Notícias
Empresas, cientistas e comunidades produtivas buscam oportunidades de negócios para o licuri
O Centro Nacional de Pesquisa em Energia e Materiais (CNPEM) realizou nesta quinta-feira (13) o 2o Simpósio Licuri – Oportunidades para negócios em Bioeconomia. A iniciativa foi organizada em parceria com as Universidades Federais de Pernambuco (UFPE) e do Rio Grande do Sul (UFRGS), o Núcleo de Bioprospecção da Caatinga (NBioCaat), a Cooperativa de Produção da Região do Piemonte da Diamantina (Coopes), Embrapii e a Secretaria de Políticas e Programas Estratégicos do Ministério da Ciência, Tecnologia e Inovação (SEPPE/MCTI). O evento contou com mais de 200 inscritos, entre participantes presenciais e audiência online.
A secretária de Políticas e Programas Estratégicos (SEPPE/MCTI), Marcia Barbosa, afirmou que os projetos relacionados aos mais diversos aspectos da bioeconomia têm prioridade para o MCTI e assunto transversal para o governo. “Minha tarefa é difícil, mas fundamental. Aprender, provocar e identificar nesse projeto conhecimentos valiosos para serem replicados em outras áreas. A ciência se beneficia do conhecimento acumulado e compartilhado e é preciso dar continuidade às ideias que funcionam”, explicou Barbosa.
Típico do bioma Caatinga, o fruto da palmeira Syagrus coronata tem amêndoa rica em óleo com potencial para inúmeras aplicações. Tradicionalmente, o óleo de licuri é utilizado por comunidades tradicionais para usos como cicatrizante, para o controle da pressão alta e do diabetes.
“Estamos aplicando diversas metodologias, inclusive algumas desenvolvidas dentro do CNPEM, para investigar a composição química e o potencial de efeitos farmacológicos de moléculas do óleo de licuri e estamos muito animados com o interesse das empresas por todo o trabalho que vem sendo realizado”, afirmou a diretora interina do Laboratório Nacional de Biociências (LNBio), Sandra Dias, sobre as investigações e como o diálogo com os diferentes entes envolvidos no projeto tem sido produtivo e enriquecedor.
A pesquisadora Daniela Trivella, do CNPEM, apresentou as diversas metodologias usadas para aprofundar os conhecimentos sobre a composição química do óleo de licuri. “Graças a essa iniciativa de reunir diversos atores, nós pudemos identificar até agora pelo menos duas novas moléculas bioativas (além do ácido láurico) no licuri, com potencial para uso no desenvolvimento de medicamentos”, detalhou.
A polivalência do fruto não se resume ao óleo. Resíduos do processamento da amêndoa são objeto de valorização não só da comunidade que cultiva e colhe o licuri, mas também de empresas. Parte das discussões se dedicou a posicionar o licuri como opção para o mercado à base de plantas, enquanto a professora Márcia Vanusa da UFPE discutiu seus potenciais nutricionais. “O teor de proteínas nos resíduos licuri não deixa nada a desejar em comparação com outras variedades oleaginosas, com características nutricionais bastante completas. O licuri pode ser chamado do ouro desconhecido da caatinga”, afirmou Vanusa.
Sobre o projeto
O projeto “Cadeia Produtiva do Licuri MCTI: Inovação Sustentável para Bioeconomia da Caatinga” faz parte do Programa Cadeis Produtivas da Bioeconomia MCTI e é liderado pelo Núcleo de Bioprospecção da Caatinga do Departamento de Bioquímica da Universidade Federal de Pernambuco (NBIOCAAT/UFPE) em parceria com o Laboratório Nacional de Biociências do CNPEM (LNBio/CNPEM), a Faculdade de Farmácia da Universidade Federal do Rio Grande do Sul (UFRGS), o Projeto Bem Diverso da Embrapa Recursos Genéticos e Biotecnologia e a Cooperativa de Produção da Região do Piemonte da Diamantina (coopes).
O desenvolvimento de pesquisas com o óleo da amêndoa do licuri e o resíduo do seu processamento com atividades para agregar valor e desenvolver produtos avaliando no óleo e suas formulações parâmetros físico-químicos e estabilidade, toxicidade e citotoxicidade, e atividades antiviral, antibacteriana, antifúngica, antiparasitária, anti-inflamatória e antitumoral, assim como avaliar o potencial nutricional no resíduo do processamento da amêndoa.
O projeto desenvolveu seis formulações de novos produtos a partir do óleo do licuri e fortaleceu os elos iniciais desta cadeia produtiva, por meio de capacitação e disseminação de boas práticas de manejo com as comunidades locais, promovendo uma alternativa de desenvolvimento local sustentável para as populações da região do Piemonte da Diamantina (BA) no Semiárido Brasileiro. A Coopes, cooperativa beneficiada pelo projeto, possui 200 cooperados, sendo 120 mulheres de 30 comunidades extrativistas e responsáveis pela produção do óleo do licuri.
Tereza Correia, coordenadora Geral Projeto Cadeia Produtiva do Licuri (UFPE), apresentou os resultados do projeto, que entra em uma segunda fase incorporando importantes mudanças de paradigmas. “Esse é um projeto que não está restrito à atividade científica e econômica, mas abrange aspectos ambientais, socioculturais e contempla os objetivos da Agenda para o Desenvolvimento Sustentável 2030, plano de ação formulado pela Organização das Nações Unidas”, afirmou Correia.
Com informações do CNPEM
Foto: Divulgação CNPEM