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MCTI e Abiquim avaliam potencial de projetos conjuntos na área de bioeconomia
Representantes do Ministério da Ciência, Tecnologia e Inovação (MCTI) e da Associação Brasileira de Indústria Química (Abiquim) reuniram-se em Brasília (DF) na semana passada (3/2) para identificar pontos de sinergia e avaliar o potencial de possíveis projetos conjuntos na área de bioeconomia.
“Foi um encontro totalmente direcionado para os potenciais do setor químico dentro da bioeconomia. Temos um planejamento de ações voltadas à biomanufatura industrial, na qual os químicos renováveis serão uma das bases”, relata o responsável pelo tema na Secretaria de Políticas e Programas Estratégicos (SEPPE) do MCTI, Bruno Nunes.
Nunes destacou a importância da indústria química no processo de desenvolvimento da bioeconomia para mercados estratégicos do País e apresentou o Plano de Ação em Ciência, Tecnologia e Inovação para Bioeconomia (PACTI Bioeconomia) e a Estratégia MCTI de Bioeconomia, que consideram os Objetivos de Desenvolvimento Sustentável (ODS) da ONU e os compromissos internacionalmente assumidos pelo País. Ele afirmou que há oportunidades para construir uma agenda conjunta, mobilizando e engajando os principais atores do segmento, com ações direcionadas para o pilar de biomanufatura industrial, ou seja, o emprego de processos biotecnológicos pela indústria. Segundo Nunes, esse pilar pretende abranger programas que envolvam biorrefinarias, químicos de fontes renováveis, alimentação do futuro e transição energética e bioenergia.
“A construção desses programas depende da articulação com setores industriais. É desafiador e intencionamos dedicar maior esforço no próximo ciclo que se inicia nisso, pois precisamos entender, junto ao setor empresarial, à academia e aos demais representantes do governo, como aproveitar as oportunidades e superar os desafios apresentados pela bioeconomia brasileira, em especial para a reindustrialização nacional em bases verdes”, explica Nunes. Ele cita as biorrefinarias como um exemplo em que há necessidade de compreender quais modelos devem ser priorizados e, a partir dessas definições, direcionar os esforços para a construção de capacidades de planejamento, construção, gestão e de insumos estratégicos. “A produção e inovação biotecnológica, por exemplo, demanda diversas engenharias, envolve a Indústria 4.0 e possui um alto grau de sofisticação e de agregação de valor aos ativos brasileiros, como os advindos da agricultura e da biodiversidade”, avalia.
Na avaliação do presidente-executivo da Abiquim, André Passos Cordeiro, a reunião permitiu identificar muitos pontos de sinergia em termos de ações rumo à bioeconomia e à sustentabilidade, especialmente as relacionadas ao programa em desenvolvimento pelo MCTI, o Renova Química, que abrange a construção de capacidades nacionais para a transição no setor químico e com impactos na produção de alimentos e de bioenergia.
Segundo a entidade, a Estratégia MCTI de Bioeconomia explora diversas dimensões que são chaves para a Abiquim, que possui grande interesse em construir uma agenda conjunta com a pasta, sendo a biomanufatura Industrial o ponto que apresenta maior sinergia. “O desenvolvimento de biorrefinarias, nas quais seja possível a produção de diferentes produtos químicos a partir da biomassa ou de resíduos agrícolas, é chave para o futuro da indústria química brasileira”, expressou Cordeiro.
A entidade propõe quatro “missões” para o desenvolvimento nacional tendo a química como propulsora da sustentabilidade. Entre os temas está o uso de gás natural em substituição à nafta para a produção de químicos; uso de energia de fontes renováveis como insumo para contribuir para a descarbonização das atividades; produção de bioprodutos, como fertilizantes sustentáveis a partir de insumos da agroindústria ou do hidrogênio verde; e desenvolvimento de produção de insumos para saneamento a partir de oportunidades surgidas com o novo Marco Legal do Saneamento Básico.
A Abiquim entende que a competitividade da produção de químicos de uso industrial no Brasil pode ser impulsionada por meio de bioprodutos e produzir possíveis impactos positivos sobre a balança comercial do setor. Segundo a entidade, em 2022 o setor apresentou déficit recorde de US$ 63 bilhões.
Outro ponto destacado pela entidade é que a indústria química passará por uma grande revolução nos próximos anos, em que devem preponderar processos circulares e caminhará gradativamente para ter uma matriz de matérias-primas mais diversificada, incluindo uma parcela cada vez maior de insumos renováveis, utilizando produtos químicos com menor impacto ao meio ambiente, entre outros.