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Webinário vai apresentar projetos apoiados pelo Centro Brasil-Argentina de Nanotecnologia
O Centro Brasileiro-Argentino de Nanotecnologia (CBAN) promove na próxima terça-feira (25) o primeiro webinário do ano para apresentar as cinco pesquisas aprovadas na chamada pública de projetos cooperativos. O evento faz parte do Programa Binacional em Ciência, Tecnologia e Inovação, celebrado no início do ano pela ministra da Ciência, Tecnologia e Inovação, Luciana Santos, e o ministro de Ciência e Tecnologia da Argentina, Daniel Filmus. O webinário tem transmissão virtual a partir das 14h no canal do MCTI no YouTube.
O evento tem o objetivo de promover a troca de conhecimentos, o intercâmbio de tecnologias e a divulgação da infraestrutura disponível em cada país. A chamada pública, lançada em 2022, contou com R$ 1,2 milhão de investimento dos dois países em projetos de pesquisa voltados ao uso da nanotecnologia nas áreas de saúde, energia, meio ambiente e agricultura. Cada projeto tem um coordenador brasileiro e um argentino.
As pesquisas apresentadas no webinário tratam do uso da nanotecnologia no desenvolvimento de baterias de lítio; estratégias para uso racional de antibióticos na pecuária; nanotermometria em redes neurais vivas; materiais híbridos para aplicações ambientais; e nanoparticulas cerâmicas para uso em dispositivos de conversão e armazenamento de energia.
O CBAN é um centro virtual que foi instituído por Brasil e Argentina em 2005. Pelo lado brasileiro, a coordenação é realizada por um representante da Secretaria de Desenvolvimento Tecnológico e Inovação do MCTI (Setec) e um do Centro Brasileiro de Pesquisas Físicas (CBPF). O Centro conta ainda com um Comitê Integrado, composto por quatro pesquisadores brasileiros e quatro argentinos atuantes em nanotecnologia.
Conheça quatro projetos que estarão no evento:
Compreendendo a regulação térmica no cérebro
Ricardo Urbano é professor da Universidade de Campinas (Unicamp) e trabalha há mais de uma década com nanopartículas em diferentes projetos. A pesquisa que ele coordena, com apoio do CBAN, busca compreender os mecanismos de regulação de temperatura no cérebro por meio do uso de nanopartículas como aquecedores e termômetros locais. Os testes inicialmente in vitro têm o potencial de responder se as células cerebrais são capazes de detectar as mudanças de temperatura e se essas variações afetam a rede cerebral em seres vivos.
Segundo ele, devido à complexidade da pesquisa, a parceria com a equipe argentina é essencial ao integrar uma equipe multidisciplinar com especialidades que se complementam.
“O nosso grupo no Brasil fornecerá a experiência e infraestrutura laboratorial e capacidade técnica necessária para a síntese, caracterização e uso de nanopartículas. Os Drs. Rosato-Siri e Marpegan, da Argentina, fornecerão o conhecimento biológico necessário, e o Dr. Martinez desempenhará um papel fundamental para a ponte entre ambos os grupos e fornecerá conhecimentos fundamentais de química de nanopartículas”, conclui.
Nanotecnologia aplicada ao desenvolvimento de materiais para baterias de lítio
O grupo de pesquisa do professor Gustavo Doubek, da Unicamp, trabalha em tecnologias ligadas à transição energética, como baterias de lítio e células a combustível. No projeto apoiado pelo CBAN, o foco é o desenvolvimento de novos materiais para uso em baterias de lítio-íon e lítio-oxigênio. O grupo atua há 5 anos no desenvolvimento de armazenadores de energia e possui parcerias com Reino Unido, Estados Unidos e Suíça.
Segundo o pesquisador, a cooperação com a Argentina abre novos horizontes na América do Sul. Ele também observa que as nações contam com reservas e suprimentos de metais que são matérias-primas das baterias.
“A parceria é algo que está nascendo agora, e acredito que poderá contribuir muito com os nossos objetivos. O Grupo de Eletroquímica na Argentina possui uma grande experiência na testagem e síntese de novos materiais para baterias de lítio-ion, logo pretendemos somar esforços no sentido de consolidar novos materiais, mapear módulos de falha e com isso subir o TRL (maturidade tecnológica) para a tecnologia”.
Estudo de nanopartículas cerâmicas em dispositivos de conversão e armazenamento de energia
Ronaldo Santos da Silva, da Universidade Federal de Sergipe (UFS), coordena o estudo sobre nanopartículas cerâmicas para aplicação em dispositivos de conversão e armazenamento de energia. A pesquisa responde à demanda mundial por novas fontes de energia com baixo impacto ambiental. O pesquisador investiga as propriedades elétricas em materiais há cerca de 20 anos. Na linha específica apoiada pelo CBAN, a dedicação é de 6 anos.
“Pretendemos desenvolver um protótipo de conversão e armazenamento de energia renovável a partir de materiais processados e caraterizados pela equipe envolvida. Espera-se que ao final do projeto se tenha domínio para o desenvolvimento de novas fontes de energia com baixo impacto ambiental, promovendo a descentralização da produção de energia”, afirma.
O apoio do CBAN, complementa, permite uma aproximação maior entre os grupos de pesquisa dos dois países e deve acelerar o desenvolvimento do trabalho. A equipe argentina foca os esforços no estudo de células solares, enquanto a brasileira estuda eletrólitos de estado sólido.
Materiais Híbridos Nanoporosos para Aplicações Ambientais
O projeto de pesquisa do professor Sidney Ribeiro, da Universidade Estadual Paulista (Unesp), utiliza a nanotecnologia para combater a poluição de rios e outros corpos d´água por meio da filtragem de contaminantes. O objetivo é utilizar as propriedades superiores dos nanomateriais para o desenvolvimento de filmes e membranas de fácil manejo que possam ser usadas nos cursos de água.
“Por conta de suas propriedades eletrônicas e de superfícies únicas, nanomateriais inorgânicos ou nanopartículas plasmônicas apresentam propriedades (foto)catalíticas e adsortivas superiores, acarretando em excelente capacidade de remoção de contaminantes orgânicos (fármacos, pesticidas, corantes, dentro outros) bem como metais pesados”, explica.
O pesquisador conta com 10 anos de dedicação a essa linha de pesquisa. Segundo ele, a parceria com o grupo argentino acrescenta a experiência de longa data no desenvolvimento dos nanomateriais. “A sinergia prevista para a interação entre os grupos certamente levará a materiais inovadores e com grande aplicação na área ambiental”, finaliza.