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Em Botucatu (SP), Centro Nacional de Biofármacos e Biomoléculas MCTI/UNESP fará lotes-piloto de biofármacos
Foto: Wesley Sousa (SEAPC/MCTI)
O Ministério da Ciência, Tecnologia e Inovações (MCTI) recebeu da Universidade Estadual Paulista (Unesp), nesta quinta-feira (1º/12), uma maquete em 3D do Centro Nacional de Biofármacos e Biomoléculas MCTI/UNESP, que fará lotes-piloto de biofármacos. A cerimônia de entrega foi realizada na 19ª Semana Nacional de Ciência e Tecnologia, em Brasília (DF).
A fábrica, inédita na América Latina, será responsável pela produção de lotes-piloto para a fabricação de biofármacos dentro das Boas Práticas de Fabricação e Laboratorial (Good manufacturing practice). Isso significa que terá capacidade de produzir amostras para pesquisa e que poderão ser utilizadas para testes clínicos em humanos.
Biofármaco é a designação dada a medicamentos originados a partir de um processo biológico, muito utilizados em novos tratamentos para câncer e artrite, por exemplo. Dentre eles estão aqueles obtidos empregando-se rotas biotecnológicas, em que o princípio ativo é extraído de microrganismos ou células animais modificadas geneticamente. Anticorpos monoclonais estão entre os biofármacos mais utilizados. Entre os novos medicamentos que poderão ser produzidos estão os Insumos Farmacêuticos Ativos (IFA), que são usados, por exemplo, na produção de vacinas.
A construção do Centro, localizado em Botucatu (SP), se iniciou em fevereiro deste ano e tem previsão de encerrar no final de 2023. O espaço terá 1.470 metros quadrados e abrigará laboratórios de pesquisa e espaço de trabalho colaborativo ou cooperativo (coworking), para hospedar startups de biotecnologia. O prédio terá ainda alas fabril e de controle de qualidade. O ambiente do Centro visa atender as normativas das agências reguladoras, como a Agência Nacional de Vigilância Sanitária (Anvisa), com a finalidade de produzir medicamentos biológicos para realizar ensaios pré-clínicos e clínicos validados.
“Esta iniciativa suprirá uma das lacunas do desenvolvimento nacional que é a produção de lotes-piloto para ensaio clínico de medicamentos biológicos desenvolvidos no Brasil. O centro vai permitir escalonar a produção de medicamentos biológicos”, afirma o secretário de Pesquisa e Formação Científica do MCTI, Marcelo Morales. “Certamente, a fábrica ajudará a diminuir o tempo de desenvolvimento de novos medicamentos, aproveitando a imensa biodiversidade brasileira e levando esperança a doentes com a chegada de novos fármacos”, complementa.
Para o coordenador do Centro Nacional de Biofármacos e Biomoléculas MCTI/UNESP e diretor do Centro de Estudos de Venenos e Animais Peçonhentos (Cevap) da UNESP em Botucatu, Rui Seabra, o Brasil tem encontrado grandes desafios na geração de tecnologia, refletindo na dependência internacional, principalmente na área da Saúde. “O Ministério da Ciência, Tecnologia e Inovações tem investido sistematicamente em áreas estratégicas para o país, seja com o aporte de recursos financeiros, ou mesmo, a partir da formação de grandes redes de trabalho envolvendo nossos pesquisadores. Este projeto, nasce diante deste paradigma, mostrando seu caráter singular e inovador”, afirmou Seabra.
Até o momento, de acordo com a UNESP, o Ministério da Saúde investiu cerca de R$ 13 milhões para a sua construção e aquisição de equipamentos. O empreendimento também com apoio da Fundação de Amparo à Pesquisa do Estado de São Paulo (Fapesp). Em março deste ano o MCTI assinou com a UNESP um protocolo de intenções apoiar a estruturação do Centro.
O coordenador do Centro de Pesquisa Translacional e Desenvolvimento de Biofármacos da UNESP, Benedito Barraviera também participou da cerimônia.
Rede Pró-IFA MCTI – O Centro Nacional de Biofármacos e Biomoléculas MCTI/UNESP integra a Rede Nacional de Pesquisa, Desenvolvimento e Inovação em Insumos Farmacêuticos (Rede Pro-IFA MCT) Criada em 2021, a rede traduz o esforço federal para fortalecer os grupos de pesquisa nacionais, e indiretamente a indústria farmoquímica nacional, por meio da criação de ambiente que proporcione a integração de esforços e compartilhamento de infraestruturas para o desenvolvimento e escalonamento de IFAs, o principal ingrediente de um medicamento.
A iniciativa ocorreu em um contexto de extrema dependência do Brasil na importação de IFAs. Segundo a Associação Brasileira da Indústria de Insumos Farmacêuticos (Abiquifi), o Brasil fabrica apenas 5% de todos os insumos necessários para a produção de seus medicamentos, importando a maior parte da China e da Índia, países responsáveis pela fabricação de 40% dos insumos utilizados no mundo inteiro.