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MCTI investe R$ 37 milhões em pesquisas sobre resistência antimicrobiana
O ‘Seminário Marco Zero’, que se iniciou nesta segunda-feira (03), inaugura a execução dos 19 projetos selecionados para pesquisa, desenvolvimento e inovação para enfrentamento da resistência antimicrobiana. O assunto está entre as prioridades na temática de saúde do Ministério da Ciência, Tecnologia e Inovação (MCTI).
O edital lançado em 2022 pelo Conselho Nacional de Desenvolvimento Científico e Tecnológico (CNPq) recebeu investimento de R$ 37 milhões de recursos não-reembolsáveis do fundo setorial de saúde (CT-Saúde) do Fundo Nacional de Desenvolvimento Científico e Tecnológico (FNDCT).
Estima-se que a resistência aos antibióticos tenha sido diretamente responsável por cerca de 1,27 milhão de mortes em todo o mundo e associada a cerca de 4,95 milhões de mortes em 2019. De acordo com a Organização Mundial da Saúde (OMS), até 2050, cerca de 10 milhões de óbitos anuais poderão ser atribuídos à resistência antimicrobiana. Sem uma mudança de abordagem para conter o problema, até 2050, a resistência antimicrobiana poderá causar mais mortes que o câncer.
“Não resta dúvida sobre a relevância do tema da resistência antimicrobiana, considerada um dos maiores desafios dos sistemas de saúde contemporâneos”, afirmou a secretária de Políticas e Programas Estratégicos do MCTI, Marcia Barbosa, na abertura do seminário.
O fenômeno da resistência aos antibióticos, a chamada resistência antimicrobiana, ocorre quando bactérias, fungos, vírus e parasitas sofrem mutações genéticas, reduzindo ou eliminando a eficácia do medicamento existente para curar ou prevenir infecções. As causas estão relacionadas ao uso indevido e excessivo de antibióticos em humanos, animais e plantas. Também contribuem a falta de acesso à água limpa e ao saneamento, más práticas de prescrição médica e a interrupção do uso da medicação. Segundo a Organização Pan-Americana da Saúde (OPAS), o uso excessivo e indevido de antibióticos durante a pandemia de Covid-19 deverá acelerar o surgimento e disseminação da resistência microbiana.
Os projetos selecionados envolvem os temas de prevenção de infecções, mecanismos que promovem o surgimento e a disseminação, incluindo sistemas de produção agropastoril e a transmissão nos ambientes hospitalares. Também estão contemplados o apoio para ensaios clínicos de desenvolvimento de novos antibióticos e a formação de redes para identificação, monitoramento e sequenciamento genético de cepas resistentes em todo território nacional.
“Conto com essa rede para que possamos desenvolver uma política nacional e, a partir disso, dialogar com outros países do mundo para ter uma reflexão mundial sobre o tema”, destacou Marcia após mencionar a recente participação na reunião do G-20. A reunião dos conselheiros científicos teve a saúde como um dos temas centrais debatidos.
A realização do seminário vai permitir integrar os diferentes grupos de pesquisa, difundir boas práticas e facilitar a cooperação. De acordo com o coordenador-geral de Ciências da Saúde, Biotecnológicas e Agrárias, Thiago Moraes, o seminário permite que a pasta ministerial acompanhe com proximidade a execução dos projetos e consiga utilizar os resultados como subsídios na elaboração de políticas públicas. “O seminário também permite estabelecer cooperações entre os projetos, que podem ser complementares”, afirmou Moraes.
Foto: Raul Vasconcelos/ Ascom MCTI