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Retrospectiva – MCTI colocou em evidência a importância da ciência antártica para o Brasil
No próximo ano, o Ministério da Ciência, Tecnologia e Inovações (MCTI) vai lançar o novo Plano Decenal para a Antártica e o maior edital da história para financiamento à pesquisa antártica. O documento foi construído ao longo de 2022 com a participação de dezenas de instituições, incluindo ministérios, Marinha do Brasil, CNPq, universidades e contribuições de pesquisadores, especialistas e da comunidade científica. As ações foram gerenciadas pela Coordenação-Geral de Oceano, Antártica e Geociências (CGOA) da Secretaria de Pesquisa e Formação Científica do MCTI.
O Termo de Execução Descentralizada no valor de R$30 milhões para o edital de pesquisas na Antártica já foi assinado com o Conselho Nacional de Desenvolvimento Científico e Tecnológico (CNPq). Os recursos são do Fundo Nacional de Desenvolvimento Científico e Tecnológico (FNDCT). Ainda não há data para o lançamento do edital.
O Plano de Ação Científica Brasileiro na Antártica apresentará as diretrizes da pesquisa brasileira na antártica até 2032. É esse documento que rege o Programa Ciência Antártica do MCTI, que tem por objetivo desenvolver pesquisa de excelência sobre a região Antártica e suas conexões com o Oceano Atlântico e a América do Sul, assegurando a permanência do Brasil como membro consultivo do Tratado da Antártica. A construção do plano decenal contou com a participação dos pesquisadores brasileiros e representantes governamentais por meio do Comitê Nacional de Pesquisas Antárticas (CONAPA), que assessora a pasta ministerial.
“É a produção científica brasileira que assegura ao Brasil a condição de membro consultivo do Tratado da Antártica, com voz e voto sobre as decisões. O Plano possibilita termos diretrizes para a próxima década estabelecer estratégias de longo prazo e aprimorar o planejamento das ações no que se refere à pesquisa brasileira na Antártica”, afirma o secretário da SEPEF, Marcelo Morales.
A pasta ministerial é responsável pela gestão científica do Proantar, em conjunto com o Conselho Nacional de Desenvolvimento Científico e Tecnológico (CNPq/MCTI). A coordenação geral do programa é feita pela Marinha do Brasil, no âmbito da Comissão Interministerial para os Recursos do Mar (CIRM). O MCTI também é membro do Scientific Committee on Antarctic Research (SCAR).
O Programa Antártico Brasileiro (Proantar) é o mais longevo programa brasileiro de pesquisa. Em 2022, completou 40 anos ininterruptos de realização de pesquisas no continente gelado. Para celebrar a data, o MCTI lançou um documentário que resgata a história do programa a partir da visão de pesquisadores pioneiros e das novas gerações. A produção científica brasileira assegura que o Brasil permaneça entre os 29 países signatários que tem voz ativa nesse instrumento internacional. O país aderiu ao Tratado em 1975 e é membro Consultivo desde 1983, ou seja, integra o grupo de países que atualmente decidem os rumos da Antártica.
Em outubro deste ano, se iniciou a 41ª Operação Antártica, que vai se estender até o primeiro semestre de 2023. Nesse período, mais de 100 pesquisadores brasileiros deverão efetuar suas pesquisas em campo. Atualmente, são 21 projetos em execução. Entre os projetos desenvolvidos estão pesquisas que buscam quantificar a transferência de plástico do Pacífico para o Atlântico Sul, e o estudo que busca compreender e monitorar o fungos que estão atingindo musgos antárticos milenares. Desvendar os mecanismos de funcionamento desses fitopatógenos pode auxiliar no desenvolvimento de novos bioprodutos para as áreas de agricultura e saúde.
Os pesquisadores têm à disposição os 14 laboratórios na Estação Comandante Ferraz, na Antártica, e outros três 3 laboratórios externos. “A estação brasileira é uma das mais modernas na Antártica e oferece maior espaço destinado aos laboratórios com possibilidade de atendimento à distintas áreas do conhecimento”, avalia a coordenadora de Mar e Antártica, Andrea Cruz.
A infraestrutura foi concebida em alinhamento ao planejamento estratégico do Proantar, e para atender a todas as linhas de pesquisa do Programa Ciência Antártica, de modo a otimizar os recursos. Os pesquisadores participaram do processo de decisão. O MCTI investiu R$2 milhões em equipamentos, à época da inauguração da nova estação, que eliminou o traslado de equipamentos que desfalcavam os laboratórios dos institutos de pesquisa no Brasil de 8 a 9 meses e ainda envolviam riscos de danos durante o transporte.
Neste ano, foram investidos mais R$5milhões, recursos provenientes do Fundo Nacional de Desenvolvimento Científico e Tecnológico (FNDCT), na compra de novos equipamentos para os navios polares da Marinha do Brasil, que prestam apoio logístico ao Proantar, e mais equipamentos para a estação. As instalações são usadas pelos pesquisadores selecionados nas Chamadas Públicas do Proantar, lançadas pelo MCTI.
Os recursos do FNDCT também garantiram a manutenção do módulo Criosfera I e a instalação do módulo Criosfera II. Foram R$3,5 milhões investidos para a maior expedição brasileira ao continente gelado. Divididos em três grupos, os 12 pesquisadores brasileiros ficarão por 40 dias acampados no interior da Antártica.
Difusão científica – O ministério também apoia projeto conduzido pela Universidade Federal do ABC que produz materiais para professores "levarem a Antártida" para sala de aula. Livros, podcasts, simulação 3D, jogos digitais e jogos de mesa, e um canal no Tik Tok são ferramentas para mediar e engajar crianças e adolescentes em ciências polares, do mar e mudanças climáticas. O esforço tem como foco preparar os professores para trabalhar as ciências polares em sala de aula e oferecer materiais que sejam atrativos, com linguagem acessível para abordar um tema atual que ainda não consta do currículo regular.