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Seminário promovido pelo MCTI abordou os principais resultados de pesquisas do impacto do óleo no litoral brasileiro
Foi realizada na sexta-feira (29) no SENAI CIMATEC em Salvador/BA, a última parte do ciclo de palestras e debates sobre a “Pesquisa em Detecção, Gestão de Riscos e Impactos de Óleo no Mar”, realizado pelo Ministério da Ciência, Tecnologia e Inovações (MCTI). Durante toda a semana pesquisadores participaram de palestras e rodas de conversa e discutiram sobre os problemas relacionados ao óleo que atingiu o litoral do brasil e as comunidades da costa. Foi destacada a necessidade cada vez maior de estudos sobre o assunto e apresentados alguns resultados das pesquisas referente ao derrame de óleo de 2019, como os aspectos agudos do problema, os indicadores de monitoramento, impacto em organismos, ecossistemas e na segurança alimentar.
O último dia de evento teve como ênfase o debate sobre a contaminação nos sistemas socioecológicos e na segurança alimentar, e um pesquisador da Pontifícia Universidade Católica do Rio de Janeiro (PUC-Rio), falou sobre o risco de contaminação humana pelo consumo dos pescados nas áreas afetadas pelo derramamento de óleo desde 2019. O resultado das pesquisas, mostrou baixo risco de contaminação humana. Mesmo no auge do derrame, os pescados estavam em uma boa qualidade para consumo.
Para um pesquisador da Universidade Estadual de Feira de Santana (UEFS), as análises dos impactos socioeconômicos do desastre ambiental de 2019, em comunidades pesqueiras localizadas em áreas não afetadas diretamente pelo toque de óleo na linha de costa e em áreas diretamente afetadas pelo encalhe do óleo no litoral, mostram um resultado negativo, com impacto direto na pesca artesanal na costa brasileira. Também foram notados impactos ligados às notícias de contaminação de pescados e os riscos para a saúde humana, com repercussão negativa para as comunidades de pescadores, gerando no período perda de quase 100% de renda e venda dos pescados.
Conforme uma representante da Universidade Federal de Pernambuco, o estuário do Rio Formoso antes da chegada do óleo era de boa qualidade, no entanto, após o acontecimento, as pesquisas mostraram contaminação moderada. Em 2019, foram detectados compostos mais leves, e em 2021, após um processo de degradação do óleo, houve maior aparição de compostos mais pesados. Em 2020, conforme pesquisa, havia toxicidade letal para a biota mas, em 2021, o estudo já não demonstrava essa característica.
Uma pesquisadora da Universidade Federal de Alagoas (UFAL) afirmou que a rede de integração para a solução dos problemas e temáticas comuns, promove a sinergia e inovação entre os componentes, e incrementa os benefícios para a sociedade, e isso é muito importante para o alcance de melhores resultados.
Já um pesquisador da Universidade Federal do Rio Grande do Norte (UFRN) falou sobre os impactos do derramamento de óleo na pandemia do Covid-19, avaliando os impactos econômicos, sociais, ecológicos e culturais em comunidades costeiras de Alagoas, Bahia e Rio Grande do Norte. Em sua avaliação geral, houve muitos fatores negativos como redução de captura, desvalorização do pescado, baixas vendas, diminuição de renda, o medo de exposição ao óleo e risco de consumo de pescados contaminados no período da pandemia e derramamento de óleo, que foram determinantes para chegar a esse resultado.
Um pesquisador da Universidade Federal da Bahia (UFBA), do Núcleo de Biologia, frisou o protagonismo dos pescadores artesanais no enfrentamento ao petróleo de 2019, e trouxe informações sobre o plano de contingências de desastres, traçando um mapeamento biorregional de Canavieiras (BA), Ceará, e na região sul de Pernambuco.
Um professor da Universidade Federal de Pernambuco (UFPE), em seu estudo avaliou a qualidade da água para consumo desde o derrame de óleo em 2019, e mostrou que nos 200 km de costa de Pernambuco, foram recebidas mais 1,5 mil toneladas de resíduos de óleo. A pesquisa destaca que o impacto foi relevante, afetando a abundância de espécies marinhas.
Ao final do evento os pesquisadores destacaram a importância do seminário para ampliar o conhecimento sobre o derramamento de óleo de 2019, e a necessidade de melhoria na comunicação para a sociedade sobre os assuntos de relevância que foram e são pesquisadas pela equipe. Os pesquisadores em comum acordo destacaram a importância de transmitir informações de credibilidade ao público sobre os problemas que afetam a todos. A união entre o Estado e as universidades foi visto pelos estudiosos como um ponto fundamental para que fossem encontradas soluções para os problemas ocasionados pelo óleo. As pesquisas mostraram que o derramamento de óleo na costa brasileira não teve uma influência significativa na qualidade dos pescados, e assim os pescadores poderiam ter dado continuidade à pesca, pois o risco de contaminação era muito baixo.
Por fim, o representante do SENAI CIMATEC e pesquisador da UFBA, enalteceu a preocupação do MCTI em apoiar as pesquisas científicas, a relevância do seminário e o resultados significativos sobre o óleo derramado no litoral o Brasil, cujos resultados permitirão que pesquisadores façam uma análise aprofundada para a atuação em outras situações semelhantes.
Assista às apresentações do Seminário Pesquisa em Detecção, Gestão de Riscos e Impactos de Óleo no Mar, no canal do MCTI no Youtube: https://bit.ly/gov_mcti