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Apoiado pelo MCTI, programa Escola Azul insere cultura oceânica no currículo escolar no Brasil e beneficia mais de 18 mil estudantes

Até 20 de setembro, o programa está com inscrições abertas no edital Feira de Ciências – Escola Azul, que fomenta trabalhos científicos de estudantes sobre cultura oceânica e ciência básica para o desenvolvimento sustentável

Publicado em 04/07/2023 09h53

Foto: Maria Ivone dos Santos

Desde o ano passado, a escola municipal Professora Maria Ivone Mulher dos Santos, em Navegantes (SC), adotou um jeito diferente de ensino. Depois de aderir ao programa Escola Azul, estudantes do sétimo ano saíram das salas de aula para limpar a praia e interagir com pesquisadores internacionais e alunos de outros países. Tudo sob a temática ‘oceano’ dentro de um currículo escolar que engloba várias disciplinas.

“O que mais gosto do programa é que ele oferece um monte de oportunidades para os alunos. Gravamos perguntas que foram respondidas por estudantes de Portugal no Fórum Mundial dos Oceanos. É uma troca muito rica”, exemplifica a professora de ciências Tamily Roedel. “Os alunos se sentem mais animados, estimulados, valorizados e mais conscientes”, completa.

Com o apoio do Ministério da Ciência, Tecnologia e Inovação (MCTI), a iniciativa busca levar a cultura oceânica para escolas públicas e privadas de todo o país. O programa, coordenado pelo projeto Maré de Ciência, da Universidade Federal de São Paulo (Unifesp), é reconhecido pela Unesco, agência das Nações Unidas para Educação, Ciência e Cultura, e está alinhado com os objetivos da Década da Ciência Oceânica. No Brasil, o MCTI é ponto focal dessa iniciativa proposta pela ONU que se estende até 2030.

O coordenador da iniciativa, Ronaldo Christofoletti, explica que o programa é um movimento crescente no Brasil, que nasce da base e dá o exemplo para a sociedade e o governo. Além disso, está alinhado à meta da Unesco, que prevê que as escolas tenham a cultura oceânica em suas bases curriculares, não apenas no Brasil, mas em todo o mundo. “Já não é apenas uma ideia. É prática de uma diversidade de escolas em todo o país, que dá vida a Agenda 2030, a Década do Oceano, a cultura do oceano, alinhada à realidade escolar, perto ou longe do mar”, comenta.

Com quase três anos de existência, a rede reúne 445 escolas de 14 países, abrangendo mais de 125 mil estudantes, 3,4 mil professores e 189 instituições parceiras. No Brasil, são 52 escolas, em 36 cidades, que abarcam 18.195 estudantes e 273 professores. Metade das instituições de ensino é pública e está distribuída por todo o país, de Norte a Sul, do interior às regiões costeiras, em oito estados.

Fim do plástico

No Colégio Marista de Ribeirão Preto (SP), os 400 km que separam o município do mar, não impediram a conscientização dos alunos sobre a temática dos oceanos. Na escola, que também aderiu ao Programa Escola Azul, não há mais copos de plástico, nem canudos. A iniciativa partiu de uma demanda dos próprios estudantes. “Esse protagonismo tem uma força muito grande”, conta a professora Thais Falaiche Ribeiro Pileggi.

Ela explica que a cultura oceânica é trabalhada de forma transversal, da educação infantil ao ensino médio. O uso dos mares foi discutido na disciplina de História ao falar de Grandes Navegações, e da Primeira e Segunda Guerras Mundiais. Dentro da disciplina de Geografia, estudantes elaboraram maquete com hidrografia de Ribeirão Preto até o Uruguai, destacando o impacto do lixo no oceano

“Ter uma escola azul é uma responsabilidade muito grande. Os alunos se sentem responsáveis, traz protagonismo, conscientização e mais envolvimento”, afirma a professora Thais. “Todo mundo ganha, e vamos formar cidadãos mais atentos e comprometidos”, completa.

Edital Feira de Ciências Escola Azul

Uma das iniciativas do programa Escola Azul é o edital Feira de Ciências, que está com inscrições abertas para escolas públicas ou privadas até 20 de setembro para fomentar trabalhos científicos de estudantes do ensino infantil ao técnico sobre cultura oceânica e ciência básica para o desenvolvimento sustentável. O edital também contempla educação indígena, quilombola e de jovens e adultos. Os trabalhos serão apresentados durante a 20ª Semana Nacional de Ciência e Tecnologia, maior evento de popularização da ciência do país, que será realizada em outubro. Haverá premiação de bolsas de apoio técnico para os professores e de iniciação científica júnior para os estudantes.

Confira o edital e participe

https://escolaazul.maredeciencia.eco.br/wp-content/uploads/2023/05/Edital-Escola-Azul.pdf