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Em palestra no Laboratório Nacional de Computação Científica, MCTI destaca construção de modelos de desenvolvimento sustentável
Fotos: Juliana Pinheiro/LNCC
As ações empreendidas pela Secretaria de Pesquisa e Formação Científica do Ministério de Ciência, Tecnologia e Inovações (SEPEF/MCTI) foram apresentadas nesta terça-feira (29) no colóquio organizado pelo Laboratório Nacional de Computação Científica (LNCC/MCTI), em Petrópolis (RJ). O ciclo de palestras integra parte do Programa de Pós-Graduação em Modelagem Computacional.
Entre os assuntos destacados estiveram a construção de modelos sustentáveis para explorar as cadeias produtivas da bioeconomia e de infraestrutura na região amazônica para que pesquisadores tenham pontos de apoio para a realização de experimentos e coleta de amostras.
“O ministério desenvolve os modelos que podem ser replicados. Isso foi feito com cada uma das cadeias produtivas”, explicou o secretário SEPEF, Marcelo Morales, sobre o trabalho desenvolvido atualmente na região amazônica com açaí, cupuaçu e pirarucu.
O projeto ‘Cadeias Produtivas da Bioeconomia MCTI’ busca agregar valor aos produtos da biodiversidade local, promover a geração de renda para os primeiros elos da cadeia, além de se propor a resolver gargalos tecnológicos. Os projetos são executados por meio de instituições parceiras do MCTI.
Para o açaí e o cupuaçu o foco está em viabilizar o processamento para obtenção de polpa em pó, o que deve reduzir o desperdício - estimado em 50%. Serão instaladas unidades de processamento nas localidades de Portel (PA), Tabatinga (AM) e no Arquipélago do Bailique (AP). Atualmente, os galpões que abrigarão as plantas de beneficiamento estão em fase de construção. O projeto também busca o desenvolvimento de novos produtos alimentares, cosméticos e farmacológicos. O processamento é realizado por meio de energias renováveis, utilizando fontes fotovoltaica, solar e bioenergia. “O caroço que era contaminante do solo, por exemplo, é aproveitado como combustível para abastecer as caldeiras das máquinas de processam o produto”, explicou Morales.
Para a cadeia do pirarucu, o foco está direcionado em fortalecer os arranjos produtivos do manejo que já são praticados com sucesso na região do Médio Rio Solimões, na Amazônia Central. Até o momento, cerca de 1,6 mil pescadores receberam assessoramento técnico e cerca de 200 participaram de cursos de qualificação para melhores práticas higiênico-sanitárias. “Tudo é aproveitado ou reaproveitado. Estamos associando a da ciência com o conhecimento tradicional. Isso mostrou-se produtivo e está contribuindo para o manejo sustentável”, avaliou Morales.
Neste ano, foram abertas novas chamas públicas para investir R$40 milhões em novos projetos de cadeias produtivas da bioeconomia em todo o território nacional. Um dos requisitos para selecionar esses projetos envolve o arranjo institucional, que obrigatoriamente precisa incluir ao menos uma comunidade local que tenha na biodiversidade brasileira parte de sua atividade econômica. As comunidades devem ser representadas legalmente por meio de organização autogerida constituída pela própria comunidade, como associações e cooperativas.
Outro projeto abordado é o Centro de Vocação Tecnológica da Agrobiodiversidade do Bailique-Rio Grande MCTI, no Amapá, que forma técnicos em alimentos. A 4ª turma de jovens está em processo de formação e neste ano o projeto recebeu um laboratório-escola flutuante equipado com planta de liofilização do açaí. O projeto foi planejado a partir do Protocolo Comunitário, que inclui as comunidades locais e povos tradicionais, com o objetivo de contribuir para a inclusão social e o desenvolvimento sustentável das comunidades locais.
Infraestrutura de apoio à pesquisa no meio da Amazônia – Para viabilizar a pesquisa em áreas remotas da região amazônica com o objetivo de promover o conhecimento da biodiversidade da região, o MCTI instituiu o Sistema de Laboratórios Satélites da Amazônia (SALAS MCTI). O projeto prevê a criação de 50 infraestruturas de pesquisa, divididos entre laboratórios flutuantes e terrestres. É uma solução para resolver um dos grandes gargalos de fazer pesquisa na Amazônia que sempre foi ter locais adequados para preparar amostras, para os profissionais ficarem em segurança e se alojarem pelo período da pesquisa de campo. “Cada laboratório pode albergar até 16 pessoas”, exemplificou Morales.
Já foram entregues três, sendo um flutuante, chamado de Vitória-Régia. A opção por laboratórios flutuantes considera as características da região, que fica alagada parte do ano.
Além da infraestrutura, o projeto SALAS-MCTI prevê o fomento do uso dessas bases por meio de editais de pesquisa. A primeira chamada pública para financiar pesquisas utilizando os laboratórios foi aberta neste ano e contempla o valor de R$1,2 milhões.
Assista à íntegra da palestra neste link.