Notícias
Boletim de monitoramento genômico apresenta panorama de circulação viral da Covid-19 no Brasil nos últimos 50 dias
O primeiro boletim emitido em 2023 pela Rede Corona-Ômica-BR, publicado nesta sexta-feira (6), apresenta um panorama técnico sobre a circulação de variantes do SARS-CoV-2 no Brasil. A rede de monitoramento genômico, que integra a RedeVírus do Ministério da Ciência, Tecnologia e Inovação (MCTI), avaliou o período entre 14 de novembro de 2022 a 1º de janeiro de 2023 de amostras de 22 estados e do Distrito Federal.
No total, 14.435 genomas, ou seja, sequências virais identificadas no Brasil, foram depositadas no GISAID, iniciativa que promove o compartilhamento de dados sobre vírus, como influenza e o causador da covid-19. Foram considerados genomas completos, com alta cobertura e contendo a informação de localidade (origem). De acordo com a classificação atual da Organização Mundial de Saúde (OMS), foi observada a circulação de seis variantes, entre elas três variantes de preocupação (do inglês variants of concern - VOC): 11.045 sequências da variante Ômicron (76,5%), 1.141 da Gamma (7,9%) e 959 da Delta (6,7%).
Segundo o informe, no mesmo período, o GISAID recebeu 542.424 sequências provenientes de todas as regiões do mundo, sendo 4,5% genomas virais oriundos do monitoramento genômico na América do Sul.
O informe também apresenta a diversificação e a convergência evolutiva das subvariantes da Ômicron, como a variante recombinante XBB que emergiu recentemente. De acordo com os autores do boletim, a XBB é oriunda da recombinação de duas descendentes da BA.2, a BJ.1 e a BM.1.1.1, e já foi identificada em pelo menos 123 países. Nesta semana, a OMS emitiu alerta sobre aumento de casos da subvariante XBB.1.5.
Segundo o coordenador da rede Corona-ômica, o pesquisador Fernando Spilki da Universidade Feevale, os pesquisadores estão atentos à disseminação das sublinhagens, em especial da XBB e da XBB.1.5. “Faremos o mesmo protocolo que temos utilizado ao longo do tempo. Assim que detectado, os laboratórios que integram a Corona-ômica vão analisar como fica a resposta de indivíduos brasileiros vacinados, de acordo com os protocolos nacionais em relação a essa variante e no estudo de outras questões que estejam relacionados às características do crescimento dela em crescimento celular e em modelos animais”, explica Spilki. A rede envolve 17 laboratórios descentralizados que efetuam o sequenciamento genômico.
Para Spilki, os dados apresentados no boletim demonstram a importância da ferramenta no entendimento e combate à pandemia do SARS-CoV-2. O pesquisador reforça que o trabalho ativo das instituições e pesquisadores brasileiros se mantém ativo para enfrentar as diferentes ondas da doença. Houve intensificação do acompanhamento desde de novembro do ano passado. “Se repetindo o perfil dos anos anteriores, com dimensão no número de casos importante ao longo de janeiro e do histórico de elevação que sempre ocorre em fevereiro e março”, estima Spilki.
Corona-Ômica.Br-MCTI - A rede Corona-Ômica, iinstalada em 2020 por meio da Rede Vírus MCTI, envolve 17 laboratórios descentralizados para captação e sequenciamento genômico de amostras de Sars-CoV-2. Os pesquisadores permanecem monitorando e sequenciando o genoma, avaliando o perfil de crescimento e dispersão de variantes em circulação no território nacional.
A rede oferece suporte também aos estudos de transcritômica de forma a acompanhar a evolução vírus no Brasil, bem como as características ligadas à severidade da infecção em pacientes brasileiros. A partir dessas análises, é possível identificar mutações associadas à virulência e até mesmo a busca de potenciais estratégias terapêuticas.
Acesse o boletim neste link.