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Antártica: cerca de 130 pesquisadores brasileiros desenvolverão atividades científicas na 41ª Operação
Foto: Felipe Sugimoto (SEAPC-MCTI)
O navio Polar Almirante Maximiano (H41) partiu nesta quinta-feira (02) do Terminal Arturo Prat em Punta Arenas, cidade no extremo da América do Sul, em direção à Antártica. Esse foi último ponto antes da travessia do estreito de Drake. A previsão é de que em quatro dias o grupo chegue à Baía do Almirantado, onde está localizada a Estação Antártica Comandante Ferraz.
Além desse, o Navio de Apoio Oceanográfico Ary Rongel (H44), ambos da Marinha do Brasil, prestam apoio logístico à 41ª Operação Antártica, que se estenderá até abril de 2023. As duas embarcações partiram do Rio de Janeiro (RJ) em 09 de outubro. Foram três dias navegando pela costa brasileira até Rio Grande (RS) e mais 15 dias até o Chile, onde atracou na segunda-feira (31).
No total, cerca de 130 pesquisadores brasileiros terão desenvolvido atividades científicas de campo. Nesta primeira fase, estão a bordo 37 pesquisadores brasileiros e seis estrangeiros, além de cerca de 30 profissionais da equipe de apoio. Estão previstas pelo menos três fases da Operação e revezamento dos pesquisadores.
O Programa Antártico Brasileiro (Proantar) é o mais longevo programa de pesquisa brasileiro. São quatro décadas ininterruptas de desenvolvimento de pesquisa, celebrados em 2022. A parte científica do programa é coordenada pelo Ministério da Ciência, Tecnologia e Inovações (MCTI), em conjunto com o Conselho Nacional de Desenvolvimento Científico e Tecnológico (CNPq/MCTI). A parte logística é coordenada pela Secretaria da Comissão Interministerial para os Recursos do Mar (SECIRM).
O Brasil, por meio da sua produção científica no continente austral, faz parte de um restrito grupo de 29 países com status de ‘Parte Consultiva do Tratado da Antártida’, que regula as atividades da comunidade internacional nesse continente.
Pelo menos seis programas de pesquisas aprovados em chamada pública de 2018 e com diferentes áreas de interesse realização atividades de campo nessa primeira fase.
Dentre estes, está o projeto Mediantar - Medicina, Fisiologia e Antropologia Antártica, que estuda impactos biológicos, neurobiológicos e sociais no corpo humano dos profissionais que participam das expedições. O projeto é coordenado pela professora Rosa Esteves, da Universidade Federal de Minas Gerais (UFMG). O foco da pesquisa está direcionado à compreensão de aspectos da interação do homem nos ambientes antárticos, já que a vida na Antártica envolve desafios para a fisiologia humana. De acordo com o pesquisador Thiago Teixeira Mendes, professor do Departamento de Educação Física da Universidade Federal da Bahia (UFBA), as atividades do grupo nesta operação estão concentradas em investigar as relações envolvendo a neurobiologia, cronobiologia, microbiota e aclimatização no ambiente isolado, confinado e extremo (ICE) relacionado ao confinamento naval em navios polares e invernagem na Estação Antártica Comandante Ferraz.
“Todas estas pesquisas desenvolvidas na Antártica contribuem tanto para o avanço do conhecimento e desenvolvimento científico e tecnológico brasileiro, como para a formação de recursos humanos”, explica Mendes sobre a formação de alunos de iniciação científica, mestrado, doutorado e pós-doutorado. O docente também destaca que a atuação científica dos pesquisadores brasileiros garante a participação do Brasil nos assuntos relacionados ao ambiente antártico, que é considerado de importância global.
Mendes e seu aluno, Gabriel Jesus de Santana, coletarão amostras de sangue, saliva, registros de actigrafia (registros de atividade de atividade e repouso), controle autonômico cardíaco, níveis de atividade física, qualidade de vida e desempenho cognitivo serão avaliados ao longo de toda operação no navio Maximiano (H-41) e na Estação.
Laboratórios - Na Antártica, as pesquisas de campo dos cientistas brasileiros podem ser realizadas em três áreas: nos laboratórios da estação, dos navios polares e nos acampamentos e nos navios polares. A 41ª Operantar permitirá o pleno uso dos laboratórios da Estação Antártica Comandante Ferraz (EACF), visto que na última edição ainda havia restrições por conta da pandemia.
Os pesquisadores brasileiros terão à disposição os 14 laboratórios internos da Estação que foram concebidos e implementados pelo Programa Ciência Antártica, coordenado e financiado pelo Ministério da Ciência, Tecnologia e Inovações (MCTI), por meio da Secretaria de Pesquisa e Formação Científica (SEPEF). O planejamento da infraestrutura científica foi realizado em conjunto com os representantes da comunidade científica e dentro das diretrizes estabelecidas pelo Comitê Nacional de Pesquisas Antárticas (Conapa).
Na área externa, há outros três laboratórios. O investimento de cerca de R$2 milhões do MCTI para equipar os laboratórios da estação eliminou o traslado de equipamentos que desfalcavam os laboratórios dos institutos de pesquisa no Brasil de 8 a 9 meses e ainda envolviam riscos de danos durante o transporte, em especial pela passagem no Estreito de Drake, onde as ondas podem atingir 10 metros. Também foram implementados laboratórios específicos, como química, o qual atende aos pesquisadores tanto da área de química terrestre quanto da oceanografia; biologia micromolecular para extrair DNA de qualquer organismo; microbiologia que atende os pesquisadores que trabalham com microorganismos, como fungos.
Acompanhe a série especial de reportagens que o MCTI preparou sobre 41ª Operação Antártica e conheça melhor os projetos científicos brasileiros desenvolvidos no continente gelado. Amanhã vamos conhecer o monitoramento de um conjunto de fungos que estão afetando tapetes de musgos milenares.