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Referência na guarda e preservação de acervos pessoais de cientistas, Museu de Astronomia completa 38 anos
Foto: Luara Baggi (ASCOM/MCTI)
Mais de 60 arquivos pessoais de pesquisadores, físicos, astrônomos e engenheiros que fazem parte da história da ciência brasileira compõem o Museu de Astronomia e Ciências Afins (Mast), instituto de pesquisa vinculado ao Ministério da Ciência, Tecnologia e Inovação (MCTI) que completa 38 anos nesta quarta-feira (8).
Referência no registro da ciência nacional, o Mast abriga, por exemplo, o arquivo do CNPq que reúne a evolução da política científica brasileira entre 1951 e 1973. Outro arquivo de grande relevância que representa o desenvolvimento de quase 200 anos de ciência no Brasil é o do Observatório Nacional.
“O Arquivo de História da Ciência é uma das grandes referências no Brasil na guarda de documentos relacionados ao desenvolvimento da ciência e da tecnologia no país. Entre os fundos institucionais, vale destacar o do Conselho de Fiscalização das Expedições Artísticas e Científicas, que é uma documentação que registra a fiscalização do governo brasileiro sobre expedições feitas por indivíduos nacionais e estrangeiros entre os anos de 1933 e 1968 e que integra o programa Memória do Mundo, da Unesco”, explicou o diretor do Mast, Marcio Rangel.
Segundo ele, o Arquivo de História da Ciência abrange as áreas da física, matemática, das ciências naturais e da computação. “Não é possível estudar nenhuma dessas áreas sem necessariamente consultar o nosso acervo documental”, disse Rangel. “Recentemente, a pedido da ministra da Ciência, Tecnologia e Inovação, Luciana Santos, vamos iniciar as tratativas para a vinda dos documentos de um dos grandes físicos brasileiros, o professor Luiz Pinguelli Rosa, que esperamos, em breve, também ter o seu acervo aqui conosco”, destacou o diretor.
Entre os nomes que fazem parte desse grande acervo estão astrônomos, químicos, matemáticos, engenheiros, físicos e educadores em ciência como Alexandre Girotto, que participou de várias comissões ligadas à mineralogia; Joaquim da Costa Ribeiro, descobridor do efeito termodielétrico, também conhecido como efeito Costa Ribeiro; o doutor em física nuclear Fernando de Souza Barros, que foi um dos principais protagonistas do movimento para pôr fim ao uso de armas nucleares na América do Sul; o cientista Jayme Tionmo, especialista no estudo de partículas elementares; Elisa Frota-Pessoa, uma das fundadoras do Centro Brasileiro de Pesquisas Físicas, e muitos outros nomes relevantes da história da ciência.
“Hoje o Mast tem entre arquivos organizados e em organização, sob sua guarda, 61 arquivos. Esse número está sempre em mudança, porque a gente tem sido bastante demandado para cuidar dos arquivos pessoais. Este é o nosso foco”, afirmou o coordenador de Documentação e Arquivo do Mast, José Benito Abellas.
Localizado no Rio de Janeiro, o Mast é aberto ao público e mantém um instituto de pesquisa que oferece atividades nas áreas de arquivo, patrimônio e museologia para escolas e programas de pós-graduação e preservação. “Temos uma biblioteca altamente especializada na área da ciência e tecnologia. Qualquer pessoa pode consultar nosso arquivo. Estamos desenvolvendo a base de dados e, aos poucos, estamos organizando os arquivos digitalizados para que as pessoas possam consultar”, informou.
Acervo Tadeo Takahashi – O mais recente acervo em organização no Mast é o do professor Tadeo Takahashi. O Museu vai organizar e catalogar as 240 caixas de documentos deixados pelo pesquisador, que é considerado um dos pioneiros da internet no Brasil e tem como principal legado a fundação da Rede Nacional de Ensino e Pesquisa (RNP), em 1989.
Exposições – O Mast também oferece exposições temporárias e permanentes, como “Olhar o céu e medir a Terra”. A partir dos instrumentos de medição do tempo e do espaço, a mostra revela a relação entre a ciência e a configuração territorial do Brasil. Outra exposição permanente é “Um mapa para a República”, que exibe, por exemplo, a Carta Geral de 1922 – o primeiro mapa do Brasil na República criado para comemorar o Centenário da Independência. Já a exposição “Produzindo ciência” reúne documentos da década de 1950 da Escola de Engenharia de Juiz de Fora, que, na época, era a única instituição de ensino superior do Brasil a ter entre as suas propostas institucionais a produção e a comercialização de instrumentos científicos para a indústria, ensino e laboratórios.
De acordo com o diretor do Mast, Marcio Rangel, a demanda escolar é grande e as vagas disputadas. “As exposições são elaboradas para o público em geral, mas o público escolar, de ensino fundamental e médio, é maioria e prioritário. Quando abrimos a agenda de visitas do ano de 2023, as vagas foram completamente preenchidas até o fim do ano”, contou. “As exposições são ações fundamentais de divulgação científica.”
Localização - O Mast está situado no Morro de São Januário, Bairro Imperial de São Cristóvão, em um campus de aproximadamente 44 mil metros quadrados que abriga um patrimônio arquitetônico formado por 16 edificações da década de 1920. Além do prédio sede do Museu e do Observatório Nacional, o conjunto é composto pelos pavilhões de observação astronômica.
“O local é um campus histórico e tombado, usado em atividades de observação do céu e educativas. O passeio pelo campus é muito agradável, porque é muito bonito. É uma área verde e foi pensado para a observação das estrelas no céu”, ressaltou o coordenador de Documentação e Arquivo, José Benito Abellas.