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MCTI promove o “Workshop NB4: perspectivas científicas”
Foto: CNPEM
Representantes da comunidade científica brasileira reconhecidos por sua atuação nas áreas de virologia e outras ciências biomédicas participaram hoje da reunião “Workshop NB4: perspectivas científicas”. O evento aconteceu em Campinas, no campus do Centro Nacional de Pesquisa em Energia e Materiais (CNPEM), Organização Social do Ministério da Ciência, Tecnologia e Inovações (MCTI), e teve como objetivo principal apresentar o projeto do Laboratório Nacional de Máxima Contenção Biológica (NB4) para representantes da comunidade científica brasileira.
Idealizado e financiado pelo MCTI, o projeto do primeiro Laboratório com Nível de Biossegurança 4 da América Latina será conduzido pelo CNPEM. “O MCTI conta com competências do CNPEM para a execução do Projeto, mas a ciência a ser feita neste Laboratório será decidida em conjunto com a comunidade acadêmica. Essa nova instalação está sendo projetada para ser aberta para pesquisadores de todo País”, afirmou o Secretário de Pesquisa e Formação Científica do MCTI, Marcelo Morales, na abertura do evento.
A reunião faz parte da estratégia adotada pelo MCTI para apresentar o Laboratório Nacional de Máxima Contenção Biológica à comunidade acadêmica e promover o envolvimento dos pesquisadores com o projeto, desde seu início. O evento reuniu dezenas de especialistas, representantes do Instituto Butantan, Fiocruz, UFMG, UFRJ, UFPE, UNICAMP, USP, IAL, UNESP e UEM.
O diretor-geral do CNPEM, Antonio José Roque da Silva, deu um panorama dos mais sofisticados recursos disponíveis nos laboratórios de referência nacional que integram o CNPEM e atendem pesquisadores de todo o Brasil e do exterior nas áreas de Biociências, Nanotecnologia, Biorrenováveis, além de luz síncrotron. Também aproveitou a oportunidade para convocar a comunidade a participar ativamente das discussões que estão moldando o projeto do futuro laboratório de biossegurança nível 4.
“Estamos projetando um Laboratório de Nível de Biossegurança 4 integrado a estações de pesquisa do Sirius, o que deve possibilitar a realização de experimentos inéditos no mundo. É fundamental trabalharmos juntos com especialistas para discutirmos experimentos que podem mudar a rota da ciência nas áreas que estudam patógenos”, explicou Antonio José Roque da Silva, Diretor-Geral do CNPEM.
Pesquisadores do CNPEM expuseram critérios que foram usados na elaboração de diversos conceitos do projeto, desenvolvido com apoio de consultores internacionais. Também tiraram dúvidas e esclareceram objetivos e requisitos do Projeto, que ainda inclui espaço para considerações dos pesquisadores que trabalham com diversos tipos de experimentos em virologia.
No âmbito das discussões científicas, o Prof. Edison Durigon, da Universidade de São Paulo (USP), pioneiro na identificação do SARS-CoV-2 no Brasil, falou sobre os vírus de maior letalidade no planeta e ressaltou a importância dos Laboratórios de Nível de Biossegurança 4 para que o Brasil tenha condições de lidar com patógenos emergentes. "Não tenho dúvidas de que o Brasil precisa de um laboratório NB4 e considero que a infraestrutura já instalada no CNPEM seja excepcional, por isso sou otimista com as condições disponíveis para o desenvolvimento desse projeto”, disse o Prof. Durigon durante sua apresentação.
A Prof. Helena Lage, da Faculdade de Zootecnia e Engenharia de Alimentos da USP, chamou a atenção para os patógenos que já foram identificados em animais selvagens que passam pelo continente em suas rotas migratórias, bem como espécies de interesse econômico. "O Brasil tem uma importância mundial na produção animal e relevância enorme na segurança alimentar em escala global. Diversos vírus, com menor ou maior impacto econômico para a criação de animais terrestres e aquáticos, têm revelado um expressivo risco para a saúde humana".
As discussões técnicas e científicas continuam ao longo do processo de concepção do Laboratório Nacional de Máxima Contenção Biológica. Novos encontros estão previstos para dar sequência às conversas sobre os detalhes do projeto, possibilidades científicas, estratégias e instrumentos de formação de recursos humanos e fomento.