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Primeiro foguete comercial para lançamento da base de Alcântara chega ao Brasil
Primeiro lançamento comercial é resultado de ações positivas no âmbito da Políticas Espacial Brasileira, que avançou com a assinatura do Acordo de Salvaguardas Tecnológicas em 2019
Publicado em
07/12/2022 15h02
Atualizado em
12/12/2022 12h17
Foto: Sgt Bianca /Força Aérea Brasileira
Chegaram as primeiras peças e equipamentos do foguete que será lançado na base de Alcântara, entre os dias 12 e 21 deste mês, pela empresa espacial coreana Innospace. Trazidas da Coreia do Sul, no cargueiro Boeing 747, um avião que está entre os maiores do mundo, com altura de 16,3 metros e peso de 9,2 toneladas. Esta é a primeira vez que uma empresa privada enviará um foguete ao espaço a partir de Alcântara.
Desde a assinatura e ratificação do Acordo de Salvaguardas Tecnológicas (AST) entre o Brasil e os EUA, em 2019, e as políticas públicas desenvolvidas pelo Ministério Ciência, Tecnologia e Inovações (MCTI), foi possível, em maio de 2020, possível realizar o 1º Chamamento Público para identificar o interesse privado na utilização do Centro Espacial de Alcântara (CEA) para lançamentos de veículos espaciais. Ainda em 2020, a Agência Espacial Brasileira, vinculada ao MCTI, revisou os normativos de licenciamento espacial e avaliou alguns pedidos de empresas, tendo publicado 4 licenças de operador até fevereiro de 2021.
Em 2022, a Innospace, startup espacial sul-coreana para pequenos veículos lançadores, assinou um acordo com o Departamento Brasileiro de Ciência e Tecnologia Aeroespacial (DCTA) para lançar o SISNAV, um projeto de sistema de navegação inercial apoiados pela Financiadora de Estudos e Projetos do governo brasileiro (FINEP) e Agência Espacial Brasileira (AEB). Naquele momento, a empresa informou que estava desenvolvendo o HANBIT, um pequeno lançador de satélites movido por seus motores de foguete híbridos, e o primeiro voo de teste do HANBIT-TLV era programado para o quarto trimestre de 2022, no Centro de Lançamento de Alcântara, um local de lançamento equatorial. Será o primeiro voo de teste suborbital para validar o motor de primeiro estágio do HANBIT-Nano, que é um pequeno lançador de satélites de dois estágios, capaz de transportar uma carga útil de 50 kg. Com este acordo, a Innospace espera poder verificar a capacidade de desempenho do veículo lançador e obter reconhecimento no setor aeroespacial, lançando a carga útil em um voo de teste. O HANBIT-TLV levará a bordo a carga SISNAV, um sistema de navegação inercial que está sendo desenvolvido pelo DCTA e outras instituições.
Centro Espacial de Alcântara
O Centro Espacial de Alcântara, operado pela Força Aérea Brasileira, está localizado a dois graus de latitude sul e é o local de lançamento mais próximo da linha do equador. Seu azimute de lançamento é de 107 graus, facilitando a aproximação do foguete à órbita e reduzindo o consumo de combustível. Além disso, é considerado um dos melhores locais de lançamento, pois não há tráfego marítimo ou aéreo próximo e pode garantir segurança e proteção, pois está localizado longe de área residencial. Com o Centro de Lançamento de Alcântara garantido para o local de lançamento comercial com base neste contrato, a Innospace planeja procurar clientes para lançamento de satélites baseados na América do Sul, o que é geograficamente vantajoso.
A demanda global para o lançamento de pequenos satélites é esperada para mais de 13.912 até 2030. Espera-se que o tamanho do mercado global desse segmento cresça 253% em comparação com os últimos 10 anos, com US$ 19,1 bilhões cumulativos de 2021 a 2030.
Em publicação em redes sociais, a empresa coreana descreveu: “Hoje de manhã, nosso primeiro modelo de voo de foguete híbrido suborbital HANBIT-TLV deixou nossa fábrica de Cheongju na Coreia do Sul e partirá do Aeroporto Internacional de Incheon, em 2 de dezembro (UTC), e chegará ao Aeroporto Internacional Marechal Cunha Machado no Brasil, em 3 de dezembro (UTC).
Foram nove carretas trazendo a base de lançamento mais o erector (equipamento usado para levantar o foguete para a posição vertical), além de dois contêineres com a central de controle de lançamento e a central de controle de combustível, onde foi feita uma operação de acompanhamento pelo Governo do Maranhão para o envio, por ferryboat, ao Centro de Lançamento de Alcântara (CLA).