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MCTI entrega laboratório-escola para comunidade do Arquipélago do Bailique (AP)
O Ministério da Ciência, Tecnologia e Inovações (MCTI) inaugurou nesta segunda-feira (05) o Laboratório-escola flutuante da agrobiodiversidade do Bailique. A unidade integra o Centro Vocacional Tecnológico (CVT) da Agrobiodiversidade Bailique-Rio Grande e está localizada no Arraiol, comunidade do Arquipélago do Bailique, que fica a cerca de 180 km de Macapá (AP).
O laboratório-escola tem quase 200 m 2 de área dispõe de estrutura de sala de aula, laboratório equipado e cozinha para atividades práticas do curso de técnico em alimentos da agrobiodiversidade, almoxarifado e dormitório. O flutuante também está equipado com uma planta para liofilização do açaí, ou seja, transformação da polpa em pó por meio de alta tecnologia.
A opção pelo flutuante considera a estrutura das ilhas do arquipélago que é formada por sedimentos e que ao longo do tempo podem sofrer deterioração. O flutuante pode ser removido de local e é abastecido por painéis de energia fotovoltaica. Até o momento, as aulas eram ministradas de modo adaptado no centro de eventos da comunidade. Com o flutuante, o CVT tem uma estrutura adequada para a realização do curso.
O projeto do CVT Bailique é totalmente financiado com recursos da pasta ministerial e está em curso desde 2016. O valor global do projeto é de R$6,2 milhões. O objetivo é contribuir para a inclusão social e o desenvolvimento sustentável das comunidades locais, por meio da formação de recursos humanos e da agregação de valor à cadeia produtiva do açaí, base da economia local.
“Esse projeto é muito caro ao MCTI à medida que consegue conjugar ciência, inclusão social, biodiversidade amazônica, participação da comunidade e vários outros aspectos. Esse é um exemplo de como a floresta pode ser explorada de modo sustentável, gerando renda e qualidade de vida para a comunidade local”, afirma o secretário de Pesquisa e Formação Científica do MCTI, Marcelo Morales.
O CVT Bailique - Rio Grande MCTI foi planejado a partir do Protocolo Comunitário de 2013, construído pela comunidade local. O projeto é coordenado pela Universidade Federal do Rio Grande (FURG) em parceria com a Oficina Escola de Lutheria da Amazônia (OELA), Associação das Comunidades Tradicionais do Bailique (ACTB), Instituto de Desenvolvimento Sustentável Mamirauá (IDEM), entre outras entidades públicas e privadas.
Para o reitor da FURG, Danilo Giroldo, é um orgulho coordenar o projeto que articula diferentes organizações comunitárias e instituições com a finalidade de potencializar a vocação produtiva do Bailique. “Desde o início tem sido um processo horizontal de interação da universidade com a sociedade, apoiado pelo MCTI, e que demonstra a viabilidade de produzir superalimentos de forma sustentável, gerando trabalho e renda para comunidades tradicionais e contribuindo com programas de segurança alimentar”, avaliou o reitor.
O ministério assinou um termo de execução descentralizada com a FURG em 2015 e a primeira turma do curso técnico em alimentos da agrobiodiversidade foi formada em 2017. São 1,2 mil horas de aula que inclui disciplinas como direito ambiental, microbiologia, bioquímica de alimentos, biotecnologia, cooperativismo, segurança alimentar e nutricional. Em três turmas, o curso formou 53 jovens de 16 comunidades. A quarta turma está em andamento. A metodologia das aulas é de alternância, pela qual os jovens ficam 15 dias na escola e 15 dias nas comunidades.
Em paralelo ao curso técnico, foram oferecidas por parceiros do projeto oficinas como de construção de sistema solar fotovoltaico, aula de gestão comunitária e compartilhada de tecnologias sociais e construção de tratamento domiciliar de água. As oficinas sobre energia solar, por exemplo, foram determinantes para que a comunidade adotasse nas residências e aumentasse o tempo de abastecimento, que antes era restrito a até 10 horas por dia.
Liofilização do único açaí certificado do mundo – O projeto CVT do Bailique está estruturado a partir da cadeia produtiva do açaí. No Bailique está o único açaí com certificação FSC ( Rainforest Alliance ) de manejo sustentável do mundo, que foi conquistada por meio da ação do CVT Bailique, e também acumula a certificação de produto vegano da SBV e o Selo Amapá de produto do Meio do Mundo. De acordo com o coordenador do CVT Bailique, Jorge Alberto Vieira Costa, com a certificação o valor de venda do quilo do açaí saltou de R$0,25 para R$1,75.
Agora, com o flutuante-escola que está equipado com uma planta para a liofilização do produto, a ideia é agregar ainda mais valor ao açaí. O processo de desidratação de alta tecnologia mantém as características nutritivas do produto. “Com o liofilizador, os produtos do açaí entram em um novo momento. O açaí liofilizado é vendido em países como Estados Unidos e Europa a U$ 1mil dólares o quilo. Esse é o ganho que a comunidade pode ter: produtos de melhor qualidade e retorno em renda e recursos para a comunidade e para a escola-família”, avalia o professor.O valor é 20 mil vezes maior do que o açaí in natura normalmente comercializado pelos produtores.
A Cooperativa dos Produtores Agroextrativistas do Bailique (Amazonbai), criada em 2017, conta com 136 cooperados, capacidade de processar 3mil kg de açaí pode dia e emprega 11 egressos do curso técnico.
Assista ao vídeo sobre o projeto Centro Vocacional Tecnológico da Agrobiodiversidade Bailique-Rio Grande MCTI neste link.