Notícias
Workshop da ONU no Brasil inicia com debates sobre governança oceânica
Foto: Raul Vasconcelos
A governança oceânica foi o primeiro tema debatido pelos especialistas que participam do workshop do Processo Regular do III Relatório Global do Estado do Oceano. O encontro que reúne cerca de 80 pesquisadores de 27 países, em Santos (SP), até a próxima quarta-feira (17), tem o objetivo de ouvir as principais necessidades e prioridades da região do Atlântico Sul e do Caribe.
“Fizemos workshops como este, indo até as regiões para ouvir retornos e informações dos especialistas, porque cada região tem diferentes necessidades e diferentes prioridades”, explicou Marco Boccia, representante da Divisão de Assuntos Marítimos e Direito do Mar das Nações Unidas (ONU/Doalos).
O processo regular e a realização de oficinas regionalizadas são mecanismos para a construção do relatório. O Brasil recebe o primeiro dos cinco workshops previstos para 2023, que contemplarão diferentes regiões oceânicas. Os demais serão realizados na Jamaica, Ilhas Seicheles, Portugal e Cingapura. Um simpósio internacional, em Paris, fechará o ciclo anual.
“O objetivo é obter uma cobertura global, pois este é um relatório global, um processo global, guiado pela Assembleia Geral da ONU, pelos estados-membros. A única via para ter a visão global é ir até as regiões”, complementou Boccia
O relatório é o principal das Nações Unidas sobre o estado do oceano e tem como principal objetivo oferecer a melhor ciência disponível sobre o tema aos tomadores de decisão, em especial governos, para que possam agir. “As lições ouvidas em Santos serão efetivamente levadas para as equipes que efetivamente escreverão os capítulos, garantindo que a gente tenha um relatório que representa a visão do mundo e não uma visão particular”, corroborou Roberto de Pinho, co-coordenador do grupo de especialistas globais do Processo Regular da ONU para o III Relatório Global do Estado do Oceano. O brasileiro é o primeiro a ocupar essa posição.
O processo de escuta que se iniciou no ano passado alimentou a elaboração do escopo de como deverá ser o relatório. Agora, nesta segunda fase, a organização das equipes responsáveis por escrever os 50 capítulos e o início do processo efetivo de escrita quer integrar academia com sociedade.
Outro diferencial para a última edição do relatório é a ênfase dos aspectos socioeconômicos. “Para esta edição, há uma ênfase muito forte em aspectos socioeconômicos na busca e identificação de caminhos que podem levar à sustentabilidade”, complementou Pinho.
Na última edição, o processo de elaboração envolveu mais de 300 pesquisadores na escrita e revisão.
Durante a abertura realizada na quarta-feira (10), o diretor para o Clima e Sustentabilidade do Ministério da Ciência, Tecnologia e Inovação (MCTI), Osvaldo Moraes, comparou o processo realizado para o oceano como equivalente ao realizado pelo Painel Intergovernamental sobre Mudança Climática (IPPC). “Nosso painel com cientistas é identificar as fontes e as causas das mudanças que estão ocorrendo”, disse Moraes.
Confira a versão podcast dessa matéria!