra da audiência pública está disponível neste link.