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Na maior expedição brasileira à Antártica, pesquisadores brasileiros estudam mais de 200 anos da dados ambientais
“Excelentes dias ensolarados com temperatura média ao redor de 17 graus negativos. Madrugadas caindo a 22 negativo. Ventos constantes ao redor de 20 a 25 km por hora, o que causa sensação térmica de até 25 graus negativos”. Esse é o início do relato mais recente, recebido nesta semana (20) do líder da maior expedição brasileira à Antártica, Jefferson Simões.
O professor da Universidade Federal do Rio Grade do Sul lidera o grupo formado por 40 pesquisadores brasileiros que ficarão no continente gelado por 40 dias. A expedição se iniciou no início de dezembro (07/12). Os pesquisadores brasileiros estão divididos em três grupos e acampados em locais diferentes: na geleira da Ilha Pine, no módulo Criosfera 1 e no local onde será instalado o módulo Criosfera 2. São quase 700km de distância entre eles.
Simões está na Ilha Pine e acompanha o trabalho para coleta de gelo em profundidade. Segundo ele, com sol os trabalhos estão adiantados. “Já estamos a 90 metros de profundidade no nosso poço, o que garante mais de 200 anos de dados ambientais”, informou por email. A análise dos blocos de gelo permite compreender a história climática do planeta.
O grupo está isolado no meio da Antártica e com raras trocas de informação. A comunicação com o grupo é feita por meio de sistema por satélite. “Soubemos que a Argentina ganhou a Copa”, expressou Simões.
Um dos acampamentos está no Criosfera 1, localizado a 2,5mil km ao sul da Estação Antártica Comandante Ferraz. Os pesquisadores farão a manutenção daquele que é o laboratório latino-americano mais ao sul do Planeta.
Instalação do Módulo Criosfera 2 – Um dos objetivos da expedição é instalar do módulo Criosfera 2, laboratório totalmente automatizado que ampliará a coleta dados ambientais – como informações meteorológicas e sobre a química atmosférica. O módulo foi construído com tecnologia brasileira para coletara dados do clima e da concentração de dióxido de carbono (o CO2, principal gás de efeito estufa) ao longo de todo ano.
O Criosfera 2 e a equipe do professor Francisco Aquino que vai instalá-lo já estão no continente antártico. O módulo foi transportado de Punta Arenas, no extremo sul do Chile, há dez dias, em um avião cargueiro Ilyushin Il-76TD, modelo apto a pousar sobre o gelo no interior da Antártica.
Nos próximos dias um trator polar vai cruzar cerca de 180 km entre a pista de pouso no gelo, que está localizada na geleira Union, montanhas Ellsworth, até o local de instalação do módulo. Os quatro pesquisadores, sendo três da UFRGS e um do Chile, voarão de avião com esqui até o local chamado Skytrain ice rise na posição 79,5 graus Sul, 78 graus oeste.
A expedição conta com a participação de professores da Universidade Federal do Rio Grande do Sul (UFRGS), da Universidade Federal do Pará (UFPA) e da Universidade do Estado do Rio de Janeiro (UERJ). As atividades integram o Programa Antártico Brasileiro (PROANTAR) e a 41ª Operantar, que é coordenada pela Secretaria Interministerial para os Recursos do Mar (SECIRM).
A operação logística, que envolve o transporte e a instalação do módulo Criosfera 2 na Antártica e a manutenção do módulo Criosfera 1, custará R$ 3,5 milhões. O valor é financiado pelo Ministério da Ciência, Tecnologia e Inovações e a Financiadora de Estudos e Projetos (FINEP), por meio dos recursos do Fundo Nacional de Desenvolvimento Científico e Tecnológico (FNDCT) e da Fundação de Amparo à Pesquisa do Estado do Rio Grande do Sul (FAPERGS).
Assista ao documentário que resgata os 40 anos de pesquisa brasileira na Antártica.