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Soluções precisam de escala para transformação da Amazônia, afirma Marcia Barbosa
Foto: Ricardo Padue/Funag
A secretária de Políticas e Programas Estratégicos do Ministério da Ciência, Tecnologia e Inovação (MCTI), Marcia Barbosa, destacou a necessidade de escala para os projetos que são realizados na região amazônica ao abrir, nesta terça-feira (17), em Brasília, o painel “Ciência para o desenvolvimento sustentável: perspectivas de cooperação entre os países amazônicos”.
“Queremos trazer questões e ideias para solução desses problemas por meio do uso da ciência no desenvolvimento de novas ferramentas”, afirmou a secretária ao abrir o painel.
A sessão integrou a programação do segundo dia do seminário para o desenvolvimento sustável da Amazônia. O evento organizado pelo Ministério das Relações Exteriores (MRE) vai construir a posição brasileira para a Cúpula da Amazônia, que será realizada em agosto, em Belém (PA).
Marcia Barbosa também anunciou que o MCTI vai propor um evento preparatório para Cúpula da Amazônia com o objetivo de reunir pesquisadores dos países que integram a OTCA para discutir biodiversidade e bioeconomia. “Qual o papel de compreender a biodiversidade para o potencial de desenvolvimento? Para fazermos uma transição energética ou uma transformação da agricultura, precisamos transicionar de reações químicas tradicionais, que é a ciência do século XX, para reações biológicas, ou seja, usar enzimas e proteínas. E isso se aprende justamente no catálogo da biodiversidade brasileira”, explicou a secretária.
A secretária Marcia apresentou brevemente alguns dos projetos que são financiados pelo MCTI na região amazônica, como o Sistema Amazônico de Laboratórios Satélites SALAS, em que parte das unidades são flutuantes para atender as peculiaridades da região no abrigo aos pesquisadores que precisam trabalhar no meio da floresta. Ela citou também o projeto de cadeias produtivas da bioeconomia que trabalha para agregar valor e gerar renda às comunidades locais a partir de produtos da biodiversidade local, como açaí, cupuaçu e pirarucu. “Se conseguirmos empregar pessoas com outras produções locais, conseguiremos competir com outras atividades econômicas danosas”, afirmou Marcia.
A secretária lembrou ainda que a Amazônia abriga projetos científicos que estão na fronteira do conhecimento, como a Torre ATTO e o AmazonFACE. “É ciência de ponta. Quem está participando disso são os pesquisadores da Amazônia em rede com pesquisadores internacionais”, disse.
Centro de Síntese - A gerente do Centro de Síntese em Biodiversidade e Serviços Ecossistêmicos do Conselho Nacional de Desenvolvimento Científico e Tecnológico (SinBiose/ CNPq), Marisa Mamede, apresentou a experiência do projeto de ciência de síntese. Segundo ela, são grupos transdisciplinares, atores acadêmicos e não-acadêmicos, que se reúnem em torno de um tema complexo, para organização de dados de modo mais avançado. “Essa abordagem tem potencial maior de produzir inovação e oportunidade de contribuir para interface entre ciência e tomada de decisão”, explicou ela.
O Sinbiose é o primeiro do gênero na América Latina, implementado em 2019 após planejamento participativo. Quatro dos projetos selecionados na primeira chamada tinham o foco a Amazônia. Mamede apresentou rapidamente dados dos projetos como exemplos do potencial de contribuição desse tipo de pesquisa.
Peculiaridades amazônicas - O reitor da Universidade Federal de Roraima (UFRR), José Geraldo Ticianeli, falou sobre desafios, potencialidades e perspectivas da cooperação técnico-científica entre as universidades dos países amazônicos. Ele citou dados sobre as peculiaridades da região para acessão e manutenção de estudantes no ensino superior, bem como para direcionamento de verbas para projetos de pesquisa e fixação de jovens doutores. Como exemplo da necessidade de cooperação internacional, Ticianeli lembrou que sua universidade está a 100km da Guiana e a 200km da Venezuela e que há urgente necessidade de desenvolver a cooperação científica em prol do desenvolvimento sustentável da região. “Nós temos que nos conhecer melhor para desenvolver”, afirmou.
Também efetuaram apresentações o Observação de Observatório Regional Amazônico, Organização do Tratado de Cooperação Amazônica (OTCA), o Programa Brasil-OTCA da Agência Brasileira de Cooperação, Ministério das Relações Exteriores (ABC/MRE) e o Instituto Nacional de Pesquisas da Amazônia (INPA). A partir das apresentações, o painel sugeriu propostas aos organizadores do seminário como ações para a Cúpula da Amazônia.
Assista ao evento na íntegra neste link.